24 de fevereiro de 2010

IRM


IRM é o nome do último cd da cantora e atriz Charlotte Gainsbourg, que estrelou recentemente o excelente e polêmico filme "Anticristo" do cineasta dinamarquês Lars Von Trier.A produção do álbum ficou por conta do talentosíssimo Beck, que com certeza aprendeu muito com seu produtor, o genial Nigel Godrich.

O cd é uma mistura de boas baladas que transitam entre o romântico e o melancólico com uma levada bem peculiar do violão de Beck, bem ao estilo de "Sea of Change" e "One Foot on the Grave", somado a doce voz de Gainsbourg, passando por faixas que exploram ambientes caóticos e claustrofóbicos como tubos de tomografia computadorizada, que acabaram por dar origem à letra de IRM que leva o mesmo nome do cd.

Na linha mais pop, o destaque vai para a primeira musica de trabalho "Haven can Wait", cujo clipe já esta disponível, assim com a primeira faixa do cd "Master's Hand", com uma base de cello dando um tom mais soturno. Já no campo das outras sonoridades exploradas por Gainsbourg e Beck, destaca-se a já citada IRM que muito lembra Portishead. O detalhe dessa musica é que, como dito acima, ela foi compostas após uma série de tomografias computadorizadas feitas pela cantora. A letra é sensacional e termina com uma ótima pergunta mais ou menos assim: diga-me onde os traumas mentem, numa patogenia escaneada ou nas sombras dos meus pecados? Sem dúvida, na minha opinião, o ponto alto do cd.

Outros destaques de IRM são as faixas cantadas em francês, como a regravação de "Le chat du café des artistes" original de Jean Pierre Ferland, "Voyage" e "La Collectionneuse", que apresentam uma levada bem ao estilo de musica romântica francesa. Para quem não sabe, Gainsbourg é filha da atriz Jane Birkin com o famoso compositor francês Serge Gainsbourg, que compôs uma das baladas mais famosas do século XX "je t'aime, moi non plus".

O cd é ótimo e já entra como um dos favoritos ao melhor disco de rock de 2010!

Como Gainsbourg não é um nome muito conhecido no Brasil, musicalmente falando, vale a pena dar uma olhada, assim como na obra do Beck, que para quem não conhece, vale pesquisar as musicas "Loser" e a regravação de "Everybody gotta learn sometimes", trilha sonora do filme "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança" do também grandioso Michel Gondry, que por sinal, produziu ótimos clipes da Bjork!!!!.

Segue abaixo o site oficial da Charlotte Gainsbourg onde trechos de todas as faixas estão disponibilizados, contendo ainda versão completa de IRM.



http://www.charlottegainsbourg.com/

17 de fevereiro de 2010

Pomplamoose

Essa dica veio via blog Cambaleando. Nataly Dawn e Jack Conte de São Francisco (Califórnia) formam a banda Pomplamoose. Delicadeza e musicalidade são as principais características da banda(a beleza de Nataly Dawn também merece nota). Pelas visualizações do Youtube já podemos considerar um novo fenômeno da internet e aguardar pelo "estouro" no "mundo real" .Além de belos e surpreendentes covers( Quem diria que Single Ladies seria suportável?), suas músicas originais também valem um ouvida.

Os vídeos deles são bem interessantes. Utilizam um recurso chamado de VideoSong, ou seja, tudo o que você ouve é o que você vê. Todos os sons das músicas são criados por eles e mostrados no vídeo. É como um making of de como se constrói uma música. Esse recurso foi recentemente utilizado também pelo Radiohead.






10 de fevereiro de 2010

Marcelo Camelo

Taí uma grande verdade...

"Das marcas da pós-pós-modernidade (pô-pôs-modernidade), a mais imbecil é a retomada de exacerbado romantismo por parte dos homens-donzela. Ficam aí, com os olhos cheios dágua, apaixonados por todas e por nenhuma, traçando estratégias esquizofrênicas de conquista e anotando tópicos para a proxima D.R. Ah, que tristeza doce! Num mundo de mulheres pragmáticas e pós femininas, verdadeiras profissionais do afeto, os Heróis do Tango do Baixo Méier são relíquias arqueológicas sem qualquer utilidade."
( Trecho da crônica A arte perdida de receber cartas de amor de João Paulo Cuenca, publicado na Megazine do O Globo de 09/02/2010).


A crônica completa aqui

7 de fevereiro de 2010

Mais do mesmo, de volta de novo

Voltei, voltamos, e voltamos diferentes. Mas não se preocupem, o velho tema “tudo muda para continuar como está”, já largamente usado nesta blog, serve também para essa ocasião. Mudamos, inclusive mudamos para poder continuar. Além de pequenos detalhes estéticos, mudamos a orientação do blog. Ao criarmos o Ecos Dissonantes, pretendíamos criticar, polemizar e principalmente pensar uma versão diferente para os fatos que eram noticiados na imprensa tradicional.Com o tempo, esse exercício de critica foi nos enfastiando, fomos perdendo o tesão com a atual pasmaceira política tanto nacional quanto internacional. Decidimos então nos dedicarmos mais a nossa vocação. Decidimos oficializar o que na verdade já víamos fazendo, vamos priorizar os assuntos da cultura, da arte. A intenção é exprimir nossas opiniões e também compartilhar nossos gostos e influências.

Por exemplo, não falaríamos da ridícula reação de setores da nossa sociedade brasileira, contra o Plano Nacional de Direitos Humanos, que dentre outras coisas, previa a descriminalização (é diferente de legalização minha gente!) do aborto, a retirada de símbolos religiosos (crucifixos, imagens santas e etc) de organismos oficiais da República Brasileira, como o Senado e o Supremo Tribunal de Justiça, afinal o Estado não é laico?E também não comentaríamos o que se chamou de “atentado contra a democracia brasileira”, que era a proposta de abrir os arquivos da ditadura militar, e investigar os possíveis casos de tortura. Acreditam os críticos dessa medida, que duas ditaduras em menos de 40 anos, que utilizavam a tortura como pratica de Estado, nada mais foi do que a defesa da democracia. Pra que comentar isso não é?

Não falaríamos também do caos do transporte público no Rio de Janeiro, da incompetência das autoridades em resolver os problemas e da curiosa questão que a Supervia não tem um dono, mas sim um grupo de acionários que não dão as caras. Alías o atual presidente da ALERJ , Jorge Picciani já mandou avisar que vai barrar qualquer tentativa de abertura de uma CPI dos transportes, pois segundo ele isso prejudicaria a imagem no Rio de Janeiro, no que diz respeito as Olimpíadas de 2016. Pra que comentar isso não é?

Fiquemos então com a cultura, lugar onde as coisas parecem ter mais sentido. E primeiro gostaria de lamentar a morte nesse inicio do ano de dois gigantes das artes. Erich Rhomer (1920-2010), um dos gênios do cinema, um dos grandes nomes da Nouvelle Vague, um mestre dos diálogos. Quem também deixou esse mundo foi Jerome David Salinger (1919-2010), autor do clássico livro, O Apanhador no Campo de Centeio, que colocou a figura do adolescente e seus dramas pela primeira vez como protagonista em uma história. Descortinando a nova configuração social do mundo naquele pós-guerra. Salinger é o autor mais influente do mundo desde então.