Poema homenagem, escrito pelo nosso amigo Nino:
Por você, por mim
Hoje, morreu meu poeta preferido( O Homem)
Não era Vinícius, Não era Drummond.
Tampouco era o Chico.
Homem Comum,
Do Nordeste veio a migrar
Sua mãe o chamava Ribamar,
Cá entre nós, às vezes o chamo só por Gullar.Que
quando mais moço,aprendeu o Marxismo
Seu maior sonho
Era o fim do imperialismo
Mais tarde, do marxismo desacreditou.
o poeta preferido ,do meu poeta preferido
acho que era um tal de
Rimbaud
De Rimbaud,nada mais irei falar
Minha intenção, é falar apenas de Gullar
que nasceu em São Luís do Maranhão em 10 de setembro de 30
em plena “revolução”.
Em 49, ainda jovem, escreve “Um pouco acima do chão”.
Livro do qual nunca li, mas sei por Gullar, que de 100 crianças 78 morrem no Piauí
Que duro retrato da realidade que de 100 crianças 78 morrem antes de completar o anos de idade
De 100,sobram só 22
Não sei se até os 18
Terão o feijão com arroz
(The Sky above us)
Diarréia, é
“ Uma bomba suja e mansa que elimina sem barulho vários milhões de crianças”
Poesia subversiva, rara,que não comove nem o pau-de-arara
Poesia subversiva luta armada?
“Você é mais bonita que uma bola prateada”,
“que o mar azul-zafira da República Dominicana”
“e quase tão bonita quanto a Revolução Cubana”
Gullar lutou, lutou pela igualdade.
todas as coisas que falava
estão na cidade.
“O homem está na cidade
como uma coisa está em outra
e a cidade está no homem
que está em outra cidade”
não há em sua poesia,
a esperada neutralidade
“Como ser neutro se acabou de chover e a terra cheira e o asfalto cheira,
e as árvores estão lavadas com suas folhas em seus galhos”
“mas quem,dentre as hostes celestes,me reconheceria pelo caralho?”
A Vida Bate, a vida passa,as vezes sem se perceber
Em 1982 surge os Sessenta anos do PCB.Em 1922,
Cantaram e fundaram o partido,
Astrojildo
e mais 8, e isto em 22
Nequete,um dos 8
citava Lênin a 3 por 2.
“Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena”.Pequena,pequenina
bem miúda
Tão pequena que é impossível sua
Gravura
Somos
Muitas Vozes
Barulhos
Somos
Muitas Vozes
Somos
É preciso lutar.Há bem e mal?
Há na vida, uma Questão, meramente Pessoal?
Nós, Latino-Americanos
“somos todos irmãos
não porque tenhamos o mesmo berço
o mesmo sobrenome
temos o mesmo trajeto de sanha e fome”
Quem coloca a bomba suja no corpo deste homem?
Gullar, Gullar
. escrevo por você,por mim
não escrevo por decreto
Gullar Gullar
Teoria do não-objeto
Gullar Gullar
O poeta do existir,
do poema sujo
“tua gengiva igual a tua bucetinha que parecia sorrir entre as
folhas de banana entre cheiros de flor e bosta de porco aberta
como uma boca do corpo(não como tua boca de palavras)”
mas como era o nome dela?
“Perdeu-se na carne fria
perdeu-se na confusão de tanta noite e tanto dia
perdeu-se na profusão das coisas acontecidas
constelações de alfabeto
noites escritas a giz
pastilhas de aniversário
domingos de futebol”
Gullar ,Gullar
Gullar
O poeta do cotidiano
Tudo bem claro
Nunca atrás dos panos
Gullar Gullar
Paulo Roberto Parreiras Que Não Passou No Vestibular
História De Um Valente
Peleja De Zé Molesta Com Tio Sam
Ferreira Gullar,
Que eu leio até de manhã!
A alegria, Ao rés-do chão,agora quis descer,e não havia chão
Pra ti, Ribamar, não há mais nada, nem a vida dura e amarga
Nem a vida
Bela
nem Helena nem Vera
nem Nara nem Gabriela
nem colo de menina
nem cheiro de tangerina
Tampouco a Tereza e a Maria
Na Vertigem Do Dia
Onde Escondeste o Verde Clarão dos Dias?
Ribamar já se foi
Com ele várias lembranças
A tarde em Buenos Aires,São Luís e sua infância
Quem tomou deste menino o seu rosto de criança?
Ribamar já se foi
Não pode nos dizer
Sobre este assunto
Jamais vamos saber
Ribamar está
Morto “a vida só consome o que a alimenta”
como todos um dia vamos estar
mas você está vivo
ainda pode mergulhar
neste universo de açucena
que venho cá te mostrar
Ribamar está morto (uma pena), mas,
Viva Ferreira Gullar!
Nino Ferreira
3 comentários:
Gullar,quem não leu precisa ler.Principalmente poema sujo.Abraços,Vasco sempre!
Retrato do Artista Quando Coisa
Aprendo com abelhas do que com aeroplanos.
É um olhar para baixo que eu nasci tendo.
É um olhar para o ser menor, para o
insignificante que eu me criei tendo.
O ser que na sociedade é chutado como uma
barata -- cresce de importância para o meu olho.
Ainda não entendi por que herdei esse olhar
para baixo.
Sempre imagino que venha de ancestralidades machucadas.
Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão --
Antes que das coisas celestiais.
Pessoas pertencidas de abandono me comovem:
tanto quanto as soberbas coisas ínfimas.
Manoel de Barros
Discípulo de João Cabral de Melo Neto...
Belo poema Nino, tá de parabéns
viva gullar, viva Manoel de Barros, bem lembrado pela Nati. Viva a porra da poesia,que na suas "coisas infímas" nos emocionam
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