29 de dezembro de 2008
25 de dezembro de 2008
Os melhores de 2008
No campo do audiovisual, destaco "A culpa é do Fidel", com excelente direção da estreante Julie Gavras. O vencedor da Palma de Ouro de Cannes de 2007, o romeno " 4 meses, 3 semanas e 2 dias" de Cristian Mungiu também não fica atrás, mostrando o bom momento que atravessa o novo cinema da Romênia com fortes influências do neo-realismo belga. Por falar em neo-realismo belga, os irmãos Dardenne voltaram com o ótimo " O silêncio de Lorna". O cinema alemão também apresentou boas obras, destaque para " A vida dos outros" com direção de Florian Henckel von Donnersmarck e " Do outro lado" de Fatih Akin. O cinema nacional também apresentou alguns bons filmes, com destaque para Estômago, uma ótima estréia de Marcos Jorge na direção e excelente atuação do ator João Miguel e "Linha de passe" de Walter Salles.
Falando um pouco das produções de Hollywood, meu destaque vai para "Batman, O cavaleiro das trevas", com atuação fantástica de Ledger no papel do Coringa, com certeza o melhor personagem de todos os Batmans.
Ainda em Hollywood, o thriller "Aonde os fracos não têm vez", primou pela ótima ambientação sonora, além de grande atuação de Javier Baden. Woody Allen também não decepcionou. Vicky Cristhina Barcelona é um filme leve, de humor inteligente e cativante. Porém, o grande destaque do ano vindo dos EUA é a comédia " Rebobine Por Favor" de Michel Gondry, que prima pela criatividade do roteiro, pelas sacadas inteligentes e pelos ótimos momentos de Jack Black e Denis Glover. Vale a pena conferir pois ainda está em cartaz.
Fechando, o melhor filme do ano, na humilde opinião deste "Saqueador", fica por conta de "Gomorra", o filme italiano, vencedor em Cannes, apresenta a realidade dura e crua, sem apelos para o emocional. O filme é cansativo e é nesse cansaço que o diretor triunfa! Bem diferente por exemplo de "Tropa de Elite", o filme apresenta narrativas descentralizadas, não utiliza recursos sonoros externos, não foca em personagens principais e com isso garante a não identificação sentimental do público com a realidade descrita. Por não apelar para a ação espetacular típica de um thriller(que acaba por glamurizar o Bope), muitas vezes o filme se torna enfadonho, com muitas histórias se cruzando, não permitindo ao público uma tomada de referência ou de partido por alguém. Resumindo, fantástico. Aquele filme que te faz refletir durante semanas, e que vai se tornado grandioso dias após ter sido visto!
Já no mundo fonográfico, meus destaques vão para: "Viva la Vida" um dos melhores discos do Coldplay, produzido pelo badalado Brian Eno. O rock britânico também contou com a volta dos irmãos Gallagher do Oasis com "Dig Out Your Soul" melhor disco da banda desde "Be Here Now" de 1997. Sir Paul Mccartney também marcou presença com o bom The Fireman. Quem não repetiu a dose dos dois primeiros cd´s foi o Keane, que mudou a sonoridade, acrescentando guitarras, mas não decolou. Um cd bastante enjoadinho na minha opinião. Entrando no cenário mais alternativo, destaco o bom cd do Hot Chip "Made in the Dark", que conseguiu conquistar o circuito indie-pedante brasileiro. Mas o melhor do Reino Unido, ficou por conta de Alex Turner e seu ótimo projeto paralelo The Last Shadow Puppets, The Age Of The Understatement inpirado em ScottWalker e David Bowie , um album recheado de rocks dancantes e baladas inteligentes. Da fria Islândia, Emiliana Torrini lançou o bom "Me and Armini" e o Singur Ros com Með Suð í Eyrum Við Spilum Endalaust ( que quer dizer mais ou menos: tocamos para sempre com um zumbido nos ouvidos) também marcou presença.
O Portishead lançou em 2008 o elogiadíssimo "Third" e com certeza foi um ponto alto da cena rock do ano. O trip hop da banda inglesa ainda sobrevive nas experimentações eletrônicas de Geoff Barrow e na voz sexy e marcante de Beth Gibbons. Destaque para a sombria "The Rip"
Na música nacional o ano não foi muito bom. Nossa MPB vive uma crise braba. Destaque para os bons e velhos de sempre. Tom Zé e seu "Ensinando a bossa, Nordeste Plaza", é sempre um caso à parte, e dessa vez com direito a polêmica com Caetano Veloso.
No início do ano, Adriana Calcanhotto voltou a cena após um longo período de dedicação ao universo infantil, lançando o bom cd "Maré". O rock nacional que não atravessa também um bom momento vive a onda do neo-folk, com Vanguart, Malu Magalhães e compania. Há quem goste. O Rappa também apresentou trabalho novo. Eu escutei e achei apenas regular. Marcelo Camelo lançou o disco "Sou" e foi bastante elogiado pelos fãs de Los Hermanos. Já Rodrigo Amarante montou com Fabrizio Moretti do Strokes o Little Joy e o cd que também leva o mesmo nome da banda é excelente. Destaco a belísima música "With Strangers" e seus ótimos backing vocals.
Bom, é isso. Que 2009 seja um ótimo ano. E se depender dos shows já agendados, tem tudo para ser um dos melhores de nossas vidas. É claro que Radiohead é o destque, e que estamos todos na torcida para a confirmação de Paul Mccartney no Brasil!
