22 de maio de 2009

Purulenta Raiz

"Estou me abstraindo com os significados das palavras que usei durante todo esse tempo para circunavegar o meu deprimente amor por Giacomino, e jamais completado o pentagrama dos meus anseios amorosos, mantenho-os nítidos e puros, variando apenas de vez em quando o espaço em que vem cair e repetir, iguais a si mesmos. Longe dele estou também longe de mim. Detesto-me porque não consigo arrancar esta purulenta raiz. Distante de mim como o ramo mais afastado do tronco, me odeio, definho e jamais poderei reconjugar-me à raiz que me mantinha com a respiração presa. Tudo é tão pálido, sem seus olhos maus, negros quando queria me apertar, e amarelos quando não o faz, olhos que geram em mim o mórbido desejo que não ouso exprimir: ama-lo sem ter violenta-lo sem amarra-lo durante o sono como me fez entender que devia."


Trecho de Seminário sobre a Juventude de Aldo Busi

16 de maio de 2009

MAD FER IT !

O rock no Rio de Janeiro morreu. Pelo menos o rock que eu conheci. O rock como atitude, o rock como inconformismo, o rock como vanguarda estética, movimento e critica.

Hoje o que se assiste são uma meia dúzia de analfabetos (Se tens dúvida, leia as letras produzidas) fazendo musiquetas para suas namoradas, ou melhor, ex-namoradas, já que mais de 80 % falam de rompimentos, abandonos e cornices afins.

Não vou aqui me estender sobre rótulos, se são emos, góticos ou assexuados. Pouco me importa. Discutir rótulos é uma questão sem fim e sem fundamento. Deixo isso para os publicitários.

Aliás, não é sobre a qualidade musical do “Rock Nacional” que eu gostaria de discorrer e sim sobre a decadência do chamado “povo do rock” aqui na cidade melancólica.

Afinal nunca chegamos perto da qualidade das bandas Inglesas ou Americanas, os motivos para isso são os mais variados e merecem pelo menos uma caixa de cerveja para serem discutidos com a polêmica que sempre suscitam.

Ao contrário da nossa produção, no quesito público sempre estivemos entre os melhores. A banda de punk rock mais emblemática do planeta Os Ramones viviam a fazer nossa fama mundo afora, convocando as outras bandas a voarem pra cá, pois aqui estava uma das melhores platéias do mundo. Não era raro ler nos jornais criticas de shows adjetivadas como emocionante, histórico, marcante e catártico . Shows históricos aconteceram aqui, Echo and the Bunnymen teve seu melhor espetáculo realizado aqui em 87, segundo seu próprio vocalista. U2 no autódromo, parou a cidade. Rolling Stones fizeram shows antológicos, e não podemos nos esquecer do Rock in Rio.

Mas parece que isto ficou no passado. Nos últimos shows que acompanhei tenho percebido uma mudança de comportamento nas platéias. Em shows de bandas mais energéticas, vi platéias mornas, distantes, que não conheciam mais do que os hits óbvios das bandas. Artic Monkeys, Muse e Oasis sofreram o que chamo de atitude blasé babaca de um bando de idiotas que deveriam assistir aos shows pela Tv, ou melhor, pelo Youtube, pois parecem que só gozam com os vídeos gravados por eles mesmos nos shows. Apesar de realizar o show no Citibank Hall, lugar mal localizado, dentro de um shopping, que não respeita a vocação da banda para grandes platéias o Oasis realizou um belo espetáculo. Triste foi ver um público tão oscilande, sem grande empolgação, muitos pareciam alheios ao que estava acontecendo. Assim como no Show do Muse, o Oasis teve sua platéia dividida entre os afortunados e os não afortunados. A nojenta pista Vip estava de volta Com isso muitos MAD FER IT! os loucos que vão a um show do Oasis para se divertirem como se não houvesse amanha, foram neutralizados pela galerinha que acostumada a ver show pelo youtube demonstram total desconhecimento das práticas comuns em um show desta nível.

Motivos são muitos, o lugar do show influi muito, pois acaba por elitizar a platéia e afasta o pessoal mais animado. As pistas Vips são um crime, a falta de uma rádio que fomente um novo publico de rock também ajuda no fenômeno, mas nada para mim faz mais diferença que a pau molescencia dessa nova geração seja ela pH, youtube ou blasé. O povinho sem graça. Eu digo o seguinte: Não troco minha cerveja por Ice. E muita menos minha batata frita por bolinho de aveia. Não troco pé sujo por outback nenhum. Eu ponho minha vida nas mãos de uma Rock'n Roll band com muito prazer.


A foto do inicio é de Damis dos Anjos.


Que tal nos inspirarmos nos nossos Hermanos?





12 de maio de 2009

Fetiche

Cada um no seu quadrado, cada um com seu fetiche. Não canso de ser surpreendido. Afinal tem gosto pra tudo (e blog também) . Como não gostar de meninas cultas?

http://babeswithbooks.blogspot.com/

6 de maio de 2009

Is it my imagination Or have I finally found something worth living for?

Gripe Suína

do genial José Simão da Folha de São Paulo


"Promoção da Churrascaria Porcão: Almoçando na Porcão você ganha de graça um beijo da Miriam Leitão."

3 de maio de 2009

Escafandristas

Trecho final da Coluna do Crítico José Castello no Caderno Prosa & Verso em O Globo do dia 2 de maio de 2009 .


Quando levou a filha esquizofrênica ao consultório do psiquiatra Carl Jung, um dividido James Joyce se angustiava com as semelhanças entre a moçã e ele mesmo. Teria ele, Joyce, autoridade para conduzir a filha a um tratamento? Não seria ele, ao contrário, quem devia se tratar? Confessou suas dúvidas a Jung. A resposta que ouviu foi devastadora: "Vocês são, de fato, muito parecidos. Só que, ali onde ela se afoga, você escreve."