29 de dezembro de 2008

25 de dezembro de 2008

Os melhores de 2008

2008 está chegando ao fim. Com certeza um ano que não foi bom. Sem entrar em muitos detalhes, basta dizer que o Vasco foi rebaixado. Porém, podemos dizer que pelo menos os lançamentos no cinema e na música não decepcionaram (mas também não chegaram a empolgar!)


No campo do audiovisual, destaco "A culpa é do Fidel", com excelente direção da estreante Julie Gavras. O vencedor da Palma de Ouro de Cannes de 2007, o romeno " 4 meses, 3 semanas e 2 dias" de Cristian Mungiu também não fica atrás, mostrando o bom momento que atravessa o novo cinema da Romênia com fortes influências do neo-realismo belga. Por falar em neo-realismo belga, os irmãos Dardenne voltaram com o ótimo " O silêncio de Lorna". O cinema alemão também apresentou boas obras, destaque para " A vida dos outros" com direção de Florian Henckel von Donnersmarck e " Do outro lado" de Fatih Akin. O cinema nacional também apresentou alguns bons filmes, com destaque para Estômago, uma ótima estréia de Marcos Jorge na direção e excelente atuação do ator João Miguel e "Linha de passe" de Walter Salles.

Falando um pouco das produções de Hollywood, meu destaque vai para "Batman, O cavaleiro das trevas", com atuação fantástica de Ledger no papel do Coringa, com certeza o melhor personagem de todos os Batmans.
Ainda em Hollywood, o thriller "Aonde os fracos não têm vez", primou pela ótima ambientação sonora, além de grande atuação de Javier Baden. Woody Allen também não decepcionou. Vicky Cristhina Barcelona é um filme leve, de humor inteligente e cativante. Porém, o grande destaque do ano vindo dos EUA é a comédia " Rebobine Por Favor" de Michel Gondry, que prima pela criatividade do roteiro, pelas sacadas inteligentes e pelos ótimos momentos de Jack Black e Denis Glover. Vale a pena conferir pois ainda está em cartaz.


Fechando, o melhor filme do ano, na humilde opinião deste "Saqueador", fica por conta de "Gomorra", o filme italiano, vencedor em Cannes, apresenta a realidade dura e crua, sem apelos para o emocional. O filme é cansativo e é nesse cansaço que o diretor triunfa! Bem diferente por exemplo de "Tropa de Elite", o filme apresenta narrativas descentralizadas, não utiliza recursos sonoros externos, não foca em personagens principais e com isso garante a não identificação sentimental do público com a realidade descrita. Por não apelar para a ação espetacular típica de um thriller(que acaba por glamurizar o Bope), muitas vezes o filme se torna enfadonho, com muitas histórias se cruzando, não permitindo ao público uma tomada de referência ou de partido por alguém. Resumindo, fantástico. Aquele filme que te faz refletir durante semanas, e que vai se tornado grandioso dias após ter sido visto!


Já no mundo fonográfico, meus destaques vão para: "Viva la Vida" um dos melhores discos do Coldplay, produzido pelo badalado Brian Eno. O rock britânico também contou com a volta dos irmãos Gallagher do Oasis com "Dig Out Your Soul" melhor disco da banda desde "Be Here Now" de 1997. Sir Paul Mccartney também marcou presença com o bom The Fireman. Quem não repetiu a dose dos dois primeiros cd´s foi o Keane, que mudou a sonoridade, acrescentando guitarras, mas não decolou. Um cd bastante enjoadinho na minha opinião. Entrando no cenário mais alternativo, destaco o bom cd do Hot Chip "Made in the Dark", que conseguiu conquistar o circuito indie-pedante brasileiro. Mas o melhor do Reino Unido, ficou por conta de Alex Turner e seu ótimo projeto paralelo The Last Shadow Puppets, The Age Of The Understatement inpirado em ScottWalker e David Bowie , um album recheado de rocks dancantes e baladas inteligentes. Da fria Islândia, Emiliana Torrini lançou o bom "Me and Armini" e o Singur Ros com Með Suð í Eyrum Við Spilum Endalaust ( que quer dizer mais ou menos: tocamos para sempre com um zumbido nos ouvidos) também marcou presença.

O Portishead lançou em 2008 o elogiadíssimo "Third" e com certeza foi um ponto alto da cena rock do ano. O trip hop da banda inglesa ainda sobrevive nas experimentações eletrônicas de Geoff Barrow e na voz sexy e marcante de Beth Gibbons. Destaque para a sombria "The Rip"

Na música nacional o ano não foi muito bom. Nossa MPB vive uma crise braba. Destaque para os bons e velhos de sempre. Tom Zé e seu "Ensinando a bossa, Nordeste Plaza", é sempre um caso à parte, e dessa vez com direito a polêmica com Caetano Veloso.

No início do ano, Adriana Calcanhotto voltou a cena após um longo período de dedicação ao universo infantil, lançando o bom cd "Maré". O rock nacional que não atravessa também um bom momento vive a onda do neo-folk, com Vanguart, Malu Magalhães e compania. Há quem goste. O Rappa também apresentou trabalho novo. Eu escutei e achei apenas regular. Marcelo Camelo lançou o disco "Sou" e foi bastante elogiado pelos fãs de Los Hermanos. Já Rodrigo Amarante montou com Fabrizio Moretti do Strokes o Little Joy e o cd que também leva o mesmo nome da banda é excelente. Destaco a belísima música "With Strangers" e seus ótimos backing vocals.


Bom, é isso. Que 2009 seja um ótimo ano. E se depender dos shows já agendados, tem tudo para ser um dos melhores de nossas vidas. É claro que Radiohead é o destque, e que estamos todos na torcida para a confirmação de Paul Mccartney no Brasil!

20 de dezembro de 2008

Sonho de consumo

Todo final de ano, sempre tem um cronista, escritor ou jornalista, que escreve aquela famosa crítica ao dezembro insuportável e suas peculiaridades, como por exemplo: as caixinhas de natal, amigo oculto, as sucessivas confraternizações, da intolerável hipocrisia até ao excesso de família. Afinal no natal todo mundo se ama não é mesmo?

Obviamente não passa de um exercício de rabugice. E obviamente não poderia me furtar de tal exercício. Eu odeio o Natal. Eu odeio dezembro. Odeio a competição de piscas de janela. As árvores de natal nada brasileiras (algumas tem até neve) que adornam as salas de estar. Eu odeio principalmente a multidão, que nesta época do ano, transbordam os shopping centers, uma massa alucinada, que empunhando seus cartões de crédito são disputados a tapa pelos vendedores buscando o dinheirinho extra de fim de ano, em mais um trabalho temporário e precarizado.

Consumo é a palavra que me causa calafrios. Em nossa sociedade, pós-revolução industrial, o consumo tornou-se parte fundamental da vida, hoje é talvez a principal atividade social. O consumo é cada vez mais estimulado, não só pela propaganda que nos bombardeia com os possíveis prazeres do produto anunciado, mas também pelos economistas e analistas de plantão que analisam a queda ou o aumento do consumo e consequentemente a saúde da economia.Na era do consumo logo existo, indivíduos literalmente são consumidos, fazem dívidas, se matam, extrapolam seus limites. Atrás daquele sonho de consumo, daquele objeto sem o qual ele aparentemente não conseguiria viver, o individuo acaba por encobrir o vazio que o domina. Vivemos na era do TER e não do SER. Ou melhor, na era do Parece TER, típico da era dos simulacros, aonde o princípio de realidade é alterado e espetaculrizado pela mídia. No fim das contas, você compra um celular por milhões de motivos, menos o mais básico que é ligar e receber chamadas.

Mas vamos pensar com um pouco de complacência. Tudo é consumo mesmo, não é? Nosso corpo a cada dia é consumido pelo tempo, pela ditadura do irremediável. Vivemos sempre em relações de troca. No sexo sempre consumimos ou somos consumidos. Comemos ou somos comidos.Inclusive cada vez mais o sexo é vendido. Necessitamos de consumir para sobreviver, talvez o problema esteja no como viver.

È uma pena que o projeto antropofágico de Oswald e dos modernistas seja pouco lembrado e talvez tenha se tornado irrealizável. A antropofagia a meu ver obriga o individuo a consumir, digerir e regurgitar o alimento processado. Porém o consumo contemporâneo é de caráter meramente materialista, não tem “alma” ou sentido. Inclusive o artístico. Ao contrário de um livro, um sapato (ou um Best Seller), é um mero instrumento de uso que não possui qualquer qualidade de saber. Ao invés da antropofagia, o consumismo desenfreado combina melhor com a bulimia.

PS: Talvez tenha pego pesado na foto das formosas meninas. Pode parecer machismo ou sexismo. Mas é que pra mim, mostra como hoje através da publicidade cada vez mais nosso desejo é incitado.
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14 de dezembro de 2008

Meia entrada/ Meia Verdade

No governo FHC, o monopólio da emissão das carteiras estudantis, pertencentes a UNE e a Ubes foi quebrado com o intuito de democratizar o acesso do estudante à carteirinha, e obviamente de neutralizar uma instituição de oposição ao governo, mas isso não vem ao caso. A emissão da identificação de estudante ficou a cargo do toda e qualquer “instituição de ensino”. A questão é que hoje o que se vê é uma profusão de carteirinhas falsas ou de instituições ditas educacionais que emitem carteiras à vontade, aumentando consideravelmente o numero de “estudantes” neste país analfabeto. A conseqüência imediata deste cenário é que os “empresários culturais” imediatamente elevaram seus preços alegando que em diversas ocasiões até setenta por cento da bilheteria, por exemplo, de uma peça de teatro era vendida como meia-entrada. Isto afetava o balanço financeiro da produção.Obviamente criou-se um circulo vicioso.