20 de dezembro de 2008
Sonho de consumo
Todo final de ano, sempre tem um cronista, escritor ou jornalista, que escreve aquela famosa crítica ao dezembro insuportável e suas peculiaridades, como por exemplo: as caixinhas de natal, amigo oculto, as sucessivas confraternizações, da intolerável hipocrisia até ao excesso de família. Afinal no natal todo mundo se ama não é mesmo?
Obviamente não passa de um exercício de rabugice. E obviamente não poderia me furtar de tal exercício. Eu odeio o Natal. Eu odeio dezembro. Odeio a competição de piscas de janela. As árvores de natal nada brasileiras (algumas tem até neve) que adornam as salas de estar. Eu odeio principalmente a multidão, que nesta época do ano, transbordam os shopping centers, uma massa alucinada, que empunhando seus cartões de crédito são disputados a tapa pelos vendedores buscando o dinheirinho extra de fim de ano, em mais um trabalho temporário e precarizado.
Consumo é a palavra que me causa calafrios. Em nossa sociedade, pós-revolução industrial, o consumo tornou-se parte fundamental da vida, hoje é talvez a principal atividade social. O consumo é cada vez mais estimulado, não só pela propaganda que nos bombardeia com os possíveis prazeres do produto anunciado, mas também pelos economistas e analistas de plantão que analisam a queda ou o aumento do consumo e consequentemente a saúde da economia.Na era do consumo logo existo, indivíduos literalmente são consumidos, fazem dívidas, se matam, extrapolam seus limites. Atrás daquele sonho de consumo, daquele objeto sem o qual ele aparentemente não conseguiria viver, o individuo acaba por encobrir o vazio que o domina. Vivemos na era do TER e não do SER. Ou melhor, na era do Parece TER, típico da era dos simulacros, aonde o princípio de realidade é alterado e espetaculrizado pela mídia. No fim das contas, você compra um celular por milhões de motivos, menos o mais básico que é ligar e receber chamadas.
Mas vamos pensar com um pouco de complacência. Tudo é consumo mesmo, não é? Nosso corpo a cada dia é consumido pelo tempo, pela ditadura do irremediável. Vivemos sempre em relações de troca. No sexo sempre consumimos ou somos consumidos. Comemos ou somos comidos.Inclusive cada vez mais o sexo é vendido. Necessitamos de consumir para sobreviver, talvez o problema esteja no como viver.
È uma pena que o projeto antropofágico de Oswald e dos modernistas seja pouco lembrado e talvez tenha se tornado irrealizável. A antropofagia a meu ver obriga o individuo a consumir, digerir e regurgitar o alimento processado. Porém o consumo contemporâneo é de caráter meramente materialista, não tem “alma” ou sentido. Inclusive o artístico. Ao contrário de um livro, um sapato (ou um Best Seller), é um mero instrumento de uso que não possui qualquer qualidade de saber. Ao invés da antropofagia, o consumismo desenfreado combina melhor com a bulimia.
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14 de dezembro de 2008
Meia entrada/ Meia Verdade
Com o ingresso mais caro, todos procuram uma carteira de estudante, com mais carteiras, mas caros ficam os ingressos, e chegamos a situação de o ingresso para um show, por exemplo, custar o dobro do preço real, e os empresários afirmarem na cara de pau que o preço da meia-entrada na verdade é o preço do ingresso inteiro. A verdadeira questão que se esconde sob o debate se deve ou não ter meia-entrada, se se deve limitar ou impor cotas é a questão do acesso aa cultura. A meia -entrada serve para proporcionar ao estudante e ao idoso não nos esqueçamos deles, um melhor e mais diversificado acesso ao que é produzido culturalmente no Brasil. Cultura (arte), é educação. Na tão propalada sociedade da informação, o acesso mais democrático a cultura é fundamental para o desenvolvimento e manutenção da própria democracia.
Para mim, não há dúvida. A meia-entrada inflaciona os preços dos espetáculos musicais, peças de teatro e sessões de cinema. E também não há duvidas, que o empresariado, usa a meia-entrada como álibi para ganhar (ainda) mais. Afinal, o preço dobrou, nada eles perderam. Perdas sim houve nas Companhias de Teatro que contam com a bilheteria para manter um espetáculo. Perdas existem nos cinemas onde o preço do ingresso é um dos fatores (e não o único) para a dramática falta de público. Uma casa de espetáculo patrocinada por uma poderosa empresa de telefonia, ou mesmo festival cujo nome é de uma das maiores empresas da internet creio eu não perdeu nada com a meia-entrada.
O verdadeiro perdedor é o cidadão comum, não estudante, maioria neste país, que devido ao elevado custo do ingresso não pode assistir a uma peça de teatro, e prefere esperar para ver aquele filme interessante no DVD. Muitas vezes pirata, devido ao alto preço do produto (também culpam a pirataria por isso).
A solução é voltar a ter um único emissor das carteiras, melhor inclusive que seja o ministério da educação, através das secretarias municipais, por exemplo. A UNE como instituição estudantil possui interesses políticos e não seria justo com os estudantes que não concordam com suas diretrizes financiar a suas ações. A adoção de cotas durante o fim de semana também é uma boa solução, mas com ressalvas, quem fiscalizara? Como saberemos se as cotas realmente foram preenchidas?
A regulamentação da meia-entrada serve principalmente para acabar com o álibi dos empresários, sem meia, quem eles irão culpar pelos altos preços?
