22 de dezembro de 2009

Pós Tudo

Na era do pós tudo
Tateio o espaço
Vazio
Onde ecoa o grito
Insisto

Sou nada!



E chega ao fim o ano e chega o fim o Ecos Dissonantes. Durou um ano e meio e agradecemos a quem teve paciência de ler as palavras aqui escritas.Foi uma grande experiência. Talvez voltemos um dia, talvez um outro lugar....Bom futuro para todo mundo...

Desisti de desistir, em fevereiro volto a publicar aqui...

17 de dezembro de 2009

Alta Fidelidade

É final de ano, é final de década, é tempo de listas. Polêmicas, injustas, porém na minha opinião necessárias, pois abre o debate e nos ajuda a entender e apreciar o estado atual da arte , neste caso a música.Obviamente lembramos que as listas obedecem a gostos pessoais, não tem nenhum critico profissional aqui, é pura curiosidade e preferência. É de certa forma uma lista emocional, quais foram os dez álbuns mais marcantes da nossa vida na década.

No fim segue duas listas interessantes a do sempre ótimo Scream & Yell e da famosa Rolling Stone.

Lista do Guilherme

1-A Rush of Blood to the Head(2002)- Coldplay
2-Kid A (2000)-Radiohead
3-Chaos and Creation in the Backyard(2005)-Paul McCartney
4-Is This It (2001)- The Strokes
5-Franz Ferdinand(2004)- Franz Ferdinand
6-Amnesiac(2001)- Radiohead
7-Ventura (2003)-Los Hermanos
8-Fischerman's Woman(2005)- Emiliana Torrini
9-X&Y(2005)- Coldplay
10- Hail to the Thief(2003)- Radiohead

Lista do Thiago

1- Kid A (2000)- Radiohead( o início da segunda revolução)
2- Hail to the Thief (2003)-Radiohead (Meu preferido)
3- In Rainbows–(2007)- Radiohead (Síntese da Segunda revolução)
4- Is This It(2001)- The Strokes (mostrou o caminho pro Rock 00)
5- The Greatest (2006) – Cat Power (Uma voz que me emociona o tempo todo)
6- Yoshimi Battles the Pink Robots(2002)- The Flaming Lips (Um Radiohead psicodelico
7- Volta (2007)- Bjork (Bjork é arte em estado puro)
8- Whatever People Say I Am, That's What I'm Not(2006) – Artic Monkeys (Rock classico e básico mas muito criativo)
9- Chaos and Creation in the Backyard (2005)-Paul McCartney ( É simplesmente Beatles , Paul na sua melhor forma.)
10- Franz Ferdinand (2004)- Franz Ferdinand (Rock´n Roll)

PS 1: Não coloquei o Amnesiac porque ele foi gravado junto com o Kid A, segue a mesma linha desse e seria covardia quatro do Radiohead.
PS 2: Eu comentei o meu porque sou um babaca orgulhoso que gosta de tudo explicado
PS 3: Nigel Godrich é o novo George Martin

Os melhores do Scream& Yell

Os melhores da Rolling Stone

11 de dezembro de 2009

Patrick Daugthers

Meses atrás estava vendo a MTV, passava uma seqüência de clipes da Canadense Feist, a primeira música era I Feel It All que no começo me chamou a atenção por ser um plagio descarado de He War da maravilhosa Cat Power. Logo após começou o clipe de sua música de sucesso “1234”. Surpreendeu-me o clipe por também possuir algo de conhecido. Ele era todo filmado em plano seqüência com um grupo de dançarinos realizando engenhosas coreografias. Guardei o nome do diretor que aparecia nos créditos: Patrick Daughters. Para terminar a seqüência entra My Moon My Man. Gravado também todo em um plano seqüência mostrava Feist realizando uma dança coreografada sobre uma esteira em um aeroporto. Novamente o diretor era Patrick Daughters e me parecia que seu mestre era Michel Gondry

Francês, diretor do já clássico Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, Gondry também é conhecido pelos videoclipes . Na minha nada neutra opinião ele é o maior diretor de videoclipes de todos os tempos. Ganhou fama após dirigir vários dos os videoclipes da fantástica Bjork, dirigiu também Radiohead, Chemical Brothers,Beck,chegou ao seu auge com Like A Rolling Stone na versão dos Rolling Stones e em Fell in Love with a Girl do White Stripes.Suas marcas registradas são os grandes planos seqüências, e os efeitos especiais que juntam alta tecnologia com uma suprema criatividade artesanal. Muitos dos efeitos que Gondry realizava eram grandes ilusões de óticas, coisa de mágico que fica bem claro no filme Rebobine Por Favor.

Mas voltando Patrick Daughters fica claro que ele foi tremendamente influenciado por Gondry, por todo artesanato criativo do artista francês. Após uma pesquisa vejo que Daughters também já se tornou um queridinho do Indie Rock, realizou parcerias com Mika, Death Cab for Cutie,Interpol, Snow Patrol e principalmente com o Yeah Yeah Yes. Mas o que me fez escrever esse post, foi ter visto um de seus clipes mais recentes, o da música Wrong do Depeche Mode. Uma obra sem dúvida nenhuma marcante, que mostra que Patrick Daughters tem estilo e tem futuro. Fiquemos de olho nele.

Abaixo tem o link do clipe Wrong no youtube, e se você não conhece o Michel Gondy corra que vale a pena!

Wrong


5 de dezembro de 2009

SOCO NO ESTÔMAGO


O ESTRANGEIRO

- A quem mais amas tu, homem enigmático, dize: teu pai, tua mãe ou teu irmão?
- Eu não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.
- Teus amigos?
- Você se serve de uma palavra cujo sentido me é , até hoje, desconhecido.
- Tua pátria
- Ignoro em qual latitude ela esteja situada.
- A beleza?
- Eu a amaria de bom grado, deusa e imortal.
- O ouro?
- Eu o detesto como vocês detestam Deus.
- Quem é você então que tu amas, extraordinário estrangeiro?
- Eu amo as nuvens...as nuvens que passam lá longe...as maravilhosas nuvens!

( Charles Baudelaire)

30 de novembro de 2009

NADA SE CRIA , TUDO SE COPIA

Um amigo me enviou um vídeo com a seguinte legenda: “É impressionante a falta de criatividade do rock nacional”. Não resta muito a acrescentar, só assinalar que o Paralamas do Sucesso regravou esse música no álbum Nove Luas e a versão original(Soda Stereo) remonta do início dos anos 90




28 de novembro de 2009

Adeus Rock in Rio

Os produtores alegam que vários fatores inviabilizam grandes atrações no Rio de Janeiro. Uso excessivo de meia entrada, falta de local adequado para shows e principalmente falta de público. No meu entender são reclamações razoáveis mas contornáveis. A decadência cultural do Rio é evidente, deixamos de ser a capital política e agora estamos deixando de ser a capital cultural . Os grandes shows outrora caracteristicos da cidade, se concentram agora em São Paulo. Ontem o AC/DC fez pelos relatos dos fãs e da crítica um show antológico. Nós não veremos esse show. E não veremos outros também. O Rio de Janeiro não é mais rota obrigatória no Brasil . Uma tragédia a meu ver. Fiquemos então com as micaretas, os bailes funk e shows medíocres nas igualmente medíocres casas de shows. Adeus rock in rio!!!

Aliás e a propósito o jornalista Vladimir Cunha escreveu um belo texto sobre a decadência do Rock de forma geral. Aqui

14 de novembro de 2009

Casa da Mãe Joana

Nóticia publicada pelo jornalista Fernando Molica no Jornal O DIA dia 12 de novembro.


Informe do DIA: O custo da Câmara

POR FERNANDO MOLICA, RIO DE JANEIRO

Rio - Estudo feito pela Coppe/UFRJ revelou que a Câmara Municipal do Rio gasta muito dinheiro com pessoal e serviços, é pouco transparente e tem excesso de funcionários. O trabalho foi encomendado pela Mesa Diretora.

