17 de fevereiro de 2009

Choque de Ordem: Hipocrisia e daí?

O novo governo municipal do Rio de Janeiro começou com a corda toda. O Prefeito Eduardo Paes(PMDB) sendo pautado pelo jornal O Globo, que nos últimos anos vem realizando matérias sobre a desordem urbana (“Ilegal e daí?)” criou uma Secretaria Especial de Ordem Pública , tendo como chefe da pasta Rodrigo Bethlem A autoridade citada, na verdade torna-se uma espécie de xerife da cidade. O objetivo é combater com o chamado choque de ordem a desordem urbana e a ilegalidade, que tornam o dia a dia do carioca um verdadeiro caos. Até esse ponto, a idéia em si é boa. A população de rua no Rio de Janeiro é imensa e desrespeito aos direitos humanos é manter-los nas ruas. A publicidade ilegal e em excesso emporcalham a cidade e poluem nosso visual. A ilegalidade e a bandalheira, no trânsito por exemplo, com estacionamentos irregulares, vans ilegais e desrespeito aos pedestres,tornaram-se fatos comuns na rotina carioca.

São diversas questões que realmente estão na alçada da municipalidade, sendo sua obrigação resolve-las. O problema está na forma e hipocrisia do projeto. O vendedor ambulante, não está ali porque ele quer. Ele está trabalhando, tentando garantir o seu sustento. Ele é fruto de uma drama social brasileiro, de uma política econômica que exclui e dizima milhares de postos de trabalho, jogando na rua, sem perspectiva esses sujeitos considerados pelo mercado como “não qualificados”.

As chamadas moradias ilegais, na verdade ocupações, muitas realizadas com o apoio de diversos movimentos sociais como o movimento dos sem teto, nada mais são do que uma solução encontrada por pessoas que não possuem moradia. Fruto de um profundo descaso do Estado Brasileiro com a questão do direito a moradia. Não existem políticas públicas no momento que sejam capazes de pelo menos diminuir o contingente de desabrigados. A ocupação tornou-se não só solução como ato político em diversos casos.

Como eu disse acima, combater a ilegalidade e a desordem urbana é uma boa atitude. Só não devemos confundir trabalhadores com bandidos, moradores de rua com ratos, desabrigados com meros invasores. Eu inclusive daria uma dica ao novo secretário da desordem urbana, porque não combater em duas frentes, não somente nas ruas, mas também na fonte, no nascedouro das ilegalidades praticadas na nossa cidade maravilhosa. Neste caso seria necessário uma ação no Palácio da Cidade, um choque de ordem no Prédio da Prefeitura bem ali na Cidade Nova. Quem sabe não se perceberia que se as inúmeras secretárias fizessem seus trabalhos não seria necessário criar uma nova secretária para “limpar” no sentido fascista do termo, a cidade.

8 de fevereiro de 2009

So what

Eu sempre tive preconceito com o Jazz. Achava um bando de chatos pedantes, tendo orgasmos com as intermináveis improvisações dos músicos, e os solos virtuosos, ah os solos de trompete!!...Alem é claro dos thcubarubabirubiru do Ed Mota em todas as entrevistas que ele dá. Isso me fez olhar para o Jazz com desprezo. Para mim era igual ao Vinho, deve ser bom, mas seus apreciadores estragam. Até que um belo dia, de repente, navegando pela Web esbarro com Kind Of Blue (1959) do Miles Davis. Isso um dia depois de assistir Ascensor para o cadafalso (1958) de Louis Malle, que teve a trilha totalmente feita pelo Miles Davis. Enfim, para mim não tem como descrever a qualidade deste álbum com palavras, só resta ouvir e entregar-se ao swing do Jazz. E por favor, não se tornem chatos pentelhos como o Ed Motta.




5 de fevereiro de 2009

Ménage a Trois


Dedicado a Damis dos Anjos


O velho ditado de um é pouco dois é bom e três é demais não se aplica ao mundo da música, três é um numero bastante reverenciado. Nada como um power trio!

Mas não é de um power trio que eu quero falar, não no sentido clássico do baixo, guitarra e bateria. Eu queria falar de um menage a trois. Sim, você não leu errado. È como eu defino o Little Joy. Uma banda surgida meio que de improviso juntando músicos de bandas bem sucedidas como Rodrigo Amarante (Los Hermanos) e Fabrizio Moretti (Strokes) e sua namorada Binki Shapiro, que juntos lançaram neste segundo semestre um cd homônimo, que devagarzinho, lentamente, com a delicadeza de suas melodias, foi conquistando os corações roqueiros tanto nos EUA quanto no Brasil.

“Um álbum de verão, para ouvir na beira da praia”. È o que mais se ouve em relação ao Little Joy. Mas isto não diminui a qualidade da obra. O singelo, trás a calma e reflexão para nossos dias corridos. A voz embargada de Amarante, ainda nos emociona, e o que dizer da linda melancolia, que nos remete a um romantismo quase ingênuo de Binki cantando em “Don't Watch Me Dancing”

“Margarida has a strange appeal / Sways between suitors on a broken heel”

O álbum é curto, pouco mais de trinta e um minutos, passa rápido, mas é quase impossível não apertar o repeat. Uma sucessão de belas canções é a única consideração importante a fazer. Numa era de truculências, musica berrada para passar a emoção de que possui, de profunda falta do que dizer, o Little Joy mostra como se faz. Mistura delicadeza com romantismo. Tem um pouco de Strokes como em “How to hang a Warhol”. Tem um pouco de Beach Boys, surf music, um cd entre a ensolarada Califórnia e um saudoso Rio e Janeiro.



È álbum do verão, não tem como negar, mas não me parece que o Little Joy será apenas uma lembrança de uma estação passada. Ele tem fôlego, tem condição. Um menage, por vezes, é apenas um momento, um encontro.Uma noite de prazer e nada mais. Porém a afinidade entre os três, ao meu ver está longe de ter chegado ao fim, ainda há frutos a serem colhidos.


Como diz a ultima musica do cd, Evaporar, uma balada que poderia estar tranqüilamente em um álbum dos los hermanos e mais uma musica sobre o tempo feita pelo Amarante:

”Tempo a gente dá
Quanto à gente tem
Custa o que correr

Corre o que custar... ““.

Espero que no futuro eles tenham tempo.

Show no Rio dia 6 de Fevereiro no Circo Voador

http://www.circovoador.com.br/