Isto me lembra o momento que o Radiohead lançou o In Rainbows na internet. O fã poderia pagar quanto quisesse, inclusive pegar de graça.O mais importante desta atitude para mim foi por em xeque a constituição do preço de um produto, principalmente um produto artístico. Diga-me você qual o valor justo do cinema? , qual o valor justo do teatro? Quanto você pagaria para ver uma peça do Miguel Falabella? E um show do Belo?
Este artigo foi o que mais deu trabalho neste blog. Foram duas semanas de discussões e leituras. Muitas questões ficaram de fora, e quem quiser levanta-las, fiquem à vontade para comentar. È um tema polêmico, mas não poderíamos nos furtar deste debate.
Abaixo, o projeto da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), aprovado na Comissão de Educação do Senado, que está em tramite no Congresso Nacional
A meia entrada (50% do valor do ingresso) fica assegurada para estudantes e idosos (a partir de 60 anos) em salas de cinemas, cineclubes, teatros, museus, centros culturais, parques e reservas naturais, espetáculos musicais, circenses, eventos educativos, esportivos, de lazer e entretenimento.
. Impõe cota de 40% de meia entrada por espetáculo. Quando a cota for atingida, estudantes e idosos que estiverem na fila pagam entrada cheia.
. Restringe a emissão da carteira de estudante, que passa a ser controlada pelo Conselho Nacional de Fiscalização, Controle e Regulamentação da Meia Entrada e da Identificação Estudantil, vinculada à Secretaria Geral da Presidência da República.
. O conselho, que terá composição paritária, vai definir a quem competirá a impressão, provavelmente Casa da Moeda, e a permissão para emitir, provavelmente a UNE e a UBES, como no passado.
. Ficam de fora do benefício os cursinhos de inglês e pré-vestibular, os cursos alternativos, como astrologia ou eubiose e os de duração efêmera.
. A meia-entrada também não se aplica a camarotes, áreas e cadeiras especiais.
9 de dezembro de 2008
O Capitalismo Catástrofe
Um dos grandes erros dos economistas que ainda defendem o modelo liberal ou até mesmo os que acreditam no keynesianismo é não saber analisar o que seria uma crise estrutural.
Resumo da ópera: a crise atual está jogando milhões no desemprego, estes se somam aos milhões que foram vítimas da reestruturação produtiva dos últimos trinta anos de neoliberalismo, além disso, a ciência baseada no progresso ilimitado promove a longevidade da espécie humana e paradoxalmente promove o desemprego ao acabar com postos de trabalho em todo mundo, e para fechar, o meio ambiente já não tolera mais um alto índice de consumo, bem elucidado no exemplo de que se a África toda consumisse como o ocidente consome, seriam necessárias cinco terras para depositar o lixo.
Logo resta a conclusão de que o capitalismo hoje depende de uma catástrofe para poder perpetuar-se por mais um tempo no poder! Isso é trágico e as pessoas precisam se movimentar. Os sintomas estão no ar e o mal-estar já é visível. Esperar para ver o que vai acontecer pode gerar uma mutação para pior.
Na Grécia conflitos estão ocorrendo, reverberando no mundo inteiro, e não se trata só da morte de um jovem anarquista de 15 anos, mas sim de uma síntese de múltiplos fatores que envolvem diversos atores sociais. O interessante nesse fato que está acontecendo na Grécia é que é a primeira grande manifestação pós-crise financeira. E este movimento é um sinal do que serão as manifestações do século XXI, cuja vanguarda é sem dúvida os movimentos anarquistas antiglobalização, que se conectam pela rede e conseguem através dela mobilizar mega manifestações em todo o mundo!
7 de dezembro de 2008
Brasil: Um país de malas
O campeonato brasileiro de futebol deste ano, que termina no dia de hoje, não foi um primor de qualidade técnica. Porém não podemos dizer que foi um campeonato entediante. Em sua última rodada, dois times lutam pelo titulo, e quatro times lutam para não serem rebaixados. Emoção não faltou durante todo o ano. Parte da emoção vem do sistema de pontos corridos (quem fizer mais pontos ganha), há muito tempo introduzido na Europa e somente há alguns anos no Brasil.
Os críticos dizem que falta o chame e a emoção de uma final, que este tipo de campeonato proporciona a oportunidade um time disparar na liderança e tornar o resto do campeonato uma disputa sem validade alguma. Porém os defensores argumentam, que a fórmula de disputa é mais justa, pois o time que fizer mais pontos vence, e a mais adequada, pois obriga os clubes a ser organizarem e se planejarem, questão importante, pois impede administrações irresponsáveis e também aumenta o poder de barganha dos clubes brasileiros nas negociações dos nossos jovens talentos para o futebol europeu. Pois bem. Meu interesse não é decidir qual a melhor fórmula, e sim analisar um fato.
No sistema atual, todo jogo é fundamental, o titulo pode ser decidido na primeira rodada, ou naquela derrota em casa jogando contra a lanterna. Com a proximidade do fim do campeonato algumas posições de consolidam, alguns times não possuem chances de chegar ao titulo e não correm riscos contra o rebaixamento. È neste ponto que me causa espanto como a nossa ética (ou falta) está cada vez mais dilatada. Como já disse, todos os resultados, direta ou indiretamente são importantes. Como aceitar que seu time entre com o time reserva só porque nada mais está em jogo? Com o Mineirão lotado com seus fanáticos torcedores o Atlético Mineiro pouco fez para sair do empate de zero a zero com o Santos. Foi vaiado pela própria torcida. O Botafogo, na reta final do campeonato, acumula derrotas seguidas, seus jogadores demonstram total desinteresse, e eu pergunto como fica a honra deste clube outrora conhecido como o Glorioso?