Em 2009, as despesas com pessoal (salários e benefícios) vão consumir quase R$ 278 milhões, 86,82% do orçamento da Casa. O número de funcionários efetivos (1.022) é 2,6 vezes maior que o da Câmara de São Paulo (381). A Coppe sugere revisão nos custos de benefícios como tíquete- alimentação.

Gente demais

Segundo o estudo, vereadores do Rio têm mais cargos em seus gabinetes do que os paulistas: 35 contra 18. Revela também que 260 funcionários poderiam se aposentar, mas ficam na ativa para não perder benefícios. A Coppe sugere incentivar as aposentadorias.

9 de novembro de 2009

Camisa Branca

Sob uma camisa branca cem por cento algodão,
A pele arde, transpira,
Vitima de um calor irracional.

O relógio da Central marca meio dia.
Segue-se a rotina
O ônibus,
O calor
O caos.

29 de outubro de 2009

Tarde Noite

Acordou em meio a uma tarde noite. Desnorteado, sentou-se na cama esfregando as mãos contra o rosto, buscando afastar o sono que restava em seus olhos. Levantou-se trôpego, seus pés ainda dormiam, formigavam enquanto caminhava em direção a única luz acesa. Era uma pequena luz de santa, uma luz azul, que iluminava a varanda perto da sala de estar. Todo o resto da casa permanecia em uma espécie de penumbra, um lusco fusco crepuscular típico do outono. Não era tarde nem noite.

Incomodou-se com aquele alaranjado de fim de tarde. Odiava os fins de tarde. Nesta hora do dia lhe invadiam os pensamentos mais profundos.Era nesta hora do dia, que tomado pela melancolia, sentia o passar das horas, o passar dos dias. Sentou-se no sofá ainda atordoado, pôs mãos sobre a cabeça, tentando achar alguma explicação para a situação em que se encontrava.

Incomodou-se com silêncio daquele fim de tarde.Odiava aquela calmaria. O silêncio produzia o pior dos ruídos.Na ausência de vozes, estava condenado a ouvir sua própria voz. Temia sua própria voz, temia a voz afônica que ressoava em seus pensamentos.

O vento promovia o balé das cortinas, anunciando uma tempestade no horizonte. Ele sorriu, sempre gostou das tempestades. Do caos que prometia um céu repentinamente tomado por nuvens carregadas de angústia e dor.

Era inexplicável o silêncio que tomava o ambiente. Estava a um passo da rua e só ouvia o reclamar dos trovões. Para onde será que todos foram? Mais uma vez, incomodou-se com o crepúsculo, mas não tencionava ligar a luz. Ainda permanecia desnorteado, tentava saber o que se passava?

Parecia fora do tempo, via tudo com outros olhos. Estaria realmente acordado? Parecia suspenso, numa espécie de anticlímax. A letargia permanecia em seu corpo, sim estava acordado e seus olhos encaravam fixamente a parede branca da sala de estar.

Um grande ruído e seus ouvidos agora captavam passos vindos do inicio da rua. As gotas caiam no telhado batendo palmas, o vapor emergia da superfície junto com o cheiro de terra molhada. Uma criança corria da chuva que desabava. Um mar de lágrimas limpava o asfalto por onde passam os carros. Um par de lágrimas escorreu pelo seu rosto pálido.

Ele lembrou das tardes da época do colégio. Das tardes em que sempre dormia fora de hora. Tardes em que submergia sobre sonhos de potência. Dormia para sonhar, pois enquanto dormia não existia.Lembrou que dormia porque nada era.Lembrou-se porque voltara a dormir fora de hora. Ele o nada em nada mudara.

27 de outubro de 2009

Tempos de Mudança

Muitas vezes é necessário mudar para poder continuar. Os leitores assíduos deste blog (existem?) talvez tenham notado que as postagens estão cada vez mais raras. Posso lhes afiançar que não é por falta de assunto. Talvez nem falta de inspiração, pois lhes garanto que o exercício de critica é praticado diariamente por esses dois saqueadores de vento que lhes escrevem. Falta é saco! Isso mesmo.Nos últimos tempos, fomos tomados por uma espécie de fastio, enjôo, tédio, com toda a situação instaurada no mundo a nossa volta. Nos parece que apesar das mudanças cada vez mais radicais que transformam velhas estruturas sociais em matérias de livros de história, que apesar da constante revolução que a vida pós-moderna, hipermoderna e futuramente quem sabe trans humana nos impele a cada momento, estamos tomados por uma pasmaceira, uma carga absoluta de lodo que insiste em retornar não importando quantas vezes o retiremos.

Essa incapacidade, ou melhor, essa falta de paciência com a realidade construída me empurrou para o mundo da ficção. Eu (Thiago) nos últimos tempos tenho me dedicado muito mais ao campo da literatura do que dos jornais ou livros sociológicos. Portanto fica muito difícil pensar em um tema e sintetiza-lo em um texto critico, como vinha fazendo nesses 14 meses de Ecos Dissonantes.

Buscando dar vazão e ao mesmo tempo buscando motivação para escrever e me dedicar a ficção, pensei em criar um novo blog , porém após algumas conversas meu amigo e co-autor deste blog, percebi que já tem blog demais no mundo, informação demais circulando nesta hiper-realidade que domina nossas vidas. Então decidi que postaria meus textos “literários”, aqui mesmo, no Ecos Dissonantes, esperando que tenha a mesma aceitação que os outros, que tenha comentários e críticas, pois de certa forma a prática da dissonância também passa ficção.

Então simplificando, agora sempre que eu postar algum texto meu, ficcional, ele será “assinado”, constará um postado por Thiago Penna. Eles terão apenas três marcadores, literatura, prosa e poesia., A principio o Guilherme continuará postando como Saqueador de Vento, eu mesmo com certeza continuarei, vez por outra postando sobre outros assuntos também com esse pseudônimo, mantendo nossa brincadeira de não assinar o texto. Espero que vocês gostem. Para inaugurar essa nova fase , nada melhor do que um video maravilhoso e perturbador de um dos meus maiores ídolos.

Mestre Fernando Sabino


20 de outubro de 2009

Dicas (2)

Nas dicas que dei no post anterior esqueci do principal. Scream & Yell é um dos melhores sites sobre cultura pop na internet. Editado pelo excelente jornalista Marcelo Costa ele não cansa se me surpreender em seus textos. Segue ai um aperitivo. A crítica do último lançamento da cantora baiana Pitty.

“Chiaroscuro”, Pitty (Deck Disc)
Em seu terceiro álbum de estúdio, a rainha dos emos e emas tenta corajosamente escapar do arquétipo de rock burro que marcou seus discos anteriores, e não consegue. “Chiaroscuro” é um placebo de rock. Há peso no som, mas não há perigo. As guitarras tentam ser sujas, mas ficam ruminando como vacas no pasto dois dedos abaixo da voz limpa que brada mensagens de auto-ajuda (”Não espere, levante”), pés na bunda e crises adolescentes. Se alguma dupla sertaneja aparecer cantando “Me Adora”, não estranhe.
Nota: 3

14 de outubro de 2009

Dicas

Algumas dicas para navegar neste ciberespaço


Cronópios , ótimo site de cultura com artigos sobre variados temas.

um ótimo blog, com uma idéia genial, realiza o que nós por vezes fazemos aqui que é falar mal da classemérdia brasileira

Classe média way of life

O blog super badalado da Ivana Arruda Leite, uma das escritoras de destaque da literatura brasileira contemporânea

Doidivana

Os últimos lançamentos, críticas e fofocas literárias. Já virou celebridade em Portugal. Todos tentam descobrir sua verdadeira identidade.