Com o ingresso mais caro, todos procuram uma carteira de estudante, com mais carteiras, mas caros ficam os ingressos, e chegamos a situação de o ingresso para um show, por exemplo, custar o dobro do preço real, e os empresários afirmarem na cara de pau que o preço da meia-entrada na verdade é o preço do ingresso inteiro. A verdadeira questão que se esconde sob o debate se deve ou não ter meia-entrada, se se deve limitar ou impor cotas é a questão do acesso aa cultura. A meia -entrada serve para proporcionar ao estudante e ao idoso não nos esqueçamos deles, um melhor e mais diversificado acesso ao que é produzido culturalmente no Brasil. Cultura (arte), é educação. Na tão propalada sociedade da informação, o acesso mais democrático a cultura é fundamental para o desenvolvimento e manutenção da própria democracia.

Para mim, não há dúvida. A meia-entrada inflaciona os preços dos espetáculos musicais, peças de teatro e sessões de cinema. E também não há duvidas, que o empresariado, usa a meia-entrada como álibi para ganhar (ainda) mais. Afinal, o preço dobrou, nada eles perderam. Perdas sim houve nas Companhias de Teatro que contam com a bilheteria para manter um espetáculo. Perdas existem nos cinemas onde o preço do ingresso é um dos fatores (e não o único) para a dramática falta de público. Uma casa de espetáculo patrocinada por uma poderosa empresa de telefonia, ou mesmo festival cujo nome é de uma das maiores empresas da internet creio eu não perdeu nada com a meia-entrada.

O verdadeiro perdedor é o cidadão comum, não estudante, maioria neste país, que devido ao elevado custo do ingresso não pode assistir a uma peça de teatro, e prefere esperar para ver aquele filme interessante no DVD. Muitas vezes pirata, devido ao alto preço do produto (também culpam a pirataria por isso).

A solução é voltar a ter um único emissor das carteiras, melhor inclusive que seja o ministério da educação, através das secretarias municipais, por exemplo. A UNE como instituição estudantil possui interesses políticos e não seria justo com os estudantes que não concordam com suas diretrizes financiar a suas ações. A adoção de cotas durante o fim de semana também é uma boa solução, mas com ressalvas, quem fiscalizara? Como saberemos se as cotas realmente foram preenchidas?

A regulamentação da meia-entrada serve principalmente para acabar com o álibi dos empresários, sem meia, quem eles irão culpar pelos altos preços?
Isto me lembra o momento que o Radiohead lançou o In Rainbows na internet. O fã poderia pagar quanto quisesse, inclusive pegar de graça.O mais importante desta atitude para mim foi por em xeque a constituição do preço de um produto, principalmente um produto artístico. Diga-me você qual o valor justo do cinema? , qual o valor justo do teatro? Quanto você pagaria para ver uma peça do Miguel Falabella? E um show do Belo?

Este artigo foi o que mais deu trabalho neste blog. Foram duas semanas de discussões e leituras. Muitas questões ficaram de fora, e quem quiser levanta-las, fiquem à vontade para comentar. È um tema polêmico, mas não poderíamos nos furtar deste debate.

Abaixo, o projeto da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), aprovado na Comissão de Educação do Senado, que está em tramite no Congresso Nacional
.
A meia entrada (50% do valor do ingresso) fica assegurada para estudantes e idosos (a partir de 60 anos) em salas de cinemas, cineclubes, teatros, museus, centros culturais, parques e reservas naturais, espetáculos musicais, circenses, eventos educativos, esportivos, de lazer e entretenimento.

. Impõe cota de 40% de meia entrada por espetáculo. Quando a cota for atingida, estudantes e idosos que estiverem na fila pagam entrada cheia.

. Restringe a emissão da carteira de estudante, que passa a ser controlada pelo Conselho Nacional de Fiscalização, Controle e Regulamentação da Meia Entrada e da Identificação Estudantil, vinculada à Secretaria Geral da Presidência da República.

. O conselho, que terá composição paritária, vai definir a quem competirá a impressão, provavelmente Casa da Moeda, e a permissão para emitir, provavelmente a UNE e a UBES, como no passado.

. Ficam de fora do benefício os cursinhos de inglês e pré-vestibular, os cursos alternativos, como astrologia ou eubiose e os de duração efêmera.

. A meia-entrada também não se aplica a camarotes, áreas e cadeiras especiais.

9 de dezembro de 2008

O Capitalismo Catástrofe




Um dos grandes erros dos economistas que ainda defendem o modelo liberal ou até mesmo os que acreditam no keynesianismo é não saber analisar o que seria uma crise estrutural.


Se pensarmos em termos de crise, logo nos lembraremos da crise de 29 e da superação desta por parte da intervenção estatal, o que ocorreu nos EUA através no New Deal e na Europa com o Estado de bem-estar depois da Segunda Guerra. Porém, para aqueles que ainda acreditam num possível acordo entre Capital e Trabalho mediado pelo Estado, é preciso mostrar que desde a crise do petróleo, da ascensão do neoliberalismo e da revolução tecnológica, o capitalismo entrou numa crise estrutural, tornando o desemprego crônico. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que as contradições são cumulativas convivendo com crises sistêmicas cíclicas, formando uma espécie de bola de neve, pois suas vítimas não conseguem ser re-inseridas no sistema, ao contrário da crise de 29. E porquê ocorreu em 29? Primeiramente porque o capitalismo vivia o boom da industrialização, absorvendo muita mão-de-obra para trabalhar nas fábricas seguindo o modelo taylorista-fordista. Segundo, porque não podemos omitir o fato de que duas guerras mundiais foram responsáveis por dizimar milhões de vidas em idade produtiva, fazendo com que aqueles que restaram pudessem ser incorporados, sem muita sobra. Em terceiro lugar, a tecnologia ainda não era de ponta, e não estava causando a substituição da mão-de-obra humana de maneira desenfreada como ocorre hoje. Portanto, nos dias de hoje o desemprego que atinge níveis altíssimos, encontra um sistema em processo de desindustrialização, substituição desenfreada de homens por máquinas, além da população viver mais e exigir do estado mais gastos com previdência social.


Resumo da ópera: a crise atual está jogando milhões no desemprego, estes se somam aos milhões que foram vítimas da reestruturação produtiva dos últimos trinta anos de neoliberalismo, além disso, a ciência baseada no progresso ilimitado promove a longevidade da espécie humana e paradoxalmente promove o desemprego ao acabar com postos de trabalho em todo mundo, e para fechar, o meio ambiente já não tolera mais um alto índice de consumo, bem elucidado no exemplo de que se a África toda consumisse como o ocidente consome, seriam necessárias cinco terras para depositar o lixo.

Logo resta a conclusão de que o capitalismo hoje depende de uma catástrofe para poder perpetuar-se por mais um tempo no poder! Isso é trágico e as pessoas precisam se movimentar. Os sintomas estão no ar e o mal-estar já é visível. Esperar para ver o que vai acontecer pode gerar uma mutação para pior.




Na Grécia conflitos estão ocorrendo, reverberando no mundo inteiro, e não se trata só da morte de um jovem anarquista de 15 anos, mas sim de uma síntese de múltiplos fatores que envolvem diversos atores sociais. O interessante nesse fato que está acontecendo na Grécia é que é a primeira grande manifestação pós-crise financeira. E este movimento é um sinal do que serão as manifestações do século XXI, cuja vanguarda é sem dúvida os movimentos anarquistas antiglobalização, que se conectam pela rede e conseguem através dela mobilizar mega manifestações em todo o mundo!



7 de dezembro de 2008

Brasil: Um país de malas


O campeonato brasileiro de futebol deste ano, que termina no dia de hoje, não foi um primor de qualidade técnica. Porém não podemos dizer que foi um campeonato entediante. Em sua última rodada, dois times lutam pelo titulo, e quatro times lutam para não serem rebaixados. Emoção não faltou durante todo o ano. Parte da emoção vem do sistema de pontos corridos (quem fizer mais pontos ganha), há muito tempo introduzido na Europa e somente há alguns anos no Brasil.

Os críticos dizem que falta o chame e a emoção de uma final, que este tipo de campeonato proporciona a oportunidade um time disparar na liderança e tornar o resto do campeonato uma disputa sem validade alguma. Porém os defensores argumentam, que a fórmula de disputa é mais justa, pois o time que fizer mais pontos vence, e a mais adequada, pois obriga os clubes a ser organizarem e se planejarem, questão importante, pois impede administrações irresponsáveis e também aumenta o poder de barganha dos clubes brasileiros nas negociações dos nossos jovens talentos para o futebol europeu. Pois bem. Meu interesse não é decidir qual a melhor fórmula, e sim analisar um fato.