Ser jogador de futebol é o sonho de grande parte dos brasileiros. Jogar futebol é a profissão e obrigação dos jogadores. Quando você veste a camisa de um clube você não apenas mexe com a emoção de milhares de pessoas, como você possui uma responsabilidade histórica com um uniforme que com certeza está carregado de história. Jogo é jogo, não importa se vale ou não vale o campeonato. Perder sempre será uma decepção.
Este campeonato possui uma grande qualidade. Caso você ao longo do campeonato não faça a sua parte conquistando os pontos que necessita seu destino inevitavelmente estará nas mãos dos outros times. E como se não bastasse a falta de respeito com o torcedor, com esta profusão de times mistos, jogadores desmotivados e etc, tristemente assistimos aos episódios das malas. A preta e a branca. A mala preta seria uma compensação financeira dada a um time que entregasse o jogo, que perdesse. A mala branca seria um incentivo para que um determinado time ganhasse.
Em comum as duas têm a definição de serem um ato de corrupção. As rodadas finais do campeonato brasileiro têm sido marcadas por uma boataria nunca antes vista, malas voando por todo o território nacional. Esta prática sempre foi realizada por aqui, não só no futebol, na política, não só temos malas, como também dinheiro na cueca. Porém a formula de disputa jogou luz sobre a escuridão, são diversos jogos com interesses conflitantes e a falta de ética transborda também sobre esta paixão nacional. Então eu pergunto. O quanto nossa ética é maleável? Você concordaria que seu time usasse o recurso da mala para definir seu destino? Você aceitaria que seu time recebesse dinheiro para definir um resultado?
1 de dezembro de 2008
Diário de Viagem 2 - Sob o Céu de Bucareste
Pois bem, quando o piloto anunciou que era hora de apertar o cinto, pois estávamos nos preparando para pousar em Bucareste, nos olhamos e um sentimento de vazio absoluto, de medo do desconhecido, resumido em uma palavra "ferrou" tomou conta de nós. O aeroporto era pequeno, no vôo, apenas romenos. Eu ficava o tempo inteiro me perguntando o que eles iriam pensar se soubessem que nesse vôo tinham dois brasileiros completamente perdidos chegando no seu país.
E é a partir do momento em que descemos em solo romeno, que o surrealismo passa a imperar como gênero narrativo de nossa viagem. Ou talvez um realismo fantástico a lá Garcia Márquez.
Desembarcamos quando já era noite em Bucareste, a temperatura estava elevada, pois já estava começando o verão. Quando chegamos no controle de fronteiras, a famosa alfândega, meu estômago embrulhou de vez. Eu só pensava: "Vão nos mandar embora, não vão nos deixar passar!" Quando faltava apenas uma pessoa para minha vez, minha mão tremia. O controlador falou numa língua impronunciável que era a minha vez. Caminhei, passaporte na mão. Lentamente lhe entreguei o "verdinho", ele olhou, franziu as sobrancelhas, me olhou, olhou a foto, voltou a me olhar e de repente disse num sotaque perfeito: Brasileiro? Legal pode passar, bem vindo à Romênia! Eu não tive reação. Fiquei pasmo! Deu-me vontade de abraça-lo! Pensei comigo mesmo, “bom, entrar nós entramos e o cara ainda por cima é brasileiro ou morou no Brasil! Tive curiosidade de perguntar, mas para quê prolongar quando a situação já lhe está pra lá de favorável? Segui reto, esperei minha companheira e partimos rumo ao segundo desafio”.
Segundo passo. Trocar o dinheiro. No aeroporto havia apenas uma casa de câmbio. Uma senhora muito simpática nos atendeu. Não pediu nada, não perguntou nada. Apenas dei os euros, ela me deu os LEU (se pronuncia "LEI"). Segundo obstáculo ultrapassado. Estava mole. Próximo passo: Arrumar um táxi e ir para esse tal de Vila 11. Ah! Já ia esquecendo, outra coisa que eu sabia, ou melhor, me disseram, era que taxista na Romênia era igual ao Brasil, adeptos da malandragem! Entramos no saguão de desembarque e logo uma enxurrada de taxistas veio em cima da gente, todos falando em romeno, achando que éramos nativos. Até que um, mais isolado, perguntou numa voz calma se hablávamos español? Si si, um poquito. Fomos com ele. Perguntamos se conhecia o Vila 11. Ele disse que sim. Fomos conversando ao longo do caminho, ele nos mostrou alguns pontos da cidade quando passamos pelo centro. Bucareste nos pareceu a princípio uma cidade grande, arborizada, com um Arco do Triunfo igual ao de Paris. Em pouco tempo percebi que estávamos indo para uma área mais popular da cidade. De repente me vejo num lugar muito parecido com o Andaraí (aonde moro no rio de janeiro). Ruas escuras, casas antigas, ninguém na rua.
ps: Andaraí é um bairro da zona norte do Rio de Janeiro, que outrora já teve seus dias de glória e hoje convive com o abandono.
29 de novembro de 2008
Alguns Comentários da Classe Média Fascista no Globo online!!!!
NÃO SE ASSUSTEM, OU MELHOR, SE ASSUSTEM SIM!!!
Com vcs os Ivan Ilicht brasileiros!!!Viva Tolstoi!!!