Senhor Palomar

E se você estiver de saco cheio de ler e ler, de um tempo na leitura neste lindo blog que retrata quadros e fotos, inclusive de escritores famosos fazendo sabe o que? Lendo

O silêncio dos livros

5 de outubro de 2009

VMB 09 - Um Show de Horrores e a morte da Diversidade

Motivado pelo ótimo e fértil debate suscitado na última postagem a respeito do cenário musical contemporâneo, resolvi escrever sobre o show de horrores apresentado pela eme te vê na apresentação de seu prêmio anual.

Disseram que foi uma premiação democrática, pois atenderam a todos os estilos musicais, passando até pelo melhor twitter, vencido pelo "formador de opinião" Marcos Mion, que não se conteve e caiu em lágrimas!

O que percebi, pelo contrário, foi uma enorme homogenização.
A música popular brasileira é na minha opinião a segunda mais importante do século XX, porém, muitos sustentam que é a maior. Primeiro ou segundo lugar, o importante é que sua marca sempre foi a criatividade, o improviso, o estilo livre e a diversidade.

Se os americanos tiveram Gershwin, nós tivemos Villa-Lobos, se eles inventaram o jazz, o blues e o rock n roll, nós inventamos o samba, o choro, o baião, a bossa nova, a tropicália o mangue beach. Cartola, Noel, Jacob do Bandolin, Pixinguinha, Tom, Vinícius, Chico, Caetano, Gil, Mutantes, Raul, Chico Science,etc...

O que tantos artistas tinham em comum? Tinham em comum a diferença. Inventividade, criatividade, fazer a arte girar e evoluir, apresentar a diversidade cultural e a sofisticação de uma sociedade pluri-étnica numa explosão de estilos refinados.

Predominava um forte apelo ao particular para poder se tornar universal. A boa e velha dialética. Ser particular para ser universal.
A literatura nos ensinou. Joyce é universal por ser particular, por falar da sua cidade, Dublin. Dostoiveski idem. Só estando na arcaica Russia, poderia-se escrever "Humilhados e Ofendidos". E os exemplos são infinitos. Machado de Assis, o cronista de seu país e de seu tempo.
Na Música idem. Em 1972 Caetano lança um album seminal. "Transa". Suas faixas misturam um inglês subvertido pela musicalidade e cadência elíptica do português e um português bem característico e embalado por uma poesia com forte apelo a emoção e a memória de um povo. " Eu vim lá da Bahia (...) meu pai dormia em cama e minha mãe no pisador", ou seja o particular e o universal. A musica americana e Santo Amaro.

Hoje, vendo o VMB, sinto-me entristecido por ter uma cultura tão rica e diversa transformada numa mesmice ao sabor da indústria do entretenimento. O que adianta varias premiações para varios estilos se no fundo tudo é uma porcaria?! Uma banda dos sonhos que toca em inglês!! Todos iguais, nos discursos, na vestimenta, na atitude.

Todos os nossos gênios sabiam de onde vinham. Sabiam do seu particular. E por isso tornaram-se universais. Compartilhavam uma memória sobre um povo. Nós, filhos de uma geração perdida, não sabemos de onde viemos e nem sabemos para onde vamos. NÃO SOMOS PARTICULARES E NEM SOMOS UNIVERSAIS. Vivemos na contingência, onde tudo não passa de uma grande bufonaria! Fazemos infinitas variações sobre o nada. Não inovamos. Repetimos.

Dedico esse texto a Mercedes Sosa, que cantou como ninguém o folclore de seu povo e denunciou a opressão das ditaduras na América do Sul. Uma particular que morreu sabendo quem era, ou seja, uma universal.

Mercedes Sosa - 9/07/1935 - + 4/10/2009 +


28 de setembro de 2009

O BOM E NUNCA VELHO ROCK´N ROLL

Resolvi finalmente aceitar o convite do amigo. Show da Cachorro Grande no Circo Voador. Vambora, afinal é rock´n roll?O vocalista não canta nada, tem mania de fazer distorção vocal e grunhidos escrotos? E daí? Afinal é rock´n roll!! Não é micareta, não é pop super produzido e manipulado muito menos aquela música da qual não podemos criticar porque não é música e sim “movimento cultural legitimo das comunidades”.

Digo uma coisa, se você for não vai se arrepender. Apesar do Circo ter se aburguesado (Ter que beber chope já é complicado e a R$ 4,50 fica demais, afinal o Circo Voador fica no Rio ou em São Paulo?), ainda é um ótimo lugar para esse tipo de show. Uma banda com grande pegada, ótima técnica e muita presença de palco.Até o vocalista fica melhor ao vivo Uma hora e meia de boa música, bom rock, com o guitarrista Marcelo Gross mostrando como se empunha uma guitarra. Ele é sem duvida a alma da banda, por varias vezes toma o front no palco para realizar solos corretos, sem grandes frescuras. Quando Gross toca a intro de Get Back , o público vai ao delírio, estão todos“bem loucos”. Tinha roda, tentativa de invasão de palco, tudo como manda o script. Os momentos de destaque ficam a meu ver por conta das músicas "Dia perfeito" talvez a melhor do repertório e “Deixa Fudê” cantada pelo baixista, uma porrada clássica, garageira, que bota todo mundo pra pular. Não posso também deixar de registrar o bis com a deliciosa "sexperienced" e a bota tudo abaixo "Você nao sabe o que perdeu".

Os chatos de plantão vão dizer que os caras são modinha, que copiam o estilo dos anos 60, que suas musicas são ingênuas, que plagiam Oasis, Beatles, Who, Rolling Stones e Led Zeppelin. Pois sim, é fácil decifrar suas influências e inspirações, o ouvido mais atento perceberá as diversas “homenagens” a essas bandas. Mas porra, que se dane, vejam as bandas que eu listei, se é pra copiar, porque não as melhores? Tocar Brit Rock em português não é fácil, eu diria até impossível, mas a Cachorro Grande tem todos os méritos por tentar, por vezes acertam em cheio.Realizam o que prometem, musica, diversão,festa e álcool muito álcool na cabeça. Mantêm o espirito do bom e velho rock ´n roll vivo. E como tem feito falta este tipo de banda aqui no balneário de São Sebastião.


Cheers







26 de setembro de 2009

Roupagem Nova Para Velhos Problemas

A crônica do Jabor sobre mais um golpe de estado na América Latina, dessa vez na pobre e pequena Honduras.

Jabor é um cínico que tenta polemizar. Os mais inteligentes sabem disso, porém, muitas pessoas o levam a sério. Eu não!

Na idade média existiam figuras caricaturadas chamadas "bobos da corte", hoje Jabor representa o que podemos chamar de o "bobo da corte pós-moderno", ou quem sabe, "O bobo da mídia". É pago para tentar polemizar usando clichês e estereótipos.

Em sua última crônica, no "Jornal da Globo" apresentado pelo direitista do William Wack, Jabor disse que existem golpes de estado com perfis totalitários mas que servem para defender regimes democráticos, agora ameaçados por outros regimes autoritários que crescem perigosamente na América Latina, utilizando-se da democracia para suspende-la através do continuismo via reeleições.


Jabor é um cínico pós-moderno, que lembra muito um político holandês, candidato por um partido ultra nacionalista de direita que disse ser um defensor da liberdade e que a holanda era um país historicamente liberal. Porém, um perigo ameaçava esse histórico de liberdade que eram os imigrantes muçulmanos, que possuíam uma cultura autoritária e que por isso era preciso expulsá-los. Isso tem um nome: cinismo.

Não é isso que temos na coluna do bobo da corte pós moderno, uma tentativa de modificar conceitos não passíveis de serem modificados?

Só para lembrar: a dama ferro, rainha do neoliberalismo ficou 17 anos no poder na Inglaterra. Uribe também quer se reeleger, Bush se reelegeu e a Rede Globo apoiou uma ditadura que durou 20 anos por aqui.