No sistema atual, todo jogo é fundamental, o titulo pode ser decidido na primeira rodada, ou naquela derrota em casa jogando contra a lanterna. Com a proximidade do fim do campeonato algumas posições de consolidam, alguns times não possuem chances de chegar ao titulo e não correm riscos contra o rebaixamento. È neste ponto que me causa espanto como a nossa ética (ou falta) está cada vez mais dilatada. Como já disse, todos os resultados, direta ou indiretamente são importantes. Como aceitar que seu time entre com o time reserva só porque nada mais está em jogo? Com o Mineirão lotado com seus fanáticos torcedores o Atlético Mineiro pouco fez para sair do empate de zero a zero com o Santos. Foi vaiado pela própria torcida. O Botafogo, na reta final do campeonato, acumula derrotas seguidas, seus jogadores demonstram total desinteresse, e eu pergunto como fica a honra deste clube outrora conhecido como o Glorioso?

Ser jogador de futebol é o sonho de grande parte dos brasileiros. Jogar futebol é a profissão e obrigação dos jogadores. Quando você veste a camisa de um clube você não apenas mexe com a emoção de milhares de pessoas, como você possui uma responsabilidade histórica com um uniforme que com certeza está carregado de história. Jogo é jogo, não importa se vale ou não vale o campeonato. Perder sempre será uma decepção.

Este campeonato possui uma grande qualidade. Caso você ao longo do campeonato não faça a sua parte conquistando os pontos que necessita seu destino inevitavelmente estará nas mãos dos outros times. E como se não bastasse a falta de respeito com o torcedor, com esta profusão de times mistos, jogadores desmotivados e etc, tristemente assistimos aos episódios das malas. A preta e a branca. A mala preta seria uma compensação financeira dada a um time que entregasse o jogo, que perdesse. A mala branca seria um incentivo para que um determinado time ganhasse.

Em comum as duas têm a definição de serem um ato de corrupção. As rodadas finais do campeonato brasileiro têm sido marcadas por uma boataria nunca antes vista, malas voando por todo o território nacional. Esta prática sempre foi realizada por aqui, não só no futebol, na política, não só temos malas, como também dinheiro na cueca. Porém a formula de disputa jogou luz sobre a escuridão, são diversos jogos com interesses conflitantes e a falta de ética transborda também sobre esta paixão nacional. Então eu pergunto. O quanto nossa ética é maleável? Você concordaria que seu time usasse o recurso da mala para definir seu destino? Você aceitaria que seu time recebesse dinheiro para definir um resultado?

1 de dezembro de 2008

Diário de Viagem 2 - Sob o Céu de Bucareste


Nos dias de hoje, ir para um outro país sem ter tudo planejado nos mínimos detalhes é quase impensável. As pessoas se preparam com meses de antecedência, coletando informação de tudo que é possível saber, para tentar reduzir as possibilidades de erro à quase zero. Você seria classificado de minimamente irresponsável se tentasse o contrário. Pois bem, no dia 25 de maio de 2007, eu e minha companheira de viagem estávamos sentados na poltrona de um avião, vendo lá do alto as luzes disformes de uma Bucareste completamente estranha para nós. Pois não era apenas falta de alguns detalhes que nós não tínhamos, na verdade nós não tínhamos nada. Primeiramente, não sabíamos se conseguiríamos trocar euros pela moeda local, que não fazíamos idéia qual era. Segundo, não sabia aonde passaríamos a noite, pois não fizemos reservas e nem pesquisamos muitas opções. Na verdade, tínhamos apenas um nome em mente, uma tal de Vila 11, mas não sabíamos a localização, se tinha vaga, etc...Em terceiro lugar, não sabíamos nem sequer se nos deixariam entrar no país, pois não sabíamos nada, não tínhamos nada nos bolsos.



Não sabíamos nem se precisava de visto. Qualquer pergunta sobre nossas intenções na Romênia não teriam respostas satisfatórias! Para tornar nossa viagem mais complicada, não sabíamos o que era a Romênia. Não tínhamos visto fotos, não sabíamos o que tinha de interessante lá. Claro, alguma coisa obviamente nós sabíamos. Mas dá pra contar nos dedos. Vejamos. Sabíamos que durante muito tempo foi governada a mão de ferro pelo sanguinário ditador Ceausescu, que foi assassinado em 91 culminando no fim do regime comunista romeno paralelamente ao colapso da URSS. Sabia também que a Transilvânia era a terra do Conde Drácula, que influenciou a famosa obra literária de Stoker. E ponto. Ou melhor, eu sabia, que Hagi, Popescu, Dumitrescu, Raduciou, Ilie, Lupescu eram jogadores da seleção de futebol de 94 que acabou com a Argentina na Copa do Mundo dos EUA e que o Dínamo Bucareste era o time da capital. Fora isso, mais nada.
Pois bem, quando o piloto anunciou que era hora de apertar o cinto, pois estávamos nos preparando para pousar em Bucareste, nos olhamos e um sentimento de vazio absoluto, de medo do desconhecido, resumido em uma palavra "ferrou" tomou conta de nós. O aeroporto era pequeno, no vôo, apenas romenos. Eu ficava o tempo inteiro me perguntando o que eles iriam pensar se soubessem que nesse vôo tinham dois brasileiros completamente perdidos chegando no seu país.




E é a partir do momento em que descemos em solo romeno, que o surrealismo passa a imperar como gênero narrativo de nossa viagem. Ou talvez um realismo fantástico a lá Garcia Márquez.
Desembarcamos quando já era noite em Bucareste, a temperatura estava elevada, pois já estava começando o verão. Quando chegamos no controle de fronteiras, a famosa alfândega, meu estômago embrulhou de vez. Eu só pensava: "Vão nos mandar embora, não vão nos deixar passar!" Quando faltava apenas uma pessoa para minha vez, minha mão tremia. O controlador falou numa língua impronunciável que era a minha vez. Caminhei, passaporte na mão. Lentamente lhe entreguei o "verdinho", ele olhou, franziu as sobrancelhas, me olhou, olhou a foto, voltou a me olhar e de repente disse num sotaque perfeito: Brasileiro? Legal pode passar, bem vindo à Romênia! Eu não tive reação. Fiquei pasmo! Deu-me vontade de abraça-lo! Pensei comigo mesmo, “bom, entrar nós entramos e o cara ainda por cima é brasileiro ou morou no Brasil! Tive curiosidade de perguntar, mas para quê prolongar quando a situação já lhe está pra lá de favorável? Segui reto, esperei minha companheira e partimos rumo ao segundo desafio”.
Segundo passo. Trocar o dinheiro. No aeroporto havia apenas uma casa de câmbio. Uma senhora muito simpática nos atendeu. Não pediu nada, não perguntou nada. Apenas dei os euros, ela me deu os LEU (se pronuncia "LEI"). Segundo obstáculo ultrapassado. Estava mole. Próximo passo: Arrumar um táxi e ir para esse tal de Vila 11. Ah! Já ia esquecendo, outra coisa que eu sabia, ou melhor, me disseram, era que taxista na Romênia era igual ao Brasil, adeptos da malandragem! Entramos no saguão de desembarque e logo uma enxurrada de taxistas veio em cima da gente, todos falando em romeno, achando que éramos nativos. Até que um, mais isolado, perguntou numa voz calma se hablávamos español? Si si, um poquito. Fomos com ele. Perguntamos se conhecia o Vila 11. Ele disse que sim. Fomos conversando ao longo do caminho, ele nos mostrou alguns pontos da cidade quando passamos pelo centro. Bucareste nos pareceu a princípio uma cidade grande, arborizada, com um Arco do Triunfo igual ao de Paris. Em pouco tempo percebi que estávamos indo para uma área mais popular da cidade. De repente me vejo num lugar muito parecido com o Andaraí (aonde moro no rio de janeiro). Ruas escuras, casas antigas, ninguém na rua.





O táxi pára e o motorista diz: Hasta pruento! Seu espanhol perfeito era porque havia morado em Barcelona por 15 anos. Quando vi, estava de frente a uma casa muito antiga e em cima estava escrito, Vila 11! O motorista nos ajudou com a mala, entrou conosco e fez a reserva para nós, o que nos facilitou muito. A corrida deu baratinha, algo em torno de três euros. Deixamos uma gorjeta e subimos para o quarto. Vila 11 era uma casa-hostel, de família judaica, muito simples, pouca decoração, duas camas, um ventilador portátil, um banheiro minúsculo, mas na altura do campeonato, cansados, mas vivos, tudo o que queríamos era tomar banho e dormir, deixando qualquer decisão para o dia seguinte. Porém, a fome estava intensa, tivemos que sair para comprar comida. Andamos pelas ruas escuras do Andaraí Romeno até encontrarmos um posto. Compramos algumas coisas para comer, refrigerante e voltamos à Vila 11. (Continua na próxima semana!)

ps: Andaraí é um bairro da zona norte do Rio de Janeiro, que outrora já teve seus dias de glória e hoje convive com o abandono.

29 de novembro de 2008

Alguns Comentários da Classe Média Fascista no Globo online!!!!

Se quiserem uma boa explicação teórica para o que os senhores irão ler, sugiro que procurem em Hegel, quando o mestre fala da dialética do senhor e do escravo, ou então até mesmo em Zygmund Bauman, no mal-estrar da pós-modernidade, para entender esse fascismo, esse recalque da nossa hilária e falida classe-média!!!
NÃO SE ASSUSTEM, OU MELHOR, SE ASSUSTEM SIM!!!
Com vcs os Ivan Ilicht brasileiros!!!Viva Tolstoi!!!

