28 de junho de 2009

Notícias de uma Roqueira Exilada

MEU ROCKN´ROLL , SEU FORROBODÓ?

A muito fui convidada para escrever no blog e ao aceitar escrever esse artigo, não fazia idéia de como transcorrer o que foi me pedido. Optei por testemunhar!

Transmitir à vocês o dia-a-dia de uma pessoa que está a 11 anos no Ceará. Apreciadora da boa música seja ela pra ouvir ou pra dançar, que recebe todos os finais de semana convite para uma “nova casa de forró”, alguém que até dança forró (modéstia a parte, muito bem), mas que se mantém distante da alienação que tal grupo social se permite. Para alguns é no mínimo curioso como um “roqueiro” sobreviveria às 24h de forró, nas rádios, bares, festas, locais públicos (com os famosos paredões de som), praias, comemorações, enfim, 24h em todos os lugares, chegando quase a um status de “ritmo onipresente”.

Mas posso descrever facilmente como os tais seres são e como estão distantes do conhecimento além do som das sanfonas, no som que o forró se transformou hoje. Infelizmente entrarei no quesito “rótulo”, forrozeiros e roqueiros. Não me importa se todo forrozeiro é: chicleteiro, pagodeiro ou se acha meio “roqueiro”, só por ouvir um som como Pink Floyd com The Wall, ou achar, que os Beatles foram sucesso porque eram os bonitinhos da época. Nem sequer imaginam tudo que foi deixado por eles e muitos outros como herança no cenário internacional do que diz respeito à música e atitudes. Demograficamente: no show de rock há mais homens que mulheres. No show de forró há mais mulheres que homens.

O que diferencia é: os homens que foram ao show de rock, não estão lá, necessariamente, para encontrar as mulheres que lá estavam. Há no mundo de quem vai um show de rock uma filosofia de “apreciar a música, a banda”. Isso não aconteceria e não acontece muito no show de forró. Os homens que estão nesses shows de forró, maioria declarada, ou seria, descarada? Vão “arranjar” as mulheres que lá estão.

O resultado disso não cabe aqui, então, vou pular essa parte. A cena do rock em Fortaleza, aquela que sobreviveu e vive até hoje nas grandes capitais como Rio de Janeiro e Sampa, não existe. Temos um grande Centro de Cultura chamado “Dragão do Mar", com vários bares e boates onde a quantidade de gringos, prostitutas e travestis, nos faz de desistir de encontrar o bom e velho rock’n roll. Beatles, Doors, Dylan, Smiths, são encontrado nas estampas de blusas de fashionistas que pegam na banca de camisetas aquela que a seu ver é a mais descolada.

Os bares de antigamente preservavam essa cultura do rock, mas não conseguiram resistir à força maior da “terra do forró”. Recentemente tivemos apresentações internacionais, como Offspring e Nightwish. Seria o começo de uma nova era? São diversas as tribos, temos forrozeiros, pagodeiros, micareteiros, regueiros, sem querer ater-me a rótulos, todos se encontram em show populares. Em uma de minhas experimentações de convivência com essas tribos ocorreu algo no mínimo inusitado. Ao chegar a uma apresentação de Bruno Gouveia e sua trupe, estava ao palco uma banda da cena alternativa do estado, a tocar algo que não interagia em nada com aquele público. Foi quando ao ouvir o primeiro verso da música, comecei a entoá-la. Passado algum tempo percebi algumas daquelas pessoas olhando para mim, com um ar de “o que essa louca vê nisso?”, “essa maluca conhece a música?”, fato vivenciado ao som de Time Running Out – Muse.

Certa vez ao falar com amigos sobre a turnê de Iron Maden no Brasil, comentei como era bacana ver o Iron se apresentar no nordeste, me referindo ao show de Recife. Uma conhecida interrompeu a conversa e disse: “Não tem nada a ver Iron Maiden em Recife – risos. Se fosse um show no Rio ou em São Paulo, tudo bem, mas no Recife? Nada a ver”.

Para mim tal comentário não foi surpresa, mal sabe ela que no Recife a cena alternativa é muito mais diversificada do que no Ceará. Muitos aqui pensam que ir ao show de Jota Quest é ser roqueiro. Saberiam eles quem é Bob Dylan e suas canções de protesto ou Neil Young, com sua guitarra e suas letras?

Em meio a tanto forró, cabe algumas perguntas:

Como poderia um roqueiro viver na terra do forró?

Suportaria um freqüentador assíduo da Lapa, ficar meses ouvindo do forró 24 horas por dia?

Suportariam os “Saqueadores de Vento” tal convivência?

Poderíamos imaginar milhares de situações no mínimo "sofríveis" para quem passasse por tal experiência. Mas acredito que o forró está para mim como o funk está para vocês”.