É claro que não se trata disso que Jabour falou! A história é a mesma e velha lenga-lenga latino americana: golpe de estado arquitetado pela direita conservadora, aliada aos grandes proprietários, os ricos, a igreja e o exército contra qualquer governo que tente uma política alternativa aos interesses das camadas mais altas da sociedade.

Foi assim no Brasil, na Argentina, no Chile, no Uruguai, recentemente na Venezuela uma tentativa frustrada e agora em Honduras. Basta ver que o presidente golpista nem cara de hondurenho tem.

Enfim, o desespero tomou conta da direita. Por quê? É obvio que depois de décadas de exploração desenfreada, de regimes ditatoriais e neoliberais, foram criados bolsões de misérias, moribundos famintos e carentes, pontos de fuga que precisam e querem muito assistencialismo. Chamem do que quiser, populismo, caudilhismo, novo socialismo. O que interessa é que, citando o velho lobo Zagallo: Eles vão ter que engolir! Gostem ou não!

24 de setembro de 2009

Rapidinhas

A camara dos deputados promulgou nesta semana a chamada PEC dos Vereadores em sessão conjunta do Congresso Nacional.A Emenda Constitucional 58 amplia em quase 8 mil o número de vagas de vereadores. Que beleza!!!! Pena que nem todas as profissões podem dar uma ajudinha dessas para suas categorias.

Então finalmente o Brasil vai entrar em guerra? Mas porra, logo com Honduras? Quem vai na linha de frente o PCC ou o CV? Poderiamos também mandar a young flu também pra fazer uma batalha justa. Afinal bater em bêbado é sacanagem. Uma guerra desproporcional não pegaria bem para o Brasil

E não é que o Lula tava certo! O Brasil surfou a onda que abalou o mundo econômico. Pegamos o tubo e saimos do outro lado inteiros. E agora José?

Pra que serve a ONU afinal?

sobre a "crise de Honduras" eis um ótimo artigo aqui

13 de setembro de 2009

Ressaca

"Gostaria de escrever algo como 'as grandes cabeças da minha geração', mas essa é toda uma linhagem de chatos queixosos. Encaro seus olhos e só vejo o reflexo do vazio em cada um de nós, entre óculos de aro grosso, orelhas amassadas ,sob cabelos pintados de loiro, em diários na rede, programas de auditório e sessões sofisticadas de cinema, é tudo a mesma coisa, só a repetições de padrões regurgitados e atitudes velhacas, como se nada mais houvesse ou fosse possivel fora desse nostalgia vazia" ( João Paulo Cuenca- Corpo Presente)

30 de agosto de 2009

COS BABY AFTER ALL , YOU`LL NEVER FORGET MY NAME

John Lennon uma vez disse que “o sonho acabou”. É nesta nesta geração que foi impedida de sonhar, abandonada sobre a tediosa realidade, (Times are hard / When the thing are you got no meaning) que surge o Oasis.

O Nirvana já tinha cantado e decantado a profunda chatice e falta de sentido da vida.Mas faltava alguém que nos dissesse OK, se a vida é uma merda vamos curtir. Vamos esperar uma manhã gloriosa e buscar um estilo de vida digno de ser vivido. Vamos buscar um pouco de ação! Nem que seja somente para encontrar cigarros e álcool.

O Oasis foi tudo isso, vindo da periferia de Manchester denunciou o vazio e a falsidade da vida contemporânea. Talvez sem a ilustração e ironia de seus brilhantes rivais do Blur, mas com sinceridade e alma de um verdadeiro fodido.Esta tudo lá em suas letras, as dificuldades de uma vida dura, a falta de perspectiva, a incapacidade de nomear a própria incapacidade, a própria escrotidão.Estão lá os grandes planos e os grandes assuntos.De memória eu diria que soul e away são as palavras que mais se repetem nas letras do Oasis. O desejo de serem genuínos, únicos, de serem importantes.Seus sonhos eram sair da cama, sair de casa, de Manchester e conquistar o mundo. Serem astros do rock. Conseguiram de forma brilhante.

Seus três primeiros álbuns são obras primas do rock. Definitely Maybe talvez seja o maior álbum de estréia de todos os tempos e Be Here Now como lembra um amigo talvez seja o álbum mais drogado e com o volume mais alto da historia do rock.

Muitos vão lembrar do verso de Don´t look back in anger, onde Noel alertava sobre por nossas vidas nas mãos de uma banda de rock que irá pôr tudo a perder. Não creio que essa frase seja adequada para o possível fim do Oasis. Altos e baixos todas as bandas têm, eles não estavam mais no auge, mas ainda mandavam bem como mostraram no ultimo álbum.

Nós perdemos uma banda, mas a historia do rock ganhou mais um mito imortal.


Cenas de um futuro não muito distante.

Você esta afundado em sua poltrona na sala, lendo as velhas notícias de sempre. Ouve passos descendo a escada. È seu filho com um cabelo metade lilás, metade rosa, vestindo uma camisa colada e uma calça xadrez.

- Que cabelo é esse meu filho, aonde você vai?

- Ta na moda papai, é tecnoemopóspunk.

- Eu vou lá na casa do Matheus, e depois iremos comer comida mexicana e assistiremos ao desfile de cosplay lá no clube.

Atônito você novamente sentará em sua velha poltrona enquanto seu filho sai pela porta.

- Maldita MTV, educação liberal é o caralho, esse garoto tá perdido.Pelo menos não virou flamenguista.

Um mês depois

Você novamente está sentado em sua poltrona quando desce seu filho. Ele veste uma camisa de aparência antiga, bermudas e tênis.

- Que camisa é essa meu filho? Você pergunta assustado com a foto estampada na camisa.

- É de uma banda antiga papai, que eu descobri na internet. Os caras eram fodas, do caralho. Eu vi um vídeo em que nos shows deles todos ficavam em pé, pulando, se abraçando e cantando junto.Eles se chamam Oasis. Você foi a shows desse tipo papai?

- Olha esse linguajar menino! Grita mãe do garoto

Você incrédulo, irá ao encontro dele, reconhecerá a foto em sua camisa. Seus olhos se encherão de lágrimas, sua alma estará lavada.

- Você está bem papai? Por que está chorando? Aconteceu algo?

- Nada não meu filho, aonde você vai arrumado assim?

- Vou encontrar meus amigos, descobrimos um bar que ainda tocas essas coisas, vou lá bater papo e tomar umas cervejas.

- Vai meu filho, vai lá....Faça valer a pena, MAD FER IT

- Mad o que papai? O que é isso?

- Você vai descobrir meu filho, vai, curta com seus amigos.

- Tchau papai

Seu coração bate forte, e você pegará seu velho cd e colocará em seu velho Player. Ligará seu comunicador e fará um teleconferência com seus velhos parceiros. Ao ouvir o som ambiente os três imediatamente irão sorrir.

- Qual a boa?

- Soube de um bar novo, topam?

- Bora. Toca o que lá?

- Rock

- OASISSSSS.....gritam os três ao mesmo tempo.

- Encontro vocês no lugar de sempre, tenho ótimas noticias.

- Valeu então

E você irá ao encontro deles, para fazer o de sempre, curtir e valorizar cada minuto da amizade deles, relembrando os bons momentos, os antológicos shows, de uma época onde se assistiam aos shows em pé.

CHEERS


Dedico este texto a todos os grandes amigos que estavam lá no "último" show do Oasis no Rio

26 de agosto de 2009

ESTADO NACIONAL DE DIREITO OU FASCISMO DE ESTADO?

A maldita defesa da propriedade privada, não pode desgraçar ainda mais os desgraçados, não pode despejar com a ajuda da tropa de choque 800 familias na rua, sem assistência e abrigo. Ontem em São Paulo fez 14º graus, e muitas familias dormiram nas ruas. Este é o início do ciclo da violência que se fechará quando você for assaltado e morto por um jovem daqui a cinco anos.


Nesta segunda (24), terreno foi desocupado na Zona Sul de SP.
Cerca de 800 famílias perderam suas casas e houve confronto.

