O dia 20 de março de 2009 ficará na memória de muitos, como um dos dias inesquecíveis de suas vidas. Neste dia o Brasil viu pela primeira vez ao vivo, após 15 anos de espera, o show de uma das bandas mais importantes da história da música. As dez e cinqüenta da noite o Radiohead abriu com 15 step seu desfile de talento, som, fúria, melancolia e emoção.
O show foi perfeito, todos nos sabíamos que seria antes mesmo de começar. Não havia a menor possibilidade de decepção. Obviamente que algumas musicas "indispensáveis" faltaram. São sete álbuns de sucesso, não é possível encaixar todas. Sempre fica aquele gostinho de quero mais, apesar do cansaço visível após duas horas e meia de euforia e tensão. O final foi apoteótico (com trocadilho e tudo) com Creep, e rapidamente a comoção deu lugar ao vazio.
O buraco negro que se formou em meu peito foi tão grande que não soube na hora dar conta do que estava sentindo. Sabia que tinha faltado algo? Mas o que? Faltou Fake Plastic, faltou Where i End you Begin. Mas não eram as músicas que faltaram. Algo não aconteceu. Criar altas expectativas sempre é uma merda. A realidade nunca se compara a fantasia. Eu tentei durante toda a semana não criar expectativas.Impossível, era o show da minha vida.Foi o show da minha vida! Então o Radiohead decepcionou? Claro que não, foram perfeitos. O Tom estava empolgado. O Colin se divertiu o show todo, Jonny alucinado como sempre. O Ed O´brian se sentindo em casa, "bom pra caralho" ele disse. E o Phil Selway tranqüilo como sempre. Show irretocável. Quem decepcionou fui eu. Sou da turma do Dapieve que disse certa vez "sou do tipo de sujeito tomado pela angústia até na hora de comer pizza no domingo à noite".
Após o começo alucinante, Airbag, There There, vem a primeira surpresa. Karma Police! Centenas de gritos de puta que pariu ecoam na platéia e eu ponho a mão na cabeça. Ali começou, era aquilo que eu queria. Eu queria me perder no show do Radiohead, eu queria deixar de existir, mas eu estava ali, ainda desconectado, não estava totalmente entregue como imaginava que estaria, não chorei como imaginava que choraria, talvez com My Iron Lung? Confesso que quando tocou também de forma surpreendente How to Disappier Completely a garganta deu um nó. Talvez tenha sido o cansaço ou a dor causados pela espera, devido à ridícula idéia de festival. Talvez a adrenalina,talvez apenas a incredulidade de ver os caras ali, materializados, num espetáculo de luzes coloridas. Talvez esteja exagerando, em Idioteque pulei feito louco. A companhia era ótima e animada apesar de uma falta irreparável (você faz muita falta!). Alguma coisa não aconteceu, faltou.
O In Rainbows é a síntese do Radiohead. É o Radiohead descortinando o que será esse começo de século 21. Neste cd as músicas são redondas, uma obra fechada, perfeita. Porém eu não alcancei ainda o In Rainbows. Perdoe-me Tom, mas eu ainda não estou pronto. Eu ainda preciso da melancolia do Bends, da fúria do OK Computer, da demência do KID A / Amnesiac, e principalmente da escuridão do Hail to the Thief. Não estou preparado para o cinismo dançante do In Rainbows. Para o swing de Reckoner, para a leveza de Faust Arp, e a poesia de Weird Fishes. Estamos em tempos diferentes, talvez meu show ideal fosse o de 2003. O In Rainbows,é o disco mais primaveril do Radiohead. Ainda está lá a eterna inadequação com a existência que vem desde Creep. Ainda está lá a critica política e toda a genialidade de uma banda que sempre se supera. Porém para este pobre escriba angustiado, falta a fúria que ele tanto precisa...Falta um pouco da guitarra visceral do Jonny, rasgando meu corpo e minha mente. O que faltou foi isso, a ligação visceral entre o espectador e a banda. Quando tocou You and Whose Army ela até apareceu apesar da inacreditável apatia da platéia que me cercava.
Querido Tom, o lobo ainda espreita a minha porta, e todo à noite ele me chama. Não posso fugir disso. Eduardo Marciano me ensinou a nunca colher o fruto ainda verde , pois ele apodrecerá na sua mão. Tenho certeza que um dia nos veremos de novo, você ainda estará no auge, nós estaremos conectados.Eu sairei dos trilhos como você descreve em Nude , eu poderei enfim me perder, me consumir. Não terei grandes idéias, sem surpresas e sem alarmes. Sem artigos, sem expectativas, somente música. Até lá...
PS: Obrigado pelo melhor show da minha vida !