Damis dos Anjos

Fortaleza/ CE

Junho/ 09


Essa foi uma colaboração a muito pedida da nossa querida amiga e fiel leitora Damis do Anjos. Eu tinha lhe pedido que me escrevesse como funcionava a cena rock lá no Ceará. Ai está, aproveitem.

Sempre será uma honra sua presença aqui no Ecos Dissonantes. Obrigado minha querida

Bjs dos saqueadores de vento

20 de junho de 2009

De dar água na boca

Punheta de Bacalhau
Para 4 pessoas

INGREDIENTES:
600g de Bacalhau Desfiado Dessalgado
( ou 500g de Bacalhau Desfiado Salgado e Seco )
3 cebolas grandes bem picadas
azeite extra-virgem
pitada de pimenta
pitada de noz moscada
vinagre
Salada de agrião
150g de azeitonas verdes

MODO DE PREPARAR:
( Se o bacalhau é salgado e seco, deve antes ser dessalgado conforme as instruções. )
Deitar o bacalhau desfiado dessalgado (cru) em uma travessa. Com um pano limpo, envolver o bacalhau e fazer movimentos para a frente e para trás, para ficar bem desfiado.
Picar bem as cebolas. Misturar com o bacalhau desfiado com movimentos fortes dos punhos e colocar uma pitada de pimenta e de noz moscada. Regar com azeite extra-virgem português e umas gotas de vinagre. Servir frio acompanhado de salada de agrião e azeitonas.


PS: Quem já provou afirma que o gozo é garantido!

13 de junho de 2009

Dia dos Namorados

Antes

Não quero saber seu nome

Nem você o meu

Não percamos tempo

Beija-me

Para neste instante

Por um breve momento

Nos amarmos intensamente

No fluxo do tempo


Durante


Quando olho para você

Sinto vontade de andar de mãos dadas

Dar-lhe muitos beijinhos

Encher-te de carinho (meu benzinho!)

Tipo assim, ridiculuzinho.

Todo apaixonadinho.


Depois


Deculpe-me

Por estar nublado neste dia ensolarado

Por não gostar do seu rosto

Excessivamente simpático

Muito menos daquela musica, do Roberto Carlos


Ato Falho


Seu olhar caridoso

É a mais amarga

Reminiscência

Nesta manhã

Dolorosa.


Eterno Retorno



Não, não retornarei!

Para seu corpo lânguido

Sua boca úmida e seu

Olhar fulminante

Sentirei saudades

Mas não, não retornarei!

Ao mel de suas cavidades

Só me lembrarei do amargo

Que você deixou quando

Mais uma vez me ignorou.



Síntese


O que é o amor?

Além da utopia última do individuo

Torneira aberta do desgosto

Série interminável de encontros e desencontros

Um jogo de regras falsas

Rima de dor

Matéria prima

Da poesia.



8 de junho de 2009

A pílula azul

Antigamente diziam que a crise da meia idade tornava-se clara nos homens, quando eles resolviam comprar um Porshe 911, uma Harley Davidson ou qualquer outro "brinquedinho". Parece que este paradigma está mudando, ou pelo menos está se postergando.

Uma verdadeira revolução vem ocorrendo no sexo masculino. Sim meninas, nós agora também temos a pílula! Vamos aos fatos.

Primeiro foi o camarada pastor, o Excelentíssimo Presidente do Paraguai o Bispo Fernando Lugo. Apesar de celibatário de discurso, tomou para si a "dura” tarefa de fertilizar novamente as terras de seus pais. Dizem que queria ser o "pai" do seu maior projeto político, o aumento demográfico do país latino americano. Segundo os jornais, não só engravidou algumas raparigas (ele já está na faixa dos 60anos) como virou Sexy symbol no Paraguai, em busca de fertilidade as mulheres já sabem a quem recorrer.

Tem também o Grande, o Divo, o novo Duce, o maior fanfarrão de todos, o herói dos canalhas. Silvio Berlusconi de 73 anos, o dono do Milan, o dono dos principais meios de comunicação e por incrível que pareça o Primeiro Ministro da Itália, anda tendo bastante atividade nos últimos meses. Após ser abandonado pela esposa que não agüentava mais tanto chifre, jornais europeus publicaram na ultima semana, fotos da mansão de Berlusconi onde se encontravam diversas mulheres com idades entre 18 e 30 anos, nuas e seminuas. Especula-se e a própria ex-mulher confirma, que esta casa servia a Berlusconi e seus amigos em animadas "festinhas".
Aliás uma importante tese sociológica. Seu país é belo, tem belas mulheres, uma culinária incrível, artistas maravilhosos. Então você não pode ter tudo meu amigo, seus políticos serão horríveis. Vejam Brasil e a Itália.