1- Sobre o show do Radiohead, ou melhor, sobre nós que iremos

"secretaria de segurança, coloquem bastante segurança no local deste show de drogas. Os financiadores da violência estarão lá, prendam todos. Que estes paguem advogados, fiança, mas que faça doer no bolso de cada financioador da violência."(ruimdemaiss)

2-Sobre o preço de r$200,00 do show e a meia entrada

"Gente...vamos parar com a hipocrisia? Tem que ter shows para VÁRIOS gostos e de VÁRIOS preços...é assim no mundo inteiro. Vamos parar com essa mania de pobre de que TUDO tem que ser para TODOS. O brasileiro já tem show demais para pobres: futebol, como os flamengos da vida, Carnaval com a promiscuidade de sempre e paradas Gays que estão se tornando um espetáculo deprimente. Quem gostar gostou, mas temos que frequentar os ambientes em que temos condições!!"(Gostosildo)

3- Sobre o que seria um país inteligente

"O país é burro porque colocam pela janela negros, índios e pobres com essas MALDITAS cotas e quanto ao rock, continuem frequentando, mas sem depender da carteira de estudante" ( Gostosildo- eleito o novo gênio do pensamento social brasileiro)

4- Sobre o Radiohead não botar VIP`s no show. Desse, só posso falar que é um gênio, ou quer ser BIG Brother um dia

"Não é a pista vip que inflaciona o preço e sim palhaçada da meia entrada(...)"(Roger Scully - sente o recalque, pô o cara quer ser famoso, então pra que falar mal de VIP)


POR FIM...

Até agora O Globo não aceitou meu comentário, deve ter sido censurado. Mas eu não falei nada demais, só chamei os leitores de uma mistura de colonizado dócil ao melhor estilo Sergio Buarque misturado com a dialética do senhor e do escravo de Hegel. Citei Ivan Ilicht do Tolstói, mas disse que ninguém entenderia isso porque só sabem mesmo é lavar o carro aos domingos, ler a Veja e o Globo. Alguém acha que falei algo demais para ser censurado? Ou alguma mentira? Só posso concluir que o Globo tolera comentários elitistas, fascistas, preconceituosos, só porque são leitores e não fazem críticas ao jornal, logo, o Globo tb é FASCISTA, ou melhor...fascistinha...!



PS: O Show da maior banda do mundo em atividade está confirmado para Rio de Janeiro no dia 20 de março, e em São Paulo no dia 22 . As vendas começam dia 5 de dezembro. O preço é R$ 200 inteira e R$ 100 (estudante). Preparem os corações os bolsos e boa sorte nesta catarse coletiva que promete ser um dos maiores shows já vistos em Pindorama.

27 de novembro de 2008

Adeus à classe operária ?

Segunda-feira dia 24 de Novembro, Miriam Leitão em sua coluna suína (por vezes comestível normalmente intragável, sempre bem passado, porém com a certeza que faz mal pra saúde) no O Globo, analisa a crise das montadoras americanas de automóveis, as chamadas Big Three (GM, Ford, e Chrysler), que nesta semana apelou para o Governo Americano para garantir sua sobrevivência. Miriam Porcão...Ops...Escapou... Miriam Leitão culpa os altos salários dos trabalhadores das montadoras como o principal culpado pela decadência das Empresas. Bem, qual a novidade? Na hora da crise sempre sobra para o trabalhador não é? O interessante é que os números mostrados pela nossa suína comentarista mostram o contrário. Segundo Miriam:

"Um trabalhador das fabricantes de automóveis americanas, pelo menos das Big Three (GM, Ford, e Chrysler), se aposenta por tempo de serviço (30 anos) e não por idade; tem uma extraordinária cobertura de saúde, que cobre cirurgia e qualquer tratamento, inclusive dentário, de toda a família pela contribuição de US$ 21 por mês. Só o plano de saúde custa à GM US$ 5 bilhões por ano. Eles têm feito redução de custos, que os analistas de risco acham que é “muito pouco, muito tarde”. Hoje, um carro da GM sai da fábrica custando US$ 1.200 a mais do que custaria, só pelos excessos do sistema de benefícios dados aos funcionários. O custo extra pago pelo consumidor num carro da Toyota é de US$ 215. (veja o gráfico com as comparações do custo da hora de trabalho dos funcionários)."

O que chama a atenção logo de cara é realmente o valor do salário(gráfico abaixo). 70 dólares por hora não é nada mal. Algo em torno de 560 dólares por dia e 11.200 por mês considerando os dias úteis somente. Mas prestem atenção na palavra média. A palavra trabalhador no meu entender abrange todos os que trabalham na montadora. Portanto neste numero esta embutida os mega salários dos GEOS, dos executivos, ou você acha que um soldador ganha 11,200 por mês?
Mas a pérola vem a seguir. O automóvel da GM custa $1,200 a mais por causa dos salários. Vocês entenderam? O peso do salário sobre o valor final do produto e de $1,200. No Japão e $215, mas eu lhe pergunto o que é $1,200 para um carro que vale $40,000?E o ar-condicionado, freios ABS, calotas cromadas? Será realmente decisivo para a crise das montadoras, os altos salários, os benefícios e as conquistas dos trabalhadores em torno do direito a dignidade.
Mas o melhor a meu ver está no fato que a verdadeira causa para a crise da indústria automobilística está escancarada no próprio texto e tratado de forma secundária pela nossa suína comentarista.

"A China termina o ano vendendo no mercado interno um milhão de veículos a mais. Brasil, Rússia, Índia e China, juntos representam a venda de 14 milhões de carros, o mesmo volume do mercado americano”.

Ou seja, os chamados BRICS, os paises em desenvolvimento venderam juntos, o mesmo numero de carros que os EUA. Tirando o fato que é um absurdo o numero de carros vendidos nos EUA, onde de cada cinco pessoas quatro tem carro, este fato demonstra que na verdade a industria automobilística carece é de demanda. A Europa não compra mais carros, não tem porque, os paises desenvolvidos vêem o uso do transporte publico como alternativa para a crise de petróleo e o caos ambiental. No Brasil a venda de carros aumenta devido à demanda reprimida nos anos de crise financeira e a falta de investimento público no transporte. Além do sonho da casa própria começa a ganhar espaço no imaginário da classe merdia brasileira em detrimento do tão sonhado automóvel que garante status e liberdade (segundo os comerciais). O carro não é mais tão necessário, ou vantajoso. O tempo que se perde nos engarrafamentos, a violência no trânsito os gastos com combustíveis e seguro, são fatores que fazem com que a troca do modelo usado para o novo demore mais que o costume. O mercado saturou e somente uma revolução tecnológica (A GM conta com o lançamento de seu carro elétrico) pode salvar o setor industrial que mais empregou trabalhadores durante todo o século XX. Porém não é isto o que vêem nossos analistas, que se contentam com analises que somente interessam ao dono do Capital e não se faz a simples pergunta que motivou o grande criador desta grande industria, Henry Ford. Se demitirmos os trabalhadores, quem vai comprar
os carros?


Abaixo o link para o artigo de Miriam Leitão
http://http://oglobo.globo.com/economia/miriam/post.asp?t=mudar_ou_morrer&cod_Post=141937&a=496

26 de novembro de 2008

Scraps Cadáver

Com certeza o mal-estar contemporâneo se manifesta de múltiplas formas em diversas esferas da vida social e enumera-las se torna uma tarefa impossível.

Livros de auto-ajuda circulam sempre no topo dos mais vendidos das livrarias, terapias diversas para elevar a auto-estima de um eu que vaga solitário e sem história, zen-budismo para aliviar a tensão de um consumidor neófito, depressões de diversas formas atingindo em cheio jovens não incluidos no mercado formal de trabalho, novas psicopatologias como depressão, ansiedade e síndrome do pânico, talk shows em que comuns expõe sua privacidade, reallity shows, diários online que tornam público as intimidades, e por aí vai...

Diante desse cenário quase surrealista, nada mais parece chocar. Porém, um dia desses fiquei sabendo do falecimento de um colega que havia estudado comigo muitos anos atrás no colégio. Como realmente fazia muito tempo e nunca fomos próximos, fui no orkut e digitei seu nome para ver se era realmente a pessoa que eu estava imaginando que seria, e no fim era. Até aí nada demais, o problema foi quando entrei na lista de recados e vi um monte deles enviados após o seu falecimento. Isso me chocou, pois pensando friamente é algo mórbido. Você lendo mensagens emocionadas para alguém jovem que não mais vive, como se fossem textos de despedida. Pensando sobre isso, cheguei a conclusão de que as pessoas na contemporaneidade tem suas subjetividades moldadas pelo olhar dos outros, precisam diante de tanta insegurança, mostrar para uma rede de relacionamento, os seus mais nobres sentimentos. Porque, não consigo ver mais nenhuma finalidade nesse ato. O morto com certeza não mais lerá o orkut, seja aonde ele estiver, se ele realmente estiver em algum lugar. Então, na verdade não querem provar nada para o falecido, mas sim para pessoas como eu, que entraram na página e viram que alguém tem um bom coração, etc...
Eita mundo louco...

Gramsci católico! E daí?