Do G1, em São Paulo

Na noite desta segunda-feira (24), horas depois de um confronto com a polícia no Parque Engenho Velho, região do Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, o cenário para a desempregada Lindinalva Santos Silva, de 34 anos, era um só: escombros, móveis na rua e uma barraca de lona onde ela iria passar a noite. Um terreno do local foi desapropriado e cerca de 800 famílias perderam suas casas.

Lindinalva foi uma delas. “Estou com frio, com fome e vou dormir na rua. Não tenho aonde ir”, disse a mulher, que veio da Bahia em busca de trabalho e ergueu um barraco na região há dois anos. Após a ação de reintegração de posse, a pequena moradia foi derrubada.

“Consegui tirar a geladeira, o fogão, roupas e a TV. O resto ficou”. Apesar de se dizer “triste” com o episódio, ela garantiu que não pretende partir. “Vou ficar em São Paulo e erguer um barraco de novo”.

Por volta de 18h30, chovia e a polícia começava a deixar o bairro. A Tropa de Choque, que entrou em confronto com os moradores que resistiam em deixar o terreno ocupado, foi a primeira a sair. De acordo com o capitão Mauro César Domingos , do 37º batalhão, uma equipe de pelo menos 50 policiais militares ficaria no local até terça-feira (25) para “garantir a ordem”.

Lindinalva e outras cerca de 100 pessoas passariam a noite em um acampamento improvisado na calçada em frente ao terreno que foi desapropriado e virou um amontoado de entulho. A faxineira Flaudízia dos Santos, 41, segurava o colchão que usaria para dormir e estava molhado por causa da chuva.


“Se tivéssemos lugar melhor para viver não estaríamos aqui”, contou a mulher, que disse ter quatro filhos. “Eles vão dormir comigo. Aqui é ruim, mas vamos prevalecer (sic)”, afirmou ela, indicando que não pretende deixar o local onde mora há dois anos. Entre as “coisas melhores” que Flauzídia disse ter salvo antes que o barraco fosse demolido estão duas camas, um guarda-roupa e o colchão.

A faxineira Andréia de Jesus dos Santos afirmou que não tinha nem isso. "Minha casa agora é aqui, o que me sobrou foi isso, um colchão e uma caneca", disse ela, que tem três filhos e também dormiria na calçada.

Para a empregada doméstica Zolanda Gomes Reis, de 52 anos, o teto de lona também seria a alternativa que sobrou. “Não deu tempo de nada. Levaram tudo. A única opção é ficar aqui”. Segundo ela, os dois netos e o filho passariam a noite na casa de uma amiga.


Mais Aqui



23 de agosto de 2009

ENTER- ANTOLOGIA DIGITAL

Há alguns dias atrás entrou no ar uma antologia organizada pela grande Heloisa Buarque de Hollanda, que proporciona um panorama bem interessante da literatura brasileira contemporânea. É para ler, ver e ouvir.

ENTER

18 de agosto de 2009

UM EX PRESIDENTE EM UM SONHO DE UMA NOITE DE VERÂO

Já que a política Brasileira sempre nos proporciona retornos triunfais como acompanhamos nas últimas semanas, resolvi relembrar uma entrevista maravilhosa realizada pela competente e impassível (como ela não riu?) Sônia Bridi com o ex presidente Fernando Collor em 1997. Divirtam-se e reflitam sobre esta patuscada.

13 de agosto de 2009

RIP - JOHN HUGHES

No último dia 6 de agosto morreu John Hughes. Se você nunca ouviu falar desse cara é porquê você deve ter menos de 20 anos e não teve o costume de assistir cinema em casa ou a sessão da tarde. Ele foi um diretor e roterista que elevou o filme sobre adolescentes a categoria de gênero. Alcançou sucesso com O Clube dos Cinco ( The Breakfast Club ,1985) mas seu maior sucesso é Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller's Day Off ,1986) todo mundo queria ser Ferris Bueller!Como roteirista ele também foi o responsável pelo clássico A Garota de Rosa Shocking (Pretty in Pink, 1986), responsável por meu encanto pelas ruivas até hoje. Descanse em paz John Hughes. Muito Obrigado por entreter nossas tardes tediosas.






5 de agosto de 2009

Dois contos de réis

Dois inícios de contos ainda em gestação na mente perversa de um jovem maldito...

"Acordou em meio a uma tarde noite. Desnorteado, sentou-se na cama esfregando as mãos contra o rosto, buscando afastar o sono que restava em seus olhos. Levantou-se trôpego, seus pés ainda dormiam, formigavam enquanto caminhava em direção a única luz acesa. Era uma pequena luz de santa, azul, que iluminava a varanda perto da sala de estar. Todo o resto da casa permanecia em uma espécie de penumbra, um lusco fusco crepuscular típico do outono. Não era tarde nem noite."



"Finalmente estou onde sempre quis estar. São nove horas da manhã e Paris se materializa a minha frente. Sinto um pequeno frio na barriga, aquele típico nervoso de primeiro encontro. Sinto sede, faz um leve calor. É esquisito, pois não me sinto estranho. Aqui não me sinto estrangeiro, como se de alguma forma já tivesse flanado por estas ruas."

26 de julho de 2009

Privatização Já !!!!


Nós, do ecos dissonantes, atráves deste humilde blog, aderimos (só neste caso viu) a campanha a favor das privatizações liderada pelos idiotas neoliberais . E que se inicie com a empresa pública mais deficitária, corrupta, ineficiente e escrota desta terra amaldiçoada que é Pindorama. Que se privatize a familia Sarney urgentemente.


22 de julho de 2009

Vossa excelência é um...Splash!Puf!!PQP+Fdp!&POW*#

Como seria bom, depois de um dia de trabalho, chegar em casa e ao saber de toda a sacanagem que rola no Congresso Nacional, saber que tem alguém que se importa com isso.Que tem brios, que pulsa algum sangue naquela casa.Não seria bacana se fosse como na Coréia do Sul? Essa zona ocorreu porque o governo queria aprovar uma lei que permitia que empresas de midia impressa tivessem livre acesso ao midia televisiva. Aliás conheço um país onde isso acontece. Não dá muito certo não.

Let´s get ready to rumble!!!!!!!!!!!!


15 de julho de 2009

GABO & CAIO

Essa dica é para quem gosta de literatura escrita a ferro e fogo. Com a porra da angústia corroendo os orgãos.

Olhos de cão azul

O dia em que Júpiter encontrou Saturno



degustem...

28 de junho de 2009

Notícias de uma Roqueira Exilada

MEU ROCKN´ROLL , SEU FORROBODÓ?

A muito fui convidada para escrever no blog e ao aceitar escrever esse artigo, não fazia idéia de como transcorrer o que foi me pedido. Optei por testemunhar!

Transmitir à vocês o dia-a-dia de uma pessoa que está a 11 anos no Ceará. Apreciadora da boa música seja ela pra ouvir ou pra dançar, que recebe todos os finais de semana convite para uma “nova casa de forró”, alguém que até dança forró (modéstia a parte, muito bem), mas que se mantém distante da alienação que tal grupo social se permite. Para alguns é no mínimo curioso como um “roqueiro” sobreviveria às 24h de forró, nas rádios, bares, festas, locais públicos (com os famosos paredões de som), praias, comemorações, enfim, 24h em todos os lugares, chegando quase a um status de “ritmo onipresente”.

Mas posso descrever facilmente como os tais seres são e como estão distantes do conhecimento além do som das sanfonas, no som que o forró se transformou hoje. Infelizmente entrarei no quesito “rótulo”, forrozeiros e roqueiros. Não me importa se todo forrozeiro é: chicleteiro, pagodeiro ou se acha meio “roqueiro”, só por ouvir um som como Pink Floyd com The Wall, ou achar, que os Beatles foram sucesso porque eram os bonitinhos da época. Nem sequer imaginam tudo que foi deixado por eles e muitos outros como herança no cenário internacional do que diz respeito à música e atitudes. Demograficamente: no show de rock há mais homens que mulheres. No show de forró há mais mulheres que homens.