Mostra cobra e dá com o pau já dizia o velho ditado

Mas nem todos estão com a cobra solta. Infelizmente alguns estão com ela presa. O inesquecível Gafanhoto, também conhecido como Bill, e que atendia pelo nome de David Carradine foi encontrado morto, estrangulado em um quarto de Hotel na Tailândia onde gravava seu ultimo filme. Ao que tudo indica Carradine morreu asfixiado enquanto tocava umazinha. Apesar dos 73 anos de idade, o velho Kwai Chang Caine tentava algo diferente, queria fugir da rotina. Acabou com um inédito enforcamento das duas cabeças.

Como estão sacanas os digníssimos senhores destes tempos não?

1 de junho de 2009

Patota da Pá Virada e da Noite Furada

"Todos aqui se conhecem, nem que seja pelas suas quitandas virtuais, o que dá ao salão um ar opressivo de festa fechada: este é um ambiente de piadas internas e microcelebridades, apenas conhecidos por outras microcelebridades. Músicos incógnitos e seus futuros biógrafos, descolados gênios inéditos da raça. [...] Ali os poucos eleitos que sabem cantar as letras da canção desconhecida levantam as nucas como pavões obscuros e empertigados: Além das letras dubladas em altos brados, viradas de bateria e solos de guitarra são reproduzidos mimeticamente pela intelligentsia local em instrumentos imaginários, construídos por gestos no ar num ensaiado ritual palaciano. Destacam-se dos outros os espécimes que melhor conhecem o enigmático repertorio selecionado de acordo com os humores do discotecário, essa idiossincrática persona de entremilênios.Os especialistas ganham a atenção da neurastênica trupe de fêmeas locais (nucas a mostra, blusas listradas botas de vinil, ideogramas tatuados) e a inveja dos colegas menos sintonizados com a cena de outras cortes subterrâneas como esta ao redor do planeta."(João Paulo Cuenca - O Dia Matroianni)


Existem dias bons e dias ruins. Existem noites boas e noites péssimas. O problema é quando até os sistemas peritos falham. Aquela velha certeza, a carta na manga, o lugar seguro, tudo se liquefaz na sua cara ainda bêbada de cerveja. A casa da Matriz, mas precisamente a festa Paradiso de sábado à noite, a vanguarda do indie-pop como eles gostam de se rotular, sempre foi uma garantia para mim. Lugar agradável, de boa musica, gente bacana. Muito pedantismo é claro, modernetenes se achando a Greta Garbo on the nigh club. Mas ainda sim era um lugar que eu chamava de meu, uma espécie de habitat natural. Lá eu me sentia seguro, confortável.

Porém sempre tem um dia que a casa cai. Depois de um bom tempo sem freqüenta-la, resolvi com mais dois amigos reviver os velhos (não tão velhos assim) tempos. Um porre básico antes de entrar, uma noite pra lá de agradável com temperatura amena, um friozinho de leve que já faz a fauna local inacreditavelmente tirar do armário o cachecol, lenço palestino ou sei lá o que, tudo para se sentir no inverno parisiense. Mas nada que tirasse o nosso humor, muito pelo contrario, ironia nunca nos faltou. A fila de praxe na porta e entramos empolgados para uma noite nostálgica. Tudo parece o mesmo, pra manter a tradição vou ao banheiro esvaziar o tanque e me impressiono com a reforma que fizeram (já era um mal sinal?) . Aprecio a psicodélica decoração da pista Dois, onde rola uma festa que vem causando burburinho na turminha indie. De repente um mal estar começa a nos tomar. Donde saíram estas pessoas? Pergunto ao meu amigo co-escritor deste blog: Hoje é mesmo sábado? Homens (muitos!) sarados, meninas superproduzidas. Tipo periguete mesmo. Um “tipo” de público que nunca tinha visto por aquelas bandas. Desço para a pista e começo a ficar sufocado com tanto músculo a minha volta, estranhamente todos com long necks na mão. Eles bebem Quilmes (?) e Stella Artois. A musica está estranha. Mais uma vez subo, sou interpelado por um amigo. Vamos embora, ele diz, isto esta muito esquisito. Peço calma, vamos pra outra pista que lá deve estar melhor. A decoração psicodélica e a musica me relaxam um pouco, tento dançar, mas imediatamente me vejo de frente pra uma moça de vestido branco. Me confronto com o horror. Será um pesadelo? Ela esta segurando uma taça de vinho rose? Será que estou em algum episodio de Para Além da imaginação? Estou na Baronetti? Socorro!!!! Quero minha matriz devolta!!