Estava pensando em algo para escrever neste blog, quando ouvi de longe, pois a tv estava ligada na sala, a voz nauseante do William Wack, dizendo que o marxista italiano Antônio Gramsci teria morrido abraçado a imagem de uma santa, o que supostamente lhe vincularia a uma possível conversão do ateísmo comunista para um catolicismo, tão contrário ao materialismo dialético e a inversão em relação ao idealismo.
Acredito não ser uma bomba, como Waack anunciou, pois em primeiro lugar, todo o ocorrido tem apenas uma testemunha, um padre. Segundo, se isso for verdade, não altera em nada o grande teórico que Gramsci foi, influenciando o movimento comunista em todo mundo, principalmente na discussão sobre influência no campo superestrutural da cultura, rompendo com o economicismo da vertente vulgar de um marxismo alinhado a Stalin e ao pacto de varsóvia! Em terceiro lugar, em nenhum momento, a religião e o marxismo tendem a se anular completamente. A grande questão é não se utilizar da metafísica para tentar explicar o movimento do real, que é histórico e material.
O principal a ser discutido é que a insegurança em relação a morte, ainda mais num contexto tão perverso quanto o que Gramsci teve de viver, é uma insegurança ontológica da epécie humana, piorada num momento de aumento brutal da irracionalidade do nazi-fascismo. E ninguém menos que Kral Marx detectou isso, na famosa passagem de A Crítica a Filosofia do Direito de Hegel, em que coloca que "a religião é o ópio do povo", mas completa dizendo que é a necessidade espiritual num mundo que mata o espírito.

24 de novembro de 2008

Diário de Viagem 1- Romênia e Hungria (Introdução)

É engraçado pensar que hoje o efeito surpresa seja tão raro na vida de um cidadão do século XXI. Isso ocorre, em quase todos as modalidades que permeiam nossa tão previsível existência. A universalização da informação, da imagem, a possibilidade de controlar e modificar o espaço-tempo através da edição, da globalização que reduz os espaços e tornam as coisas acessíveis e desveladas, perdendo-se aquilo que havia de mais perturbador, o desconhecido.
Domingo passado, debaixo de uma chuva fina que parecia anunciar metaforicamente algo de ruim e triste para o fim do dia, almocei com meu pai num restaurante no Alto da Boa Vista. Durante a conversa, prestei atenção com muito entusiasmo nos seus relatos sobre sua sensação misturada de perturbação e fantasia, oriunda do desconhecimento que ele tinha na infância, quando ouvia pelo radio de ondas curtas, a transmissão de jogos de futebol entre a nossa seleção e times do estrangeiro. Dentre muitos exemplos, a seleção húngara de 54, lideradas por Puskas foi a que mais lhe marcou, pois como ele disse, nunca tinha visto fotos da Hungria, não sabia o que era Budapeste, que língua eles falavam, ou como eram os traços físicos de um húngaro. Tudo tinha que ser trabalhado pela imaginação, com uma carga elevada de fantasia. O que a Hungria, uma das maiores seleções de todos os tempos, representava para a imaginação de uma criança de nove anos era a de um enorme bicho-papão de camisas vermelhas.
Hoje, eu com 23 anos de idade, não só sei aonde é a Hungria, como sei também que posso em questão de minutos saber como foi à rodada do campeonato de futebol húngaro da segunda divisão, inclusive vendo os gols.
Quando falamos de viagem não estaríamos falando da mesma coisa? Milhões de turistas, doidos para consumir freneticamente os signos culturais mais importantes do mundo, viajam para lugares em que tudo, milimetricamente é planejado previamente, incluindo o uso do GPS, QUE INDICA PARA VOCÊ TUDO DE TUDO.
As imagens virtuais são digeridas todos os dias, até fotos de banheiros de hotel são observados. Por isso viajar hoje não é uma experiência tão excitante, assim como a copa do mundo de futebol também não é. Claro, que o contato com o real concreto é ainda fantástico, afinal, uma coisa é ver o Coliseu em fotos ou em filmes, outra coisa é perambular solitariamente numa tarde de inverno por suas ruínas. Mas o choque se torna cada vez menor e tudo mais previsível.Querendo fugir disso, resolvi cruzar de trem dois países que eu nunca, até então, tinha visto nenhuma imagem, sabia pouquíssimas coisas, etc...
Quando estava morando em 2007 em Portugal, resolvi fazer uma loucura e cruzar de trem toda a Romênia chegando até Budapeste, que durante anos foi o bicho papão de camisas vermelhas para o meu pai. Não avisei para ninguém, para justamente ninguém saber onde estava, somente minha companheira de viagem e eu sabíamos dessa aventura. Começará aqui, o diário de viagem número 1, cuja primeira parada será Bucareste.

19 de novembro de 2008

“O CÃO QUE INSULTAVA MULHERES, KEPLER, THE DOG”

Gerald Thomas é um dramaturgo que teve a coragem de montar no Brasil, peças de teatro que nada deviam ao que de mais avançado se produzia nos teatros vanguardistas de Londres e Nova York. Se vangloria de não pertencer a lugar algum, de levar seu teatro a Alemanha, Dinamarca, NY e vários outros lugares além de ter sido amigo de Samuel Beckett e Julian Beck. Sua mais nova realização é “O CÃO QUE INSULTAVA MULHERES, KEPLER, THE DOG” uma peça chamada de Blognovela, gestada em seu blog, onde ele ao longo do ano, postava comentários do próprio blog de modo a formar uma narrativa. O ensaio de Kepler foi transmitido ao vivo via internet. È uma loucura, todo o teatro de Gerald transborda referências e indagações. Neste ele critica a sociedade moderna e sua capacidade de fazer guerra. Quem não está acostumado estranha, mas o barato é entrar no barato. O blog do Gerald (linkado aqui no ECOS)é um imenso chat, onde um bando de loucos comentam, criticam e brigam no mais alto nível.

http://colunistas.ig.com.br/geraldthomas/

15 de novembro de 2008

Olhos do Abismo

Este artigo/crônica é de autoria do nosso amigo Roberto, freqüentador assíduo do Ecos Dissonantes. Está sendo publicado com atraso, era pra ser no período eleitoral, mas esse blogueiro aqui é meio lento. Leiam e comentem este belo e polêmico artigo.

Olhos do Abismo


À primeira vista, são personagens sazonais, temporárias; criaturas que vão embora com o fim das eleições. Livramo-nos da propaganda eleitoral, das urnas, dos candidatos, das musiquinhas e delas, tudo no mesmo pacote; tchau, saravá, até daqui a dois anos -por falta de escolha, e não de vontade. E viro o rosto para o outro lado.


Ao voltar os olhos para elas, porém -de relance que seja-, eu, míope de pensamento, as vejo como retrato amargo, desbotado, corroído. Fosse eu mais enfático emendaria "símbolos do nosso tempo", mas contenho-me -eu que flerto com o abismo. E se fosse mais desatento, encerraria o segundo parágrafo sem explicar de quem, afinal, estou falando; que personagens e retrato são esses que observo e gravo. Gravo a imagem das bandeiras dos candidatos balançando, movidas por braços finos; rostos queimados de sol e cobertos de suor, entregando folhetos sem fim; corpos moles, entediados e emburrados, aparando cartazes de políticos, fazendo mais as vezes de poste que de guardadores.


Poderia usar este terceiro parágrafo para cantar a miséria do povo submetido pela necessidade aos mais cruéis trabalhos, neste mundo selvagem e injusto. Depois descreveria o asfalto, o cheiro das ruas, as marcas dos anos e da pobreza no olhar e na pele. Depois, mandaria este texto para algum movimento social, ou para algum concurso literário de cunho realista, promovido por alguma ONG supostamente vinculada a causas populares.


O terceiro parágrafo acabou e, com ele, minha chance de participar do concurso. Pois não há cores de pobreza para serem pintadas. O que há e um rosto desbotado e sujo, de cuja boca sai uma saliva espessa que logo encontra o chão, e pernas que trabalham.


Mas este trabalho não dignifica -e nem o cuspe-e estas pessoas sabem disso. E, como não são burras, elas também sabem que se degradam a cada dia, física e moralmente. Sabem e, mesmo assim, continuam."É o fardo que o sistema lhes impõe"; "elas precisam sobreviver": estas frases estão na ponta da língua, e basta uma canetada minha para torná-las vítimas do cruel sistema, testemunhas de um crime que denunciam em seus olhares.
Olhar... Talvez em meu relance eu as tenha olhado por demais fundo nos olhos. Havia pessoas plenas ali, conscientes do que faziam, e não meras marionetes do "sistema". Olhar nos olhos delas me faz fugir um pouco das abstrações tão fáceis, genéricas e distantes: o ser humano, o brasileiro, o capitalismo... Olho e vejo pessoas; pessoas que raciocinam, atuam, fingem e escolhem. E a escolha delas não é entre agitar uma bandeira, guardar um cartaz, ou passar fome, deixar os filhos sem roupa; antes, aquele trabalho eleitoral gerará uma renda extra, para auxiliar a casa. "Extra": não se trata mais de questões de vida ou morte; adentramos no campo da escolha entre denegrir-se ou ficar sem o temporário bônus mensal.