O que diferencia é: os homens que foram ao show de rock, não estão lá, necessariamente, para encontrar as mulheres que lá estavam. Há no mundo de quem vai um show de rock uma filosofia de “apreciar a música, a banda”. Isso não aconteceria e não acontece muito no show de forró. Os homens que estão nesses shows de forró, maioria declarada, ou seria, descarada? Vão “arranjar” as mulheres que lá estão.

O resultado disso não cabe aqui, então, vou pular essa parte. A cena do rock em Fortaleza, aquela que sobreviveu e vive até hoje nas grandes capitais como Rio de Janeiro e Sampa, não existe. Temos um grande Centro de Cultura chamado “Dragão do Mar", com vários bares e boates onde a quantidade de gringos, prostitutas e travestis, nos faz de desistir de encontrar o bom e velho rock’n roll. Beatles, Doors, Dylan, Smiths, são encontrado nas estampas de blusas de fashionistas que pegam na banca de camisetas aquela que a seu ver é a mais descolada.

Os bares de antigamente preservavam essa cultura do rock, mas não conseguiram resistir à força maior da “terra do forró”. Recentemente tivemos apresentações internacionais, como Offspring e Nightwish. Seria o começo de uma nova era? São diversas as tribos, temos forrozeiros, pagodeiros, micareteiros, regueiros, sem querer ater-me a rótulos, todos se encontram em show populares. Em uma de minhas experimentações de convivência com essas tribos ocorreu algo no mínimo inusitado. Ao chegar a uma apresentação de Bruno Gouveia e sua trupe, estava ao palco uma banda da cena alternativa do estado, a tocar algo que não interagia em nada com aquele público. Foi quando ao ouvir o primeiro verso da música, comecei a entoá-la. Passado algum tempo percebi algumas daquelas pessoas olhando para mim, com um ar de “o que essa louca vê nisso?”, “essa maluca conhece a música?”, fato vivenciado ao som de Time Running Out – Muse.

Certa vez ao falar com amigos sobre a turnê de Iron Maden no Brasil, comentei como era bacana ver o Iron se apresentar no nordeste, me referindo ao show de Recife. Uma conhecida interrompeu a conversa e disse: “Não tem nada a ver Iron Maiden em Recife – risos. Se fosse um show no Rio ou em São Paulo, tudo bem, mas no Recife? Nada a ver”.

Para mim tal comentário não foi surpresa, mal sabe ela que no Recife a cena alternativa é muito mais diversificada do que no Ceará. Muitos aqui pensam que ir ao show de Jota Quest é ser roqueiro. Saberiam eles quem é Bob Dylan e suas canções de protesto ou Neil Young, com sua guitarra e suas letras?

Em meio a tanto forró, cabe algumas perguntas:

Como poderia um roqueiro viver na terra do forró?

Suportaria um freqüentador assíduo da Lapa, ficar meses ouvindo do forró 24 horas por dia?

Suportariam os “Saqueadores de Vento” tal convivência?

Poderíamos imaginar milhares de situações no mínimo "sofríveis" para quem passasse por tal experiência. Mas acredito que o forró está para mim como o funk está para vocês”.













Damis dos Anjos

Fortaleza/ CE

Junho/ 09


Essa foi uma colaboração a muito pedida da nossa querida amiga e fiel leitora Damis do Anjos. Eu tinha lhe pedido que me escrevesse como funcionava a cena rock lá no Ceará. Ai está, aproveitem.

Sempre será uma honra sua presença aqui no Ecos Dissonantes. Obrigado minha querida

Bjs dos saqueadores de vento

20 de junho de 2009

De dar água na boca

Punheta de Bacalhau
Para 4 pessoas

INGREDIENTES:
600g de Bacalhau Desfiado Dessalgado
( ou 500g de Bacalhau Desfiado Salgado e Seco )
3 cebolas grandes bem picadas
azeite extra-virgem
pitada de pimenta
pitada de noz moscada
vinagre
Salada de agrião
150g de azeitonas verdes

MODO DE PREPARAR:
( Se o bacalhau é salgado e seco, deve antes ser dessalgado conforme as instruções. )
Deitar o bacalhau desfiado dessalgado (cru) em uma travessa. Com um pano limpo, envolver o bacalhau e fazer movimentos para a frente e para trás, para ficar bem desfiado.
Picar bem as cebolas. Misturar com o bacalhau desfiado com movimentos fortes dos punhos e colocar uma pitada de pimenta e de noz moscada. Regar com azeite extra-virgem português e umas gotas de vinagre. Servir frio acompanhado de salada de agrião e azeitonas.


PS: Quem já provou afirma que o gozo é garantido!

13 de junho de 2009

Dia dos Namorados

Antes

Não quero saber seu nome

Nem você o meu

Não percamos tempo

Beija-me

Para neste instante

Por um breve momento

Nos amarmos intensamente

No fluxo do tempo


Durante


Quando olho para você

Sinto vontade de andar de mãos dadas

Dar-lhe muitos beijinhos

Encher-te de carinho (meu benzinho!)

Tipo assim, ridiculuzinho.

Todo apaixonadinho.


Depois


Deculpe-me

Por estar nublado neste dia ensolarado

Por não gostar do seu rosto

Excessivamente simpático

Muito menos daquela musica, do Roberto Carlos


Ato Falho


Seu olhar caridoso

É a mais amarga

Reminiscência

Nesta manhã

Dolorosa.


Eterno Retorno



Não, não retornarei!

Para seu corpo lânguido

Sua boca úmida e seu

Olhar fulminante

Sentirei saudades

Mas não, não retornarei!

Ao mel de suas cavidades

Só me lembrarei do amargo

Que você deixou quando

Mais uma vez me ignorou.



Síntese


O que é o amor?

Além da utopia última do individuo

Torneira aberta do desgosto

Série interminável de encontros e desencontros

Um jogo de regras falsas

Rima de dor

Matéria prima

Da poesia.



8 de junho de 2009

A pílula azul

Antigamente diziam que a crise da meia idade tornava-se clara nos homens, quando eles resolviam comprar um Porshe 911, uma Harley Davidson ou qualquer outro "brinquedinho". Parece que este paradigma está mudando, ou pelo menos está se postergando.

Uma verdadeira revolução vem ocorrendo no sexo masculino. Sim meninas, nós agora também temos a pílula! Vamos aos fatos.

Primeiro foi o camarada pastor, o Excelentíssimo Presidente do Paraguai o Bispo Fernando Lugo. Apesar de celibatário de discurso, tomou para si a "dura” tarefa de fertilizar novamente as terras de seus pais. Dizem que queria ser o "pai" do seu maior projeto político, o aumento demográfico do país latino americano. Segundo os jornais, não só engravidou algumas raparigas (ele já está na faixa dos 60anos) como virou Sexy symbol no Paraguai, em busca de fertilidade as mulheres já sabem a quem recorrer.

Tem também o Grande, o Divo, o novo Duce, o maior fanfarrão de todos, o herói dos canalhas. Silvio Berlusconi de 73 anos, o dono do Milan, o dono dos principais meios de comunicação e por incrível que pareça o Primeiro Ministro da Itália, anda tendo bastante atividade nos últimos meses. Após ser abandonado pela esposa que não agüentava mais tanto chifre, jornais europeus publicaram na ultima semana, fotos da mansão de Berlusconi onde se encontravam diversas mulheres com idades entre 18 e 30 anos, nuas e seminuas. Especula-se e a própria ex-mulher confirma, que esta casa servia a Berlusconi e seus amigos em animadas "festinhas".
Aliás uma importante tese sociológica. Seu país é belo, tem belas mulheres, uma culinária incrível, artistas maravilhosos. Então você não pode ter tudo meu amigo, seus políticos serão horríveis. Vejam Brasil e a Itália.