O show foi perfeito, todos nos sabíamos que seria antes mesmo de começar. Não havia a menor possibilidade de decepção. Obviamente que algumas musicas "indispensáveis" faltaram. São sete álbuns de sucesso, não é possível encaixar todas. Sempre fica aquele gostinho de quero mais, apesar do cansaço visível após duas horas e meia de euforia e tensão. O final foi apoteótico (com trocadilho e tudo) com Creep, e rapidamente a comoção deu lugar ao vazio.
O buraco negro que se formou em meu peito foi tão grande que não soube na hora dar conta do que estava sentindo. Sabia que tinha faltado algo? Mas o que? Faltou Fake Plastic, faltou Where i End you Begin. Mas não eram as músicas que faltaram. Algo não aconteceu. Criar altas expectativas sempre é uma merda. A realidade nunca se compara a fantasia. Eu tentei durante toda a semana não criar expectativas.Impossível, era o show da minha vida.Foi o show da minha vida! Então o Radiohead decepcionou? Claro que não, foram perfeitos. O Tom estava empolgado. O Colin se divertiu o show todo, Jonny alucinado como sempre. O Ed O´brian se sentindo em casa, "bom pra caralho" ele disse. E o Phil Selway tranqüilo como sempre. Show irretocável. Quem decepcionou fui eu. Sou da turma do Dapieve que disse certa vez "sou do tipo de sujeito tomado pela angústia até na hora de comer pizza no domingo à noite".
Após o começo alucinante, Airbag, There There, vem a primeira surpresa. Karma Police! Centenas de gritos de puta que pariu ecoam na platéia e eu ponho a mão na cabeça. Ali começou, era aquilo que eu queria. Eu queria me perder no show do Radiohead, eu queria deixar de existir, mas eu estava ali, ainda desconectado, não estava totalmente entregue como imaginava que estaria, não chorei como imaginava que choraria, talvez com My Iron Lung? Confesso que quando tocou também de forma surpreendente How to Disappier Completely a garganta deu um nó. Talvez tenha sido o cansaço ou a dor causados pela espera, devido à ridícula idéia de festival. Talvez a adrenalina,talvez apenas a incredulidade de ver os caras ali, materializados, num espetáculo de luzes coloridas. Talvez esteja exagerando, em Idioteque pulei feito louco. A companhia era ótima e animada apesar de uma falta irreparável (você faz muita falta!). Alguma coisa não aconteceu, faltou.
O In Rainbows é a síntese do Radiohead. É o Radiohead descortinando o que será esse começo de século 21. Neste cd as músicas são redondas, uma obra fechada, perfeita. Porém eu não alcancei ainda o In Rainbows. Perdoe-me Tom, mas eu ainda não estou pronto. Eu ainda preciso da melancolia do Bends, da fúria do OK Computer, da demência do KID A / Amnesiac, e principalmente da escuridão do Hail to the Thief. Não estou preparado para o cinismo dançante do In Rainbows. Para o swing de Reckoner, para a leveza de Faust Arp, e a poesia de Weird Fishes. Estamos em tempos diferentes, talvez meu show ideal fosse o de 2003. O In Rainbows,é o disco mais primaveril do Radiohead. Ainda está lá a eterna inadequação com a existência que vem desde Creep. Ainda está lá a critica política e toda a genialidade de uma banda que sempre se supera. Porém para este pobre escriba angustiado, falta a fúria que ele tanto precisa...Falta um pouco da guitarra visceral do Jonny, rasgando meu corpo e minha mente. O que faltou foi isso, a ligação visceral entre o espectador e a banda. Quando tocou You and Whose Army ela até apareceu apesar da inacreditável apatia da platéia que me cercava.
Querido Tom, o lobo ainda espreita a minha porta, e todo à noite ele me chama. Não posso fugir disso. Eduardo Marciano me ensinou a nunca colher o fruto ainda verde , pois ele apodrecerá na sua mão. Tenho certeza que um dia nos veremos de novo, você ainda estará no auge, nós estaremos conectados.Eu sairei dos trilhos como você descreve em Nude , eu poderei enfim me perder, me consumir. Não terei grandes idéias, sem surpresas e sem alarmes. Sem artigos, sem expectativas, somente música. Até lá...
PS: Obrigado pelo melhor show da minha vida !
5 comentários:
É caro amigo... e mais uma vez eu adorei sua perspectiva :)
"Poderia sintetizar a noite passada como um daqueles momentos em que a própria vida parece um filme, como quando assistimos quase inebriados ao desenrolar dos acontecimentos" - Bruno Medina.
O radio foi capaz de produzir um mesmo "arrepio" em milhares de pessoas ao mesmo tempo, apenas com sua ARTE!!! O tal do momento mágico rsrs
bjos!!!!
sem palavras..muito bonito e verdadeiro sua postagem!
mas o vazio foi preenchido com uma sapecada nos mulambos domingo, que vão ter que vender rifa e fazer muito assalto para sair da faência!!!
O "anonimo"...seu puto , acordei com um hematoma na perna só por causa daquele tombo que vc causou!!! Seu louco
In the fake plastic earth...
Postar um comentário