1- Sobre o show do Radiohead, ou melhor, sobre nós que iremos
"secretaria de segurança, coloquem bastante segurança no local deste show de drogas. Os financiadores da violência estarão lá, prendam todos. Que estes paguem advogados, fiança, mas que faça doer no bolso de cada financioador da violência."(ruimdemaiss)
2-Sobre o preço de r$200,00 do show e a meia entrada
"Gente...vamos parar com a hipocrisia? Tem que ter shows para VÁRIOS gostos e de VÁRIOS preços...é assim no mundo inteiro. Vamos parar com essa mania de pobre de que TUDO tem que ser para TODOS. O brasileiro já tem show demais para pobres: futebol, como os flamengos da vida, Carnaval com a promiscuidade de sempre e paradas Gays que estão se tornando um espetáculo deprimente. Quem gostar gostou, mas temos que frequentar os ambientes em que temos condições!!"(Gostosildo)
3- Sobre o que seria um país inteligente
"O país é burro porque colocam pela janela negros, índios e pobres com essas MALDITAS cotas e quanto ao rock, continuem frequentando, mas sem depender da carteira de estudante" ( Gostosildo- eleito o novo gênio do pensamento social brasileiro)
4- Sobre o Radiohead não botar VIP`s no show. Desse, só posso falar que é um gênio, ou quer ser BIG Brother um dia
"Não é a pista vip que inflaciona o preço e sim palhaçada da meia entrada(...)"(Roger Scully - sente o recalque, pô o cara quer ser famoso, então pra que falar mal de VIP)
POR FIM...
Até agora O Globo não aceitou meu comentário, deve ter sido censurado. Mas eu não falei nada demais, só chamei os leitores de uma mistura de colonizado dócil ao melhor estilo Sergio Buarque misturado com a dialética do senhor e do escravo de Hegel. Citei Ivan Ilicht do Tolstói, mas disse que ninguém entenderia isso porque só sabem mesmo é lavar o carro aos domingos, ler a Veja e o Globo. Alguém acha que falei algo demais para ser censurado? Ou alguma mentira? Só posso concluir que o Globo tolera comentários elitistas, fascistas, preconceituosos, só porque são leitores e não fazem críticas ao jornal, logo, o Globo tb é FASCISTA, ou melhor...fascistinha...!
PS: O Show da maior banda do mundo em atividade está confirmado para Rio de Janeiro no dia 20 de março, e em São Paulo no dia 22 . As vendas começam dia 5 de dezembro. O preço é R$ 200 inteira e R$ 100 (estudante). Preparem os corações os bolsos e boa sorte nesta catarse coletiva que promete ser um dos maiores shows já vistos em Pindorama.
27 de novembro de 2008
Adeus à classe operária ?
"Um trabalhador das fabricantes de automóveis americanas, pelo menos das Big Three (GM, Ford, e Chrysler), se aposenta por tempo de serviço (30 anos) e não por idade; tem uma extraordinária cobertura de saúde, que cobre cirurgia e qualquer tratamento, inclusive dentário, de toda a família pela contribuição de US$ 21 por mês. Só o plano de saúde custa à GM US$ 5 bilhões por ano. Eles têm feito redução de custos, que os analistas de risco acham que é “muito pouco, muito tarde”. Hoje, um carro da GM sai da fábrica custando US$ 1.200 a mais do que custaria, só pelos excessos do sistema de benefícios dados aos funcionários. O custo extra pago pelo consumidor num carro da Toyota é de US$ 215. (veja o gráfico com as comparações do custo da hora de trabalho dos funcionários)."
O que chama a atenção logo de cara é realmente o valor do salário(gráfico abaixo). 70 dólares por hora não é nada mal. Algo em torno de 560 dólares por dia e 11.200 por mês considerando os dias úteis somente. Mas prestem atenção na palavra média. A palavra trabalhador no meu entender abrange todos os que trabalham na montadora. Portanto neste numero esta embutida os mega salários dos GEOS, dos executivos, ou você acha que um soldador ganha 11,200 por mês?
Mas a pérola vem a seguir. O automóvel da GM custa $1,200 a mais por causa dos salários. Vocês entenderam? O peso do salário sobre o valor final do produto e de $1,200. No Japão e $215, mas eu lhe pergunto o que é $1,200 para um carro que vale $40,000?E o ar-condicionado, freios ABS, calotas cromadas? Será realmente decisivo para a crise das montadoras, os altos salários, os benefícios e as conquistas dos trabalhadores em torno do direito a dignidade.
Mas o melhor a meu ver está no fato que a verdadeira causa para a crise da indústria automobilística está escancarada no próprio texto e tratado de forma secundária pela nossa suína comentarista.
"A China termina o ano vendendo no mercado interno um milhão de veículos a mais. Brasil, Rússia, Índia e China, juntos representam a venda de 14 milhões de carros, o mesmo volume do mercado americano”.