Mostra cobra e dá com o pau já dizia o velho ditado

Mas nem todos estão com a cobra solta. Infelizmente alguns estão com ela presa. O inesquecível Gafanhoto, também conhecido como Bill, e que atendia pelo nome de David Carradine foi encontrado morto, estrangulado em um quarto de Hotel na Tailândia onde gravava seu ultimo filme. Ao que tudo indica Carradine morreu asfixiado enquanto tocava umazinha. Apesar dos 73 anos de idade, o velho Kwai Chang Caine tentava algo diferente, queria fugir da rotina. Acabou com um inédito enforcamento das duas cabeças.

Como estão sacanas os digníssimos senhores destes tempos não?

1 de junho de 2009

Patota da Pá Virada e da Noite Furada

"Todos aqui se conhecem, nem que seja pelas suas quitandas virtuais, o que dá ao salão um ar opressivo de festa fechada: este é um ambiente de piadas internas e microcelebridades, apenas conhecidos por outras microcelebridades. Músicos incógnitos e seus futuros biógrafos, descolados gênios inéditos da raça. [...] Ali os poucos eleitos que sabem cantar as letras da canção desconhecida levantam as nucas como pavões obscuros e empertigados: Além das letras dubladas em altos brados, viradas de bateria e solos de guitarra são reproduzidos mimeticamente pela intelligentsia local em instrumentos imaginários, construídos por gestos no ar num ensaiado ritual palaciano. Destacam-se dos outros os espécimes que melhor conhecem o enigmático repertorio selecionado de acordo com os humores do discotecário, essa idiossincrática persona de entremilênios.Os especialistas ganham a atenção da neurastênica trupe de fêmeas locais (nucas a mostra, blusas listradas botas de vinil, ideogramas tatuados) e a inveja dos colegas menos sintonizados com a cena de outras cortes subterrâneas como esta ao redor do planeta."(João Paulo Cuenca - O Dia Matroianni)


Existem dias bons e dias ruins. Existem noites boas e noites péssimas. O problema é quando até os sistemas peritos falham. Aquela velha certeza, a carta na manga, o lugar seguro, tudo se liquefaz na sua cara ainda bêbada de cerveja. A casa da Matriz, mas precisamente a festa Paradiso de sábado à noite, a vanguarda do indie-pop como eles gostam de se rotular, sempre foi uma garantia para mim. Lugar agradável, de boa musica, gente bacana. Muito pedantismo é claro, modernetenes se achando a Greta Garbo on the nigh club. Mas ainda sim era um lugar que eu chamava de meu, uma espécie de habitat natural. Lá eu me sentia seguro, confortável.

Porém sempre tem um dia que a casa cai. Depois de um bom tempo sem freqüenta-la, resolvi com mais dois amigos reviver os velhos (não tão velhos assim) tempos. Um porre básico antes de entrar, uma noite pra lá de agradável com temperatura amena, um friozinho de leve que já faz a fauna local inacreditavelmente tirar do armário o cachecol, lenço palestino ou sei lá o que, tudo para se sentir no inverno parisiense. Mas nada que tirasse o nosso humor, muito pelo contrario, ironia nunca nos faltou. A fila de praxe na porta e entramos empolgados para uma noite nostálgica. Tudo parece o mesmo, pra manter a tradição vou ao banheiro esvaziar o tanque e me impressiono com a reforma que fizeram (já era um mal sinal?) . Aprecio a psicodélica decoração da pista Dois, onde rola uma festa que vem causando burburinho na turminha indie. De repente um mal estar começa a nos tomar. Donde saíram estas pessoas? Pergunto ao meu amigo co-escritor deste blog: Hoje é mesmo sábado? Homens (muitos!) sarados, meninas superproduzidas. Tipo periguete mesmo. Um “tipo” de público que nunca tinha visto por aquelas bandas. Desço para a pista e começo a ficar sufocado com tanto músculo a minha volta, estranhamente todos com long necks na mão. Eles bebem Quilmes (?) e Stella Artois. A musica está estranha. Mais uma vez subo, sou interpelado por um amigo. Vamos embora, ele diz, isto esta muito esquisito. Peço calma, vamos pra outra pista que lá deve estar melhor. A decoração psicodélica e a musica me relaxam um pouco, tento dançar, mas imediatamente me vejo de frente pra uma moça de vestido branco. Me confronto com o horror. Será um pesadelo? Ela esta segurando uma taça de vinho rose? Será que estou em algum episodio de Para Além da imaginação? Estou na Baronetti? Socorro!!!! Quero minha matriz devolta!!

22 de maio de 2009

Purulenta Raiz

"Estou me abstraindo com os significados das palavras que usei durante todo esse tempo para circunavegar o meu deprimente amor por Giacomino, e jamais completado o pentagrama dos meus anseios amorosos, mantenho-os nítidos e puros, variando apenas de vez em quando o espaço em que vem cair e repetir, iguais a si mesmos. Longe dele estou também longe de mim. Detesto-me porque não consigo arrancar esta purulenta raiz. Distante de mim como o ramo mais afastado do tronco, me odeio, definho e jamais poderei reconjugar-me à raiz que me mantinha com a respiração presa. Tudo é tão pálido, sem seus olhos maus, negros quando queria me apertar, e amarelos quando não o faz, olhos que geram em mim o mórbido desejo que não ouso exprimir: ama-lo sem ter violenta-lo sem amarra-lo durante o sono como me fez entender que devia."


Trecho de Seminário sobre a Juventude de Aldo Busi

16 de maio de 2009

MAD FER IT !

O rock no Rio de Janeiro morreu. Pelo menos o rock que eu conheci. O rock como atitude, o rock como inconformismo, o rock como vanguarda estética, movimento e critica.

Hoje o que se assiste são uma meia dúzia de analfabetos (Se tens dúvida, leia as letras produzidas) fazendo musiquetas para suas namoradas, ou melhor, ex-namoradas, já que mais de 80 % falam de rompimentos, abandonos e cornices afins.

Não vou aqui me estender sobre rótulos, se são emos, góticos ou assexuados. Pouco me importa. Discutir rótulos é uma questão sem fim e sem fundamento. Deixo isso para os publicitários.

Aliás, não é sobre a qualidade musical do “Rock Nacional” que eu gostaria de discorrer e sim sobre a decadência do chamado “povo do rock” aqui na cidade melancólica.

Afinal nunca chegamos perto da qualidade das bandas Inglesas ou Americanas, os motivos para isso são os mais variados e merecem pelo menos uma caixa de cerveja para serem discutidos com a polêmica que sempre suscitam.

Ao contrário da nossa produção, no quesito público sempre estivemos entre os melhores. A banda de punk rock mais emblemática do planeta Os Ramones viviam a fazer nossa fama mundo afora, convocando as outras bandas a voarem pra cá, pois aqui estava uma das melhores platéias do mundo. Não era raro ler nos jornais criticas de shows adjetivadas como emocionante, histórico, marcante e catártico . Shows históricos aconteceram aqui, Echo and the Bunnymen teve seu melhor espetáculo realizado aqui em 87, segundo seu próprio vocalista. U2 no autódromo, parou a cidade. Rolling Stones fizeram shows antológicos, e não podemos nos esquecer do Rock in Rio.

Mas parece que isto ficou no passado. Nos últimos shows que acompanhei tenho percebido uma mudança de comportamento nas platéias. Em shows de bandas mais energéticas, vi platéias mornas, distantes, que não conheciam mais do que os hits óbvios das bandas. Artic Monkeys, Muse e Oasis sofreram o que chamo de atitude blasé babaca de um bando de idiotas que deveriam assistir aos shows pela Tv, ou melhor, pelo Youtube, pois parecem que só gozam com os vídeos gravados por eles mesmos nos shows. Apesar de realizar o show no Citibank Hall, lugar mal localizado, dentro de um shopping, que não respeita a vocação da banda para grandes platéias o Oasis realizou um belo espetáculo. Triste foi ver um público tão oscilande, sem grande empolgação, muitos pareciam alheios ao que estava acontecendo. Assim como no Show do Muse, o Oasis teve sua platéia dividida entre os afortunados e os não afortunados. A nojenta pista Vip estava de volta Com isso muitos MAD FER IT! os loucos que vão a um show do Oasis para se divertirem como se não houvesse amanha, foram neutralizados pela galerinha que acostumada a ver show pelo youtube demonstram total desconhecimento das práticas comuns em um show desta nível.