Olhar nos olhos de alguém é sempre assustador: um abismo que se revela, que reflete para fora e projeta-se para dentro do corpo. Se não lhes foi forçado, pelo feroz sistema, o trabalho degradante -este é meu argumento-, se foi tudo uma escolha consciente entre o dinheiro e uma outra coisa que mancha, desgasta, então que moral é esta que reside no âmago destes corpos? Pois -repara bem-, enquanto nossos atos são impostos por fora, somos somente vítimas. Como pensar a questão se nos tomarmos como atores?


[corro para o espelho, para indagar meus próprios olhos]


Os pensamentos míopes de minha mente astigmática nublam meu horizonte de questões; entre a névia, pergunto-me: se não mais vítimas, então culpados? Mais turvação: como condenar ou combater uma moral que se apodera de corações e mentes, de todos, e pouco a pouco? Olho-me no espelho, vislumbro minhas rugas e abismos. Suo.



Roberto Bousquet

11 de novembro de 2008

A Melhor Notícia do Ano...

Radiohead confirma passagem pelo Brasil em site oficial

11/11 - 19:06
Redação iG Música

Foi confirmada na tarde desta terça-feira a passagem do Radiohead pelo Brasil em 2009. O país foi incluído na agenda do site oficial da banda logo depois de Chile e Argentina.
Local e data (ou datas) ainda não foram revelados. No Chile, a banda irá se apresentar dia 27 de março em Santiago e os ingressos começam já começaram a ser vendidos.


http://www.radiohead.com/tourdates/

preparem o rivotril, passiflorim, remédio do coração...não morram
antes desse show.


10 de novembro de 2008

EMA, VMB, VMA, MTV.

Neste fim de semana, ocorreu o EMA(European Music Awards), na mitíca Liverpol, Inglaterra. Fiz questão de ver. Pelo seguinte motivo, eu faço parte da geração MTV oras. E infelizmente cheguei à mesma conclusão depois de ter visto o ultimo VMA (Americano) e o VMB (brasileiro). A MTV, sucumbiu de vez ao comercialismo barato. Obviamente não sou ingênuo, a MTV sempre foi comercial. Mas sempre tinha espaço para a boa música. Michel Jackson, U2, Nirvana, Guns n´ Roses, são exemplos de bandas que tiveram suas carreiras impulsionadas pelo esquema de videoclipes da MTV. Porem com a crescente segmentação da industria (tema de um próximo post), e o surgimento da revolucionária internet, vendo sua importância diminuir, a MTV fez a escolha mais fácil. Ficou com os gigantes da industria.. A MTV Brasil, não ficou atrás e apesar de claramente alguns de seus VJs terem preferências musicais diferentes, o jabá fala mais forte, e prevalecem as bandas juvenis de rock romântico e mal feito. Saudades do Edgard, Kid Vinil, Gastão, o grande Massari e até do louco Thunderbird. Com o domínio do HIP HOP, nos EUA, era de se esperar que o VMA fosse dominado por este estilo. No VMB , com o mesmo esquema de votação do publico, os prêmios recaíram sobre as bandas juvenis. Esperava que o EMA fosse diferente, como já disse, era na mítica Liverpol, e minha memória me remetia há um ano, onde o premio foi realizado em algum país nórdico, Dinamarca ou Noruega, e o Depeche Mode ficou com os principais prêmios. Apresentado pela engraçadinha (e gostosinha) Kate Perry, e pelo canastrão (as mulheres também acham ele gostosinho) Jared Leto, o EMA foi uma grande bosta.


As indicações eram todas de artistas comerciais, Hip Hop, e Pop vagabundo e de vagabunda (tipo Britney Spears). Lamentável, as únicas citações as boas canções produzidas na terra da rainha foram Coldplay e Amy Winehouse. Os shows com excesso de pirotecnia mostravam que a imagem deveria prevalecer sobre a música. Enfim, para mim a MTV, caminha a passos largos para sua destruição, não que vá acabar, mas vai cada vez mais se restringir a um gueto, passará de produtora de estilo, a mera reprodutora de tendências. A reprodutora das vontades das grandes gravadoras.

O único momento de clareza da noite foi de Bono Vox. Chamado a apresentar o prêmio especial da noite, o de Lenda da Música. Ele conseguiu ser sincero e humilde, o que não é de seu feitio. Disse que o homenageado tinha levado as ruas, praças e lugares de Liverpol para os sonhos de todo o mundo. Que ninguém naquela festa teria sua musica tocada daqui a 200 anos, somente o homenageado por aquele prêmio. Disse que era o nosso Beethoven, que o chamavam de Sir, mas que ele o chamava de lorde. Claro que ele se referia a Paul McCartney


Pelo menos o BRITS continua firme e forte.

5 de novembro de 2008

Sonho Sonhado + Power to the People

Sonho Sonhado

Eu sonhei um sonho
Onde um homem dizia ter um sonho
E todos os que o olhavam
Acreditavam naquele sonho sonhado
Acordei e percebi que era apenas um sonho
Um sonho agradável
Que sempre retorna,
Pois quando olho em volta
Sinto falta daquele sonho sonhado.
30/01/2008


O vento da mudança mais uma vez soprou...

Nesta quarta-feira, 5 de Novembro, Barack Obama um negro de origem muçulmana foi eleito presidente dos Estados Unidos da América. Com o slogan CHANGE , Obama fez os eleitores americanos, acreditarem que era possível uma mudança. Só nos resta torcer, para que o tão cruel capitalismo americano, consiga no mínimo ser controlado, que os milhares de pobres americanos tenham assistência, que o mundo não veja mais o dragão da guerra sair da caverna por motivos obscuros. De qualquer forma o mundo acordou neste 5 de Novembro, mais leve, sem os 8 anos desastrosos de George W Bush pesando sobre os seus ombros. Boa sorte meu nego!






Em 2008 comemoramos os 40 anos das manifestações de 68, assim como os 40 anos da morte de Martin Luther King. Não há dúvidas da influência daqueles eventos nos dias de hoje. Aos poucos, as conquistas vão sendo alcançadas mas ainda resta muito por fazer.

31 de outubro de 2008

Dig Out Your Soul

Is it my imagination

Or have I finally found something worth living for?



Éramos três amigos, em uma noite qualquer de outubro. A ansiedade era grande, desde à tarde, quando um dos três alardeou que tinha baixado o novo cd do Oasis pela internet.Sentados na cama, juntos para uma primeira audição. Um frio na barriga me lembrava um mês qualquer de 1997. Where were you while we were getting high?


Em uma tarde qualquer de 1997, pelas ondas de uma FM qualquer, tomo uma porrada que nunca mais iria esquecer. O Oasis para mim fundamentou a postura que deveríamos tomar naquele fim dos anos 90. O muro tinha caído, o grunge tinha nos deprimido, sem futuro? FODA-SE. “Tonight, I'm a rock 'n' roll star” O Oasis era (é) arrogante, metido e pedante. Sim! Por isso é bom, ele botou pra fuder novamente, nada de complicações, nada de firulas. Era o bom e velho rockn roll. D'You Know What I Mean?

Ser fã do Oasis é ser louco, é não ser blasé, é estar em uma boate moderninha onde todos fazem tipo e por loucura do DJ quando soar o primeiro acorde de Live Forever, você não pensar duas vezes em abraçar seu amigo mais próximo e pular, gritar como se não houvesse amanhã. Maybe I just want to flyI want to live, I don't want to die.

Abra os braços, grite fucking Yeahh..eles voltaram, voltaram com tudo, DIG OUT YOUR SOUL. Vocês estão prontos para começar uma revolução a partir de sua cama. Novamente?


Cheers


29 de outubro de 2008

Protesto- A merda jovem de todos os dias

Partindo de um fato claro que uma porcentagem ínfima da população brasileira tem acesso a universidade pública, deveria ser "natural" que o indivíduo privilegiado com uma vaga nas prestigiosas instituições de ensino superior de nosso país fossem no mínimo educados, até porque cultos já seria pedir demais. Pois bem, estava eu nas barcas, doido para tirar uma sonequinha na hora do almoço, depois de ter andado no aterro do flamengo para comprar ingresso para o jogo do vasco(paradoxo bonito esse!) ao meio dia e não ter conseguido, diga-se de passagem, inclusive agradeço ao jornal o globo por essa informação errada, mas enfim, quando senta atrás de mim um estudante universitário, pega seu belo celular, provavelmente nos dias de hoje, um apêndice corporal sem a qual o ser humano pós moderno não vive, e simplesmente numa transmutação da funcionalidade do telefone que foi até os dias de hoje ligar, coloca uma música altíssima, para todos ouvirem o que ele está ouvindo, num completo desprezo por aqueles que não gostam de musica, ou do genero que ele colocou, ou simplestmente que amam música como eu mas que querem ler ou dormir!!!! Isso obviamente não foi a primeira vez, nem a segunda, mas me espanta por ser praticado por pessoas cunhadas na cidadania (nada muito auspicioso na minha concepção mas deixa...). E o pior não é isso, mas sim constatar uma coisa que a muito venho percebendo que é o fato de que um segmento jovem não consegue mais apreciar o som dos instrumentos musicais na sua crueza, pois as musicas chicletes da mpb sempre tocam nessas radios jovens revestidas de uma batida eletrônica que destrói a cadência da original, por sinal, a música que tocou no trajeto foi uma nova da Vanessa da Matta que é lentinha, até bonitinha, mas não é que botaram um batidão em cima dela?! Obviamente ficou uma merda, mas como é costume nos dias de hoje, uma grande merda jovem!