Ou seja, os chamados BRICS, os paises em desenvolvimento venderam juntos, o mesmo numero de carros que os EUA. Tirando o fato que é um absurdo o numero de carros vendidos nos EUA, onde de cada cinco pessoas quatro tem carro, este fato demonstra que na verdade a industria automobilística carece é de demanda. A Europa não compra mais carros, não tem porque, os paises desenvolvidos vêem o uso do transporte publico como alternativa para a crise de petróleo e o caos ambiental. No Brasil a venda de carros aumenta devido à demanda reprimida nos anos de crise financeira e a falta de investimento público no transporte. Além do sonho da casa própria começa a ganhar espaço no imaginário da classe merdia brasileira em detrimento do tão sonhado automóvel que garante status e liberdade (segundo os comerciais). O carro não é mais tão necessário, ou vantajoso. O tempo que se perde nos engarrafamentos, a violência no trânsito os gastos com combustíveis e seguro, são fatores que fazem com que a troca do modelo usado para o novo demore mais que o costume. O mercado saturou e somente uma revolução tecnológica (A GM conta com o lançamento de seu carro elétrico) pode salvar o setor industrial que mais empregou trabalhadores durante todo o século XX. Porém não é isto o que vêem nossos analistas, que se contentam com analises que somente interessam ao dono do Capital e não se faz a simples pergunta que motivou o grande criador desta grande industria, Henry Ford. Se demitirmos os trabalhadores, quem vai comprar os carros?
Abaixo o link para o artigo de Miriam Leitão
http://http://oglobo.globo.com/economia/miriam/post.asp?t=mudar_ou_morrer&cod_Post=141937&a=496
26 de novembro de 2008
Scraps Cadáver
Livros de auto-ajuda circulam sempre no topo dos mais vendidos das livrarias, terapias diversas para elevar a auto-estima de um eu que vaga solitário e sem história, zen-budismo para aliviar a tensão de um consumidor neófito, depressões de diversas formas atingindo em cheio jovens não incluidos no mercado formal de trabalho, novas psicopatologias como depressão, ansiedade e síndrome do pânico, talk shows em que comuns expõe sua privacidade, reallity shows, diários online que tornam público as intimidades, e por aí vai...
Diante desse cenário quase surrealista, nada mais parece chocar. Porém, um dia desses fiquei sabendo do falecimento de um colega que havia estudado comigo muitos anos atrás no colégio. Como realmente fazia muito tempo e nunca fomos próximos, fui no orkut e digitei seu nome para ver se era realmente a pessoa que eu estava imaginando que seria, e no fim era. Até aí nada demais, o problema foi quando entrei na lista de recados e vi um monte deles enviados após o seu falecimento. Isso me chocou, pois pensando friamente é algo mórbido. Você lendo mensagens emocionadas para alguém jovem que não mais vive, como se fossem textos de despedida. Pensando sobre isso, cheguei a conclusão de que as pessoas na contemporaneidade tem suas subjetividades moldadas pelo olhar dos outros, precisam diante de tanta insegurança, mostrar para uma rede de relacionamento, os seus mais nobres sentimentos. Porque, não consigo ver mais nenhuma finalidade nesse ato. O morto com certeza não mais lerá o orkut, seja aonde ele estiver, se ele realmente estiver em algum lugar. Então, na verdade não querem provar nada para o falecido, mas sim para pessoas como eu, que entraram na página e viram que alguém tem um bom coração, etc...
Eita mundo louco...
Gramsci católico! E daí?
24 de novembro de 2008
Diário de Viagem 1- Romênia e Hungria (Introdução)
Domingo passado, debaixo de uma chuva fina que parecia anunciar metaforicamente algo de ruim e triste para o fim do dia, almocei com meu pai num restaurante no Alto da Boa Vista. Durante a conversa, prestei atenção com muito entusiasmo nos seus relatos sobre sua sensação misturada de perturbação e fantasia, oriunda do desconhecimento que ele tinha na infância, quando ouvia pelo radio de ondas curtas, a transmissão de jogos de futebol entre a nossa seleção e times do estrangeiro. Dentre muitos exemplos, a seleção húngara de 54, lideradas por Puskas foi a que mais lhe marcou, pois como ele disse, nunca tinha visto fotos da Hungria, não sabia o que era Budapeste, que língua eles falavam, ou como eram os traços físicos de um húngaro. Tudo tinha que ser trabalhado pela imaginação, com uma carga elevada de fantasia. O que a Hungria, uma das maiores seleções de todos os tempos, representava para a imaginação de uma criança de nove anos era a de um enorme bicho-papão de camisas vermelhas.
19 de novembro de 2008
“O CÃO QUE INSULTAVA MULHERES, KEPLER, THE DOG”
http://colunistas.ig.com.br/geraldthomas/
15 de novembro de 2008
Olhos do Abismo
Olhos do Abismo
À primeira vista, são personagens sazonais, temporárias; criaturas que vão embora com o fim das eleições. Livramo-nos da propaganda eleitoral, das urnas, dos candidatos, das musiquinhas e delas, tudo no mesmo pacote; tchau, saravá, até daqui a dois anos -por falta de escolha, e não de vontade. E viro o rosto para o outro lado.
Ao voltar os olhos para elas, porém -de relance que seja-, eu, míope de pensamento, as vejo como retrato amargo, desbotado, corroído. Fosse eu mais enfático emendaria "símbolos do nosso tempo", mas contenho-me -eu que flerto com o abismo. E se fosse mais desatento, encerraria o segundo parágrafo sem explicar de quem, afinal, estou falando; que personagens e retrato são esses que observo e gravo. Gravo a imagem das bandeiras dos candidatos balançando, movidas por braços finos; rostos queimados de sol e cobertos de suor, entregando folhetos sem fim; corpos moles, entediados e emburrados, aparando cartazes de políticos, fazendo mais as vezes de poste que de guardadores.
Poderia usar este terceiro parágrafo para cantar a miséria do povo submetido pela necessidade aos mais cruéis trabalhos, neste mundo selvagem e injusto. Depois descreveria o asfalto, o cheiro das ruas, as marcas dos anos e da pobreza no olhar e na pele. Depois, mandaria este texto para algum movimento social, ou para algum concurso literário de cunho realista, promovido por alguma ONG supostamente vinculada a causas populares.