Motivos são muitos, o lugar do show influi muito, pois acaba por elitizar a platéia e afasta o pessoal mais animado. As pistas Vips são um crime, a falta de uma rádio que fomente um novo publico de rock também ajuda no fenômeno, mas nada para mim faz mais diferença que a pau molescencia dessa nova geração seja ela pH, youtube ou blasé. O povinho sem graça. Eu digo o seguinte: Não troco minha cerveja por Ice. E muita menos minha batata frita por bolinho de aveia. Não troco pé sujo por outback nenhum. Eu ponho minha vida nas mãos de uma Rock'n Roll band com muito prazer.


A foto do inicio é de Damis dos Anjos.


Que tal nos inspirarmos nos nossos Hermanos?





12 de maio de 2009

Fetiche

Cada um no seu quadrado, cada um com seu fetiche. Não canso de ser surpreendido. Afinal tem gosto pra tudo (e blog também) . Como não gostar de meninas cultas?

http://babeswithbooks.blogspot.com/

6 de maio de 2009

Is it my imagination Or have I finally found something worth living for?

Gripe Suína

do genial José Simão da Folha de São Paulo


"Promoção da Churrascaria Porcão: Almoçando na Porcão você ganha de graça um beijo da Miriam Leitão."

3 de maio de 2009

Escafandristas

Trecho final da Coluna do Crítico José Castello no Caderno Prosa & Verso em O Globo do dia 2 de maio de 2009 .


Quando levou a filha esquizofrênica ao consultório do psiquiatra Carl Jung, um dividido James Joyce se angustiava com as semelhanças entre a moçã e ele mesmo. Teria ele, Joyce, autoridade para conduzir a filha a um tratamento? Não seria ele, ao contrário, quem devia se tratar? Confessou suas dúvidas a Jung. A resposta que ouviu foi devastadora: "Vocês são, de fato, muito parecidos. Só que, ali onde ela se afoga, você escreve."


20 de abril de 2009

F.E.B.E.A.P.Á

É impressionante como às vezes fica difícil atualizar este amontoado de reclamações. Não é que falte assunto não. Criticas sempre temos, nem que seja para criticar a falta de crítica. Falta é saco! A cada dia que passa, mais velhos, chatos, rabugentos ficamos. O veneno não para de escorrer engrossando o já superacido caldo do nosso azedume. Mas falta saco!

Assumo não ter mais paciência para ler jornais, acompanhar telejornais, o William Quake não me irrita mais, a Miriam Porcão é ridícula mesmo, continuo com nojo do Sardenberg, mas fazer o que? Acho triste o estado psicológico do Jabor, sigo com pena da mediocridade do Diogo “nossa anta” Mainardi. É horrível, mas um certo grau de conformismo me toma às vezes. É trágico constatar que o governo que se elegeu com um projeto de mudança ao fazer somente uns 20 % do que deveria já conta com a satisfação da população. É óbvio que a classe merdia sempre projeta sua ira santa contra os casos de corrupção. Mas nem isso mais se pode criticar o governo e o PT. A corrupção atinge não só os políticos da oposição mas como até mesmo o funcionalismo publico . Com a oportunista idéia de que a corrupção está entranhada no nosso sangue, nos mantemos passivos diante da mediocridade do “antes era pior”.Nada como ter péssimos antecessores não é?

Mais ai esta semana eu me lembrei do FEBEAPA. Se você não sabe o que é o FEBEAPA vai procurar no google que eu não estou a fim de explicar! O Brasil é maravilhoso por isso, ele conserva suas tradições mais escrotas, nunca nos falta assunto na verdade. Vejamos o que o FEBEAPA nos reservou está semana:

Abril foi o mês do caos nos transportes aqui no maravilhoso Rio de Janeiro, província de São Sebastião. Começou com uma greve puxada (termos dos companheiros) na calada da noite pelos trabalhadores do transporte rodoviário de Niterói, Itaboraí, Maricá e São Gonçalo. A população ficou sem pai nem mãe pela manhã.

Dias depois da mesma forma uma greve na baixada fluminense, atingindo Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti. Coincidência?

Na mesma semana quebra - quebra (Finalmente) na Estação das Barcas que ligam o Rio de Janeiro a Niterói. Os passageiros transtornados, com os atrasos de 40 minutos, e filas que chegavam até a avenida Antônio Carlos, botaram para quebrar e invadiram a Estação. Obviamente os passageiros não queriam nada altruísta tipo o fim do monopólio sobre a concessão das barcas ou a real melhoria dos serviços prestados. Eles queriam somente entrar nas barcas e chegar em casa.

E a cereja no bolo do caos do transporte. Funcionários da empresa Supervia, responsável pela malha ferroviária da cidade também entraram em greve. Ai fechou o tempo! Para forçar a entrada de passageiros nos trens já lotados que partiam das estações, seguranças foram flagrados chicoteando passageiros. Vida de gado povo marcado povo feliz. Não faltaram explicações sociológicas, psicológicas e, sobretudo oportunistas que davam conta do inconsciente ainda colonial dos seguranças que agiam como capitães do mato, capatazes que agiam em favor dos senhores de engenho.

Não quero nem aqui levantar a bola sobre o estranhamento de tantas greves quase simultâneas puxadas na calada da noite. Com certeza a situação do trabalhador está ruim, mas conhecendo os sindicatos Brasileiros eu diria que devemos preparar os bolsos para um aumento nas passagens para a alegria do patrão.

E o digníssimo secretário de transportes o senhor Julio Lopes, o que ele disse a respeito disso tudo?

“Estou chocado!"

Eu também senhor secretário, eu também.

Afinal não privatizaram os transportes com a promessa de melhorias nos transportes públicos? Alias senhor secretário, você sabe o que quer dizer monopólio?

Mais FEBEAPA?

A sacanagem rola solta no congresso nacional, agora é a farra das passagens aéreas. Até a Adriane Galisteu esteve envolvida na sacanagem, que delicia! Desta vez foi democrático o escândalo, não somente o baixo clero e seu líder mor sua excelência Inocêncio de Oliveira estava comprometido. O Alto Clero, inclusive juizes federais estavam se lambuzando com a generosidade do povo Brasileiro. Afinal como somos generosos, pagamos a casa, , as passagens , o combustível a conta de telefone celular além é claro do salário para vossas excelências trabalharem de terça a quinta. È uma mãe esse povo Brasileiro.E o mais engraçado e que acabo de saber que para abafar o caso os congressistas vão fazer hora extra nesses feriados (pagas é claro) e vão votar o polêmico projeto de diminuição da maioridade penal que tem por objetivo aumentar a oferta de bandidos nas ruas daqui a alguns anos, frutos do nosso respeitável projeto de capacitação profissional realizado nos presídios nacionais.

E ainda tem os muros! Não estão sabendo dos muros não? Vão construir muros de concreto nos limites das favelas no Rio de Janeiro. Eles eram polêmicos, mas ai como O Globo de sexta veio dizendo que era falsa polemica pois uma pesquisa mostrava que os moradores da favela eram favoráveis eu não os considero mais polêmicos. Afinal foi a voz do Brasil quem disse.Apesar de não ser polêmico, eu considero o muro um FEBEAPA, mas como o tema é complexo eu deixo pra depois, afinal eu não tava reclamando da falta de assunto?