9 de dezembro de 2008

O Capitalismo Catástrofe




Um dos grandes erros dos economistas que ainda defendem o modelo liberal ou até mesmo os que acreditam no keynesianismo é não saber analisar o que seria uma crise estrutural.


Se pensarmos em termos de crise, logo nos lembraremos da crise de 29 e da superação desta por parte da intervenção estatal, o que ocorreu nos EUA através no New Deal e na Europa com o Estado de bem-estar depois da Segunda Guerra. Porém, para aqueles que ainda acreditam num possível acordo entre Capital e Trabalho mediado pelo Estado, é preciso mostrar que desde a crise do petróleo, da ascensão do neoliberalismo e da revolução tecnológica, o capitalismo entrou numa crise estrutural, tornando o desemprego crônico. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que as contradições são cumulativas convivendo com crises sistêmicas cíclicas, formando uma espécie de bola de neve, pois suas vítimas não conseguem ser re-inseridas no sistema, ao contrário da crise de 29. E porquê ocorreu em 29? Primeiramente porque o capitalismo vivia o boom da industrialização, absorvendo muita mão-de-obra para trabalhar nas fábricas seguindo o modelo taylorista-fordista. Segundo, porque não podemos omitir o fato de que duas guerras mundiais foram responsáveis por dizimar milhões de vidas em idade produtiva, fazendo com que aqueles que restaram pudessem ser incorporados, sem muita sobra. Em terceiro lugar, a tecnologia ainda não era de ponta, e não estava causando a substituição da mão-de-obra humana de maneira desenfreada como ocorre hoje. Portanto, nos dias de hoje o desemprego que atinge níveis altíssimos, encontra um sistema em processo de desindustrialização, substituição desenfreada de homens por máquinas, além da população viver mais e exigir do estado mais gastos com previdência social.


Resumo da ópera: a crise atual está jogando milhões no desemprego, estes se somam aos milhões que foram vítimas da reestruturação produtiva dos últimos trinta anos de neoliberalismo, além disso, a ciência baseada no progresso ilimitado promove a longevidade da espécie humana e paradoxalmente promove o desemprego ao acabar com postos de trabalho em todo mundo, e para fechar, o meio ambiente já não tolera mais um alto índice de consumo, bem elucidado no exemplo de que se a África toda consumisse como o ocidente consome, seriam necessárias cinco terras para depositar o lixo.

Logo resta a conclusão de que o capitalismo hoje depende de uma catástrofe para poder perpetuar-se por mais um tempo no poder! Isso é trágico e as pessoas precisam se movimentar. Os sintomas estão no ar e o mal-estar já é visível. Esperar para ver o que vai acontecer pode gerar uma mutação para pior.




Na Grécia conflitos estão ocorrendo, reverberando no mundo inteiro, e não se trata só da morte de um jovem anarquista de 15 anos, mas sim de uma síntese de múltiplos fatores que envolvem diversos atores sociais. O interessante nesse fato que está acontecendo na Grécia é que é a primeira grande manifestação pós-crise financeira. E este movimento é um sinal do que serão as manifestações do século XXI, cuja vanguarda é sem dúvida os movimentos anarquistas antiglobalização, que se conectam pela rede e conseguem através dela mobilizar mega manifestações em todo o mundo!



9 comentários:

Anônimo disse...

O CAPITALISMO TEM QUE SER ANIQUILADO PELOS HOMENS E NÃO POR ELE MESMO!
A AMÉRICA TEM QUE SE MEXER!

Anônimo disse...

A Sony acabou de anunciar o corte de 10 mil postos de trabalho no Japão! Isso só hoje. Todo dia são milhares de cortes. Imagina as famílias dessas pessoas..é muito triste, mas acho que as pessoas precisam acordar. Na empresa onde trabalho não contratam sindicalizados,e a petrobrás, nosso principal cliente já anunciou corte nas compras pro ano que vem. A classe trabalhadora enquanto massa acabou, foi vencida pelo neoliberalismo, mas acredito que no século XXI seremos bem mais fortes, mas não sei se tão eficientes.

Thiago Penna disse...

Em que vai resultar essa crise eu não sei. Mas a tese do Capitalismo Catástrofe é ótima.

o atual modelo econômico´corta ao invês de gerar postos de trabalho. A reorganização do capital, visando maior margem de lucro, sempre incide sobre o trabalho. Porém como ficará um mundo com tantos desempregados. Quem irá consumir?

È preciso que se crie uma alternativa (sem voltas ao passado por favor!) ao projeto capitalista neo liberal ...que conduza novamente o trabalho ao posto de atividade essencial ao ser humano.

Carlos e Fernando...ótimos comentários, sempre me impressiona o nível dos comentários realizados aqui.Eu sou frequentador de blogs a um certo tempo e vejo que finalmente a internet evoluiu e hoje se pode falar de política e outras questões importantes sem xingamentos e outras baixarias. Como comunistas disso e daquilo, petralhas e etc...

obrigado e voltem sempre

Anônimo disse...

O meu medo é a volta do nacionalismo exacerbado. Porque todos acabam por buscar culpados pelas mazelas que estão sofrendo e geralmente os culpados são os portadores de estigmas anteriores. Na segunda guerra foram os judeus, hoje são os muçulmanos, e assim por diante. O fortalecimento da Rússia, a europa ocidental caindo para a direita, pode gerar conflitos estranhos com a perseguição aos imigrantes. Acho que a linha da paz é tênue, não suportando uma crise de grandes proporções como esta parece ser. São muitos focos de tensão: Israel x palestina, India x Paquistão, Russia x Geórgia , Sérvia x Kosovo, Alemães x Turcos, Irâ x EUA, Iraque X EUA, fora os conflitos internos, etc...

Anônimo disse...

Vou deixar essa pergunta no ar: quem seria o motor de uma revolução hoje? Jovens? Trabalhadores? Partidos? e qual país estaria na vanguarda? Alemanha? Grécia? Rússia?

só acho que o lema proletários do mundo uni-vos está morto! Infelizmente temos que deixar Marx um pouco de lado para pensarmos a revolução na pós-moderndade. A classe trabalhadora está morta enquanto portadora da revolução, foram conquistados pelo consumo. Quem sabe os desempregados?
Enfim..está no ar a pergunta...quem se atreve a dar palpite?!

Anônimo disse...

NÓS E eles

"eles TÊM ARMAS,
NÓS TEMOS NÚMEROS
eles JOGAM AS BOMBAS
NÓS CONTAMOS OS MORTOS" (JIM MORRISON)

Anônimo disse...

"A FINITUDE NOS LEVA A REBELIÃO"

(MAIO DE 68)

Anônimo disse...

eu já disse que não faço previsões. A balança pode pender na Europa para a esquerda ou para direita. Ou para os dois lados, alguns para a extrema direita e outros para a extrema esquerda. Já vimos isso. E deu em duas grandes guerras.

Só sei que revolução se ouver será no estilo Coringa...acabando com tudo...Why so serious????

Anônimo disse...

Capitalismo catástrofe já é a muito tempo, basta pensar na áfrica...quantos morreram desde a decolonização? Na verdade, a barbárie atinge hoje o centro do sistema!!