27 de outubro de 2008

OASIS DAY

Oasis day e os loucos fãs do Oasis. Inclusive um dos saqueadores de vento, escondido na fila aparecendo de leve no fundo.


24 de outubro de 2008

A volta dos que não foram...

O antigo presidente da Reserva Federal norte-americana Alan Greenspan reconheceu ontem, numa audição no Congresso, que falhou na regulação do sistema financeiro. "Cometi um erro ao confiar que o livre mercado pode regular-se a si próprio sem a supervisão da administração", afirmou o homem que esteve 18 anos ao comando da Fed.
Piadinha infame:
Pois é, depois do muro de Berlim cair, agora é a vez de Wall Street.
E agora Fukuyama? A história pode chegar ao fim duas vezes? O que fazer?

22 de outubro de 2008

Seja um vencedor....

Eu recebi essa pérola por e-mail e não resisti em publicar. A entrevista era muito grande, mas a apresentação já basta. Esse texto me trouxe duas questões:
1) Eu pensava que todo mundo sabia que o inconsciente influenciava na vida das pessoas, se soubesse que era uma novidade já tinha escrito um livro.
2) Dependendo da formação dada pelos pais a pessoa está mais apta ou não para assumir um cargo, segundo o multi-especialista. Pergunto: Você contrataria o filho de um especialista que tem mais de 20 mil horas de modificação de adultos?




Empresário, empreendedor, professor, psicólogo, orientador, consultor. Luiz Fernando Garcia tem muito de todos esses perfis. Especialista em comportamento humano, ele realiza um trabalho tão inusitado quanto interessante e eficaz de psicodinâmica aplicada aos negócios.
Possui 20 mil horas de aplicação comportamental, trabalhando com modificação de adultos – "não com motivação, mas com grandes intervenções de longa duração (dois, três anos)" -, reunindo um conhecimento bastante incomum: psicanálise, psicologia, comportamentalismo, qualidade administrativa e consultoria empresarial. "Antes de tudo, eu sou um empresário", diz ele.

Fez parte da equipe de orientadores e consultores do programa de alto impacto chamado Empretec, desenvolvido pela ONU - Organização das Nações Unidas, que no Brasil é de responsabilidade do Sebrae.
"Percebi que esses treinamentos de alto impacto para algumas pessoas davam muito certo, já para outras... Às vezes, as levavam a surtos psicóticos (risos). Isso me levou a estudar e depois a entender mais da ciência do comportamento, o quanto o biopsicosocial de cada um altera tudo."
A partir dessa compreensão, promoveu 1.200 entrevistas com empresários – o que deu origem ao livro "Pessoas de Resultado", Editora Gente - e concluiu que características como falta de visão e/ou falta de tomada de decisão, por exemplo, têm diretamente relação com o ambiente de criação das pessoas. "O jeito que o pai age, o jeito que a mãe age... Isso diferencia tudo."
Aprofundou-se no tema, ganhou certificações internacionais, criou técnicas e formatos que aproximam ciência do comportamento e business. Fundou a Render Capacitação, que trabalha diretamente com líderes e empresários por meio de workshops, palestras e GDs ("Grupos Dirigidos: de empresários e profissionais envolvidos com o ambiente de negócios juntos, durante 14 meses, com o propósito de adicionar a idéia da psicodinâmica ao cotidiano das empresas") e, assim, já atendeu quase 4 mil empresas e cerca de mil empresários e líderes.


Tantas experiências também foram transformadas em livros. Em 2006, escreveu "Gente que Faz" e agora, neste mês de outubro, lança "O Inconsciente na sua Vida Profissional", ambos também da Editora Gente. Neste último, relata histórias de donos de empresas que são bem-sucedidos e também dos que não conseguiram ter um estabelecimento sólido, deixando claro que, seja no sucesso ou no fracasso, o inconsciente atua invariavelmente.

17 de outubro de 2008

KRAMER X KRAMER

Polícia!
Para quem precisa
Polícia!
Para quem precisa
De polícia...

Fim de tarde nesta quinta-feira e finalmente o cara lá de cima resolve desligar o aquecedor.

Caminho tranqüilamente pelas vielas do gragoatá, em Nikiti, quando uma tv ligada mostra uma cena que parecia ser de guerra. Policiais arremessando bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e largando o dedo nas balas de borracha. Ainda de longe penso ser uma repressão qualquer, contra uma manifestação qualquer em um lugar qualquer. Aproximo-me, e vejo a legenda: Confronto entre policiais em SP. Não acredito, é o mundo se acabando. Policiais Civis, fazendo greve, saíram as ruas protestando (armados!) e entraram em confronto com a Policia Militar. KRAMER X KRAMER...Que loucura. Surrealismo perde.
1) exigir seus direitos e mais do que aceitável, com a arma na cintura não, pois deixa de ser manifestação para der coerção!
2)Porque ainda em Pindorama nós temos essa palhaçada que policia civil, policia militar, guarda municipal, guarda de trânsito, milícia...Porra, porque não unifica, policia nacional e pronto...Acaba com isso.
3)Até quando servidores da maior importância, como os policiais, médicos e professores vão continuar desvalorizados, com salários medíocres. Isso serve para os governos de todos os partidos.
4)Até quando essas porras de sindicatos vão mandar nos trabalhadores...Pelegos de merda.

E o senhor Serra hein, querendo tirar o seu da reta, culpando o PT da mobilização. Fala sério!!!!

15 de outubro de 2008

Rio 40º graus

Por favor, caso você conheça o zelador dessa joça, implore que ele desligue o aquecedor porque eu estou querendo viver de forma digna! valeu ?


"The summer sun
That blows my mind..."

10 de outubro de 2008

O artista intenso por Xico Sá

Lindo texto do grande Xico Sá , copiado do seu Blog O Carapuceiro, que cai como uma luva na nossa série de "tipos sociais" não me processem por favor...


TEATRO, TU ÉS PURO TEATRO

D´onde tratamos do ator intenso, da atriz intensa, intensíssima. Do tipo que diz, durante o nhoque-permuta no restaurante, depois de mais um Rei Lear: “Eu respiro teatro”. Ao avistar um conhecido, alardeia, quebrando o sossego do recinto: “Ah, você ainda não foi me ver?!” O ator/atriz intensos não acreditam que uma só criatura possa deixar de vê-los em cena, embora a bilheteria muitas vezes teime em desapontá-los. Como ousam deixar de nos ver? Como irão passar sem aquela montagem imperdível de um Eurípedes, de um Ibsen, de um Tchecov, de um Shakespeare?...

Clássico é clássico e vice-versa

É, o artista intenso, esse animal dramático por excelência, não se envolve com qualquer comediazinha caça-níquel da praça. Nécaras. Para este tipo de gênio, só vale uma lei: “Clássico é clássico e vice-versa”, como na boutade ludopédica do atacante Jardel. O ator/atriz intensos guardam sempre um ar solene, um conteúdo na linha “vidas passadas”. São sempre uns elisabetanos do século XV, estão sempre em Corinto, há milhões de anos atrás, vivem sempre na Grécia, zilhões de séculos a.C. –antes da “Caras”.

A fêmea trágica e intensa

A atriz intensa costuma ser mais intensa ainda que o ator intenso. Queda que as fêmeas têm para a tragédia, especula-se. Em compensação, o macho-dramaticus é mais histérico na sua intensidade. Tudo o perturba, desconcentra –principalmente o ronco emitido pelo convidado VIP que sofre de apnéia na primeira fila. O macho é mais estressadinho, cheio de nove-horas e não-me-toques. Carrega essa tensão para o palco mesmo quando na pele de um patafisico Ubu Rei. É incapaz de compreender o paradoxo do comediante, como debocharia o camarada Diderot.

O macho intenso e a estética do cachecol

O macho enquanto ator intenso vive de cachecol em todos os lugares por anda. Sempre com o pescoço envolto por aquela estranha rodilha. E, reparem, ele sempre está ajustando o cachecol ao gogó, impaciente e bufando queixas contra os seus semelhantes mais intensos ainda, contra o público despreparado para a sua grande arte, contra a política de incentivos fiscais, contra o sucesso fácil dos outros...

Dramaturgia sem botox

A fêmea intensa, com suas encantadoras olheiras, veste-se muito bem. Com um rápido pendor para o gótico simplificado, além dos adereços, anéis e brincos, agressivos no ponto certo. Jamais fará botox, para não matar a crueldade da Medéia que mora nos arredores dos seus olhos.

100% Hamlet

Todos os atores intensos e de cachecol querem mesmo é ser Hamlet. Assim como as fêmeas na pele de atrizes intensas serão todas intensíssimas Medéias.

Mas como não tem vaga de Hamlet ou de Medéias para todo mundo, certamente muitos acabarão na novela das 8, quando estarão muito mais simpáticos e trocarão, finalmente, o “conteúdo vidas passadas” por belas cenas de merchandising –todas sob rigorosa marcação brechtiana. Bravos, bravíssimos! Melhor que o Irajá... E com a vantagem de trocar a porca miséria do obrigatório jantar-permuta na cantina decadente por um Gero, um Carlota, um noite à champanhota no Spot...

Desce o pano!