O terceiro parágrafo acabou e, com ele, minha chance de participar do concurso. Pois não há cores de pobreza para serem pintadas. O que há e um rosto desbotado e sujo, de cuja boca sai uma saliva espessa que logo encontra o chão, e pernas que trabalham.
Mas este trabalho não dignifica -e nem o cuspe-e estas pessoas sabem disso. E, como não são burras, elas também sabem que se degradam a cada dia, física e moralmente. Sabem e, mesmo assim, continuam."É o fardo que o sistema lhes impõe"; "elas precisam sobreviver": estas frases estão na ponta da língua, e basta uma canetada minha para torná-las vítimas do cruel sistema, testemunhas de um crime que denunciam em seus olhares.
Olhar nos olhos de alguém é sempre assustador: um abismo que se revela, que reflete para fora e projeta-se para dentro do corpo. Se não lhes foi forçado, pelo feroz sistema, o trabalho degradante -este é meu argumento-, se foi tudo uma escolha consciente entre o dinheiro e uma outra coisa que mancha, desgasta, então que moral é esta que reside no âmago destes corpos? Pois -repara bem-, enquanto nossos atos são impostos por fora, somos somente vítimas. Como pensar a questão se nos tomarmos como atores?
[corro para o espelho, para indagar meus próprios olhos]
Os pensamentos míopes de minha mente astigmática nublam meu horizonte de questões; entre a névia, pergunto-me: se não mais vítimas, então culpados? Mais turvação: como condenar ou combater uma moral que se apodera de corações e mentes, de todos, e pouco a pouco? Olho-me no espelho, vislumbro minhas rugas e abismos. Suo.
11 de novembro de 2008
A Melhor Notícia do Ano...
11/11 - 19:06
Redação iG Música
Foi confirmada na tarde desta terça-feira a passagem do Radiohead pelo Brasil em 2009. O país foi incluído na agenda do site oficial da banda logo depois de Chile e Argentina.
Local e data (ou datas) ainda não foram revelados. No Chile, a banda irá se apresentar dia 27 de março em Santiago e os ingressos começam já começaram a ser vendidos.
http://www.radiohead.com/tourdates/
preparem o rivotril, passiflorim, remédio do coração...não morram
antes desse show.
10 de novembro de 2008
EMA, VMB, VMA, MTV.
5 de novembro de 2008
Sonho Sonhado + Power to the People
Eu sonhei um sonho
Onde um homem dizia ter um sonho
E todos os que o olhavam
Acreditavam naquele sonho sonhado
Acordei e percebi que era apenas um sonho
Um sonho agradável
Que sempre retorna,
Pois quando olho em volta
Sinto falta daquele sonho sonhado.
O vento da mudança mais uma vez soprou...
Em 2008 comemoramos os 40 anos das manifestações de 68, assim como os 40 anos da morte de Martin Luther King. Não há dúvidas da influência daqueles eventos nos dias de hoje. Aos poucos, as conquistas vão sendo alcançadas mas ainda resta muito por fazer.
31 de outubro de 2008
Dig Out Your Soul
Éramos três amigos, em uma noite qualquer de outubro. A ansiedade era grande, desde à tarde, quando um dos três alardeou que tinha baixado o novo cd do Oasis pela internet.Sentados na cama, juntos para uma primeira audição. Um frio na barriga me lembrava um mês qualquer de 1997. Where were you while we were getting high?
Em uma tarde qualquer de 1997, pelas ondas de uma FM qualquer, tomo uma porrada que nunca mais iria esquecer. O Oasis para mim fundamentou a postura que deveríamos tomar naquele fim dos anos 90. O muro tinha caído, o grunge tinha nos deprimido, sem futuro? FODA-SE. “Tonight, I'm a rock 'n' roll star” O Oasis era (é) arrogante, metido e pedante. Sim! Por isso é bom, ele botou pra fuder novamente, nada de complicações, nada de firulas. Era o bom e velho rockn roll. D'You Know What I Mean?
Abra os braços, grite fucking Yeahh..eles voltaram, voltaram com tudo, DIG OUT YOUR SOUL. Vocês estão prontos para começar uma revolução a partir de sua cama. Novamente?
Cheers
29 de outubro de 2008
Protesto- A merda jovem de todos os dias
27 de outubro de 2008
OASIS DAY
24 de outubro de 2008
A volta dos que não foram...
22 de outubro de 2008
Seja um vencedor....
1) Eu pensava que todo mundo sabia que o inconsciente influenciava na vida das pessoas, se soubesse que era uma novidade já tinha escrito um livro.
2) Dependendo da formação dada pelos pais a pessoa está mais apta ou não para assumir um cargo, segundo o multi-especialista. Pergunto: Você contrataria o filho de um especialista que tem mais de 20 mil horas de modificação de adultos?
17 de outubro de 2008
KRAMER X KRAMER
Fim de tarde nesta quinta-feira e finalmente o cara lá de cima resolve desligar o aquecedor.
Caminho tranqüilamente pelas vielas do gragoatá, em Nikiti, quando uma tv ligada mostra uma cena que parecia ser de guerra. Policiais arremessando bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e largando o dedo nas balas de borracha. Ainda de longe penso ser uma repressão qualquer, contra uma manifestação qualquer em um lugar qualquer. Aproximo-me, e vejo a legenda: Confronto entre policiais em SP. Não acredito, é o mundo se acabando. Policiais Civis, fazendo greve, saíram as ruas protestando (armados!) e entraram em confronto com a Policia Militar. KRAMER X KRAMER...Que loucura. Surrealismo perde.