9 de outubro de 2008

Cadela Perua

Ela é a cadela da perua. Vive pelas ruas do Rio rebolando seu popozinho. Sempre bem vestida, habitualmente usa calça legging pois precisa manter a forma. E muito bem cuidada, sempre bem alimentada, porém a cadela da perua sempre deixa seus predicados pelo chão. Mas não é culpa da cadela, coitada, ela não pode fazer tudo sozinha, não foi educada para isso. A cadela normalmente é poodle ,a perua normalmente é fútil, mas tanto a cadela da perua, quanto a perua cadela, passam suas vagas horas a merdar nossos já cagados caminhos.

Playboy Favelado

Eu o chamo de playboy-favelado, mas a ordem dos fatores não altera o produto. Normalmente ele utiliza transporte público, mas já foi visto em versão motorizada. Sua arma é um aparelho celular que não conformado com sua função básica de realizar telefonemas, tira onda de rádio. Fazendo uso de sua arma, o meliante se acha no direito de obrigar os demais cidadãos a escutar sua música em alto volume. Alguém poderia avisar ao nobre playboy-favelado, que transporte público não é boate e ele muito menos é DJ. A seleção de músicas, sempre é a mesma, o que caracteriza um habitus, logo, uma classe, um tipo social. Do batidão ao hip-hop, do proibidão ao super exposto, dos gritos histéricos do MC catra até a voz insurportavelmente melosa do Sean Kingston. Porque você playboy-favelado, não guarda seu péssimo gosto para si, assim como seus musculosos trabalhados nas numerosas horas vagas. Bote a camisa, mantenha o respeito, seja civilizado, meu ouvido não é pinico, cada um no seu quadrado.

ps: A palavra favelado, não se refere as pessoas civilizadas que moram nas favelas, mas sim as vítimas do falta de inserção do Estado de direito em nosso país, e sua vergonhosa situação educacional. E isto vai desde as favela, o subúrbio, passando pelos condomínios penitenciários da Barra da Tijuca até os lançadores de ovos das coberturas da zona sul.

7 de outubro de 2008

Em terra de cego...

LISBOA, Agência EFE - O escritor português José Saramago, prêmio Nobel de Literatura de 1998, diminuiu a importância do boicote da Federação Nacional de Cegos (NFB) norte-americana ao filme "Ensaio sobre a cegueira", baseado em seu livro homônimo.
Estréia de 'Ensaio sobre a cegueira' nos EUA é criticada por federação de deficientes visuais .
Saramago disse à emissora "TSF" que os dirigentes da NFB se pronunciam sobre um filme que "infelizmente não puderam ver" e que julgam por comentários de terceiros.
- Isso não é polêmica, porque para que esta exista é preciso de interlocutores. Neste caso, trata-se de uma associação de cegos que decide ter uma opinião sobre um filme que não viu - afirmou o escritor português.

pergunto:
1) Saramago foi irônico?
2) Saramago fez uso da lógica cartesiana, tão famosa entre os portugueses?
3) Saramago foi insensível ?

Se Saramago, não fosse o grande escritor que é...eu diria que essa seria uma clássica piada de português.

2 de outubro de 2008

Aumenta o som que eles voltaram!!!

30/9/2008
Por Alan McGee Jornal Guardian Tradução: Griggio postado por Allison

Alan McGee, o cara que descobriu o Oasis no começo dos anos 90 e lhes deu o contrato do Definitely Maybe, diz: “Aos 48 anos, completos ontem, eu percebi que a única banda da gravadora Creation que ainda me chama a atenção é o Oasis. E a quem não chamaria?
A banda possui 2 dos melhores e mais conhecidos compositores do mundo, e seu novo álbum Dig Out Your Soul é realmente magnífico. É como se eles tivessem re-imaginado sua discografia e feito seu verdadeiro sucessor para o What’s the Story Morning Glory, completando a ardilosa e perfeita trilogia de Rock n Roll que começou com Definitely Maybe”.O mundo da música precisa do Oasis neste momento, uma banda com mais personalidade e bom humor do que qualquer banda britânica dos últimos 10 anos.
Através de sua história, Oasis tem capturado o espírito pop do tempo (e o meu próprio) como uma banda que combina os melhores elementos dos Beatles e do Sex Pistols e emergir como esta geração de Rolling Stones.“Melhor que o Morning Glory”, se tornou um jargão de críticos quando analisando álbuns lançados após o Morning Glory, usado em reviews em uma forma aleatória como um lance desesperado de retornar a banda a seus glamurosos velhos tempos. Mas quer saber? Dig Out Your Soul é o melhor album do Oasis desde What’s the Story Morning Glory. Fácil.Os sinais eram bons quando eu encontrei os irmãos Gallagher ano passado em Los Angeles.
Nós discutimos música e, curiosamente, Noel me disse o quanto ele gostava de Glasvegas. Eu fiquei surpreso que ele tivesse ouvido sobre eles à essa altura. A noite se deu no típico deboche do Oasis: sair com Brody Dalle e Biffy Clyro e terminar em um bar a oeste de LA com o Oasis participando de uma invasão de palco.A surreal verdadeira natureza de ser Noel Gallagher deve ser bizarra. Noel, no seu melhor, escreve música sobre puro escapismo, ambições nortistas e sobre transcender a cultura de uma classe, tudo em um rock’n'roll Technicolor. A questão é: “O que você faz quando já alcançou todos os seus sonhos?” Você volta à sua juventude e a quem você era.Dig Out Your Soul funciona por que Noel tem voltado à inspiração original de sua mocidade em suas letras. Definitely Maybe era sobre seus sonhos de rock’n'roll, o estrelismo. Morning Glory era sobre alcançar o sonho. Be Here Now foi uma espécie de overdose de cocaína sobre o estrelato. E agora Dig Out Your Soul é um elo de ligação a um ontem psicodélico, novamente. Pra mim, os últimos 5 álbuns pós-Morning Glory nunca capturaram a magia dos 2 primeiros. As músicas dos 5 últimos tiveram momentos de um pop venerável e letras incríveis, mas nunca foram uma declaração completa.
Com Dig Out Your Soul, os notórios “irmãos Oasis” encontraram sua inspiração, sua alma. Isso está de volta, sem dúvida alguma.Musicalmente, é um retorno às grandes ambições e excessos de antes, com Noel dizendo: “Mas eu meio que gosto dessa idéia extravagante! Eu gostaria de fazer um álbum absolutamente colossal, sabe? Tipo com literalmente duas orquestras e coisas assim”. Dig Out Your Soul é o Oasis em seu “estilo barroco” e as puras ambições pop de Noel encaixam perfeitamente neste lado experimental.
O álbum flui com confiança e grandes músicas.Talvez seja este 7º o seu álbum da sorte? Os Beatles e os Stones lançaram Revolver e Beggar’s Banquet respectivamente, ambos eram seu 7º album, e Dig Out Your Soul está no páreo deles em termos de músicas clássicas. Ou talvez tenha sido seu amigo Paul Weller quem inspirou Noel a voltar as costas ao Britpop e tomar uma direção mais eclética depois do “22 Dreams”? Noel Gallagher disse que Shock of the Lightning era a única música que tinha o “status de single do Oasis” enquanto o resto é totalmente desconexo do som do Oasis.
Eu adorei a decisão de não fazer o álbum disponível gratuitamente para download, como o Charlatans e o Radiohead fizeram. A decisão de liberar a melodia, as cifras e incentivar o público a tocar é a cara do Noel. Não encorajando música gratuita, mas fazendo com que as pessoas peguem suas guitarras/violões, aprendam, toquem e coloquem no YouTube. Ou formar um “exército pessoal” de músicos em Nova York para que toquem as faixas de Dig Out Your Soul - Oras, e por que não?Essas músicas são fantásticas. Da abertura de Bag It Up, com o “freaks coming out through the floor”, capturando o som uma psicose de drogas; o Buffalo Springfield raga e o bater-de-pés glamuroso de Get Off Your High Horse Lady; as vibrações de uma briga de rua em Waiting for the Rapture, o barroco psicodélico à la The Left Bank de To Be Where There’s Life; a agitação de Dear Prudence em The Turning - Dig Out Your Soul é o som de algumas das maiores bandas da Grã-Bretanha ao tocar.
Os vocais espirituosos de Liam são gemas uterinas, não mais aquele grito hooligan de antigamente, ele toca como um Elvis psicodélico, extraindo as faixas com uma comandante presença. A volta de Noel no vocal de Falling Down é uma das melhores faixas em que ele canta. É subjetiva, assombrosa, e cheia da magia pura de Noel Gallagher.Eu entendo que admitir abertamente gostar de Oasis é um convite a confrontos, mas quer saber? Ser fã de Oasis é nunca ter de dizer desculpas. E eu não vou. Termino dizendo desculpas aos imitadores do Coldplay, já que a era deles de “música pra cama molhada” acabou.
Neste país, há apenas espaço para a competição entre Glasvegas e Oasis. Se você está em uma banda e não está artisticamente competindo com os atuais gênios do rock n’ roll que são Oasis ou Glasvegas, é hora de apenas parar e sair do caminho. Este é o jeito com o qual o rock n’roll deveria ser feito no Reino Unido de hoje em dia.

assinamos em baixo Alan McGee , somente uma retificação...Coldplay também e bom pra c...