1) exigir seus direitos e mais do que aceitável, com a arma na cintura não, pois deixa de ser manifestação para der coerção!
2)Porque ainda em Pindorama nós temos essa palhaçada que policia civil, policia militar, guarda municipal, guarda de trânsito, milícia...Porra, porque não unifica, policia nacional e pronto...Acaba com isso.
3)Até quando servidores da maior importância, como os policiais, médicos e professores vão continuar desvalorizados, com salários medíocres. Isso serve para os governos de todos os partidos.
4)Até quando essas porras de sindicatos vão mandar nos trabalhadores...Pelegos de merda.
E o senhor Serra hein, querendo tirar o seu da reta, culpando o PT da mobilização. Fala sério!!!!
15 de outubro de 2008
Rio 40º graus
10 de outubro de 2008
O artista intenso por Xico Sá
TEATRO, TU ÉS PURO TEATRO
D´onde tratamos do ator intenso, da atriz intensa, intensíssima. Do tipo que diz, durante o nhoque-permuta no restaurante, depois de mais um Rei Lear: “Eu respiro teatro”. Ao avistar um conhecido, alardeia, quebrando o sossego do recinto: “Ah, você ainda não foi me ver?!” O ator/atriz intensos não acreditam que uma só criatura possa deixar de vê-los em cena, embora a bilheteria muitas vezes teime em desapontá-los. Como ousam deixar de nos ver? Como irão passar sem aquela montagem imperdível de um Eurípedes, de um Ibsen, de um Tchecov, de um Shakespeare?...
Clássico é clássico e vice-versa
É, o artista intenso, esse animal dramático por excelência, não se envolve com qualquer comediazinha caça-níquel da praça. Nécaras. Para este tipo de gênio, só vale uma lei: “Clássico é clássico e vice-versa”, como na boutade ludopédica do atacante Jardel. O ator/atriz intensos guardam sempre um ar solene, um conteúdo na linha “vidas passadas”. São sempre uns elisabetanos do século XV, estão sempre em Corinto, há milhões de anos atrás, vivem sempre na Grécia, zilhões de séculos a.C. –antes da “Caras”.
A fêmea trágica e intensa
A atriz intensa costuma ser mais intensa ainda que o ator intenso. Queda que as fêmeas têm para a tragédia, especula-se. Em compensação, o macho-dramaticus é mais histérico na sua intensidade. Tudo o perturba, desconcentra –principalmente o ronco emitido pelo convidado VIP que sofre de apnéia na primeira fila. O macho é mais estressadinho, cheio de nove-horas e não-me-toques. Carrega essa tensão para o palco mesmo quando na pele de um patafisico Ubu Rei. É incapaz de compreender o paradoxo do comediante, como debocharia o camarada Diderot.
O macho intenso e a estética do cachecol
O macho enquanto ator intenso vive de cachecol em todos os lugares por anda. Sempre com o pescoço envolto por aquela estranha rodilha. E, reparem, ele sempre está ajustando o cachecol ao gogó, impaciente e bufando queixas contra os seus semelhantes mais intensos ainda, contra o público despreparado para a sua grande arte, contra a política de incentivos fiscais, contra o sucesso fácil dos outros...
Dramaturgia sem botox
A fêmea intensa, com suas encantadoras olheiras, veste-se muito bem. Com um rápido pendor para o gótico simplificado, além dos adereços, anéis e brincos, agressivos no ponto certo. Jamais fará botox, para não matar a crueldade da Medéia que mora nos arredores dos seus olhos.
100% Hamlet
Todos os atores intensos e de cachecol querem mesmo é ser Hamlet. Assim como as fêmeas na pele de atrizes intensas serão todas intensíssimas Medéias.
Mas como não tem vaga de Hamlet ou de Medéias para todo mundo, certamente muitos acabarão na novela das 8, quando estarão muito mais simpáticos e trocarão, finalmente, o “conteúdo vidas passadas” por belas cenas de merchandising –todas sob rigorosa marcação brechtiana. Bravos, bravíssimos! Melhor que o Irajá... E com a vantagem de trocar a porca miséria do obrigatório jantar-permuta na cantina decadente por um Gero, um Carlota, um noite à champanhota no Spot...
Desce o pano!
9 de outubro de 2008
Cadela Perua
Playboy Favelado
ps: A palavra favelado, não se refere as pessoas civilizadas que moram nas favelas, mas sim as vítimas do falta de inserção do Estado de direito em nosso país, e sua vergonhosa situação educacional. E isto vai desde as favela, o subúrbio, passando pelos condomínios penitenciários da Barra da Tijuca até os lançadores de ovos das coberturas da zona sul.
7 de outubro de 2008
Em terra de cego...
LISBOA, Agência EFE - O escritor português José Saramago, prêmio Nobel de Literatura de 1998, diminuiu a importância do boicote da Federação Nacional de Cegos (NFB) norte-americana ao filme "Ensaio sobre a cegueira", baseado em seu livro homônimo.
pergunto:
Se Saramago, não fosse o grande escritor que é...eu diria que essa seria uma clássica piada de português.
2 de outubro de 2008
Aumenta o som que eles voltaram!!!
assinamos em baixo Alan McGee , somente uma retificação...Coldplay também e bom pra c...