27 de janeiro de 2009

O Fim de Hollywood?


Claro que não, Hollywood não acabou nem está acabando. Mas mudanças profundas estão acontecendo lá na ensolarada Califórnia. Sempre trataram o cinema como indústria. E Hollywood como o supra-sumo desta indústria. Talvez a industria cinematográfica esteja se adequando também a época da produção flexível e descentralizada. Os grandes estúdios não mais conseguem produzir os filmes de relevância do mercado americano.

De alguns anos para cá, a grande festa da industria, o OSCAR, foi inundado por indicações de filmes que antes eram conhecidos como filmes de médio porte, ou até mesmo pequeno. Tivemos Pequena Miss Sunshine , que foi viabilizado graças a um festival alternativo como Sundance. E como não lembrar de Juno! Os grandes diretores não precisam mais de Hollywood para viabilizar seus filmes, eles o fazem através de captação de recursos externos e privados ou co-produções entre diversos países.Isso quando não possuem seus próprios estúdios, investimento facilitado graças às novas tecnologias digitais. Os estúdios, ainda presos à lógica do capital, investem na “certeza” de produções como adaptações de HQs e filmes de terror seriados como Jogos Mortais. Não controlam mais a produção dos filmes relevantes, apenas os distribuem graças a sua grande estrutura comercial.


O que sei é que para o mundo do cinema, pelo menos aquele que não se importa muito com bilheteria, Cannes ainda é o festival mais importante. Mas não deixa de ser curioso ver diretores considerados alternativos como Danny Boyle do magnífico Trainspotting e Gus Van Sant do perturbador Elefante, concorrendo a honraria máxima da indústria norte-americana.

Indicados:

Melhor filme:

"Slumdog millionaire"
"Frost/Nixon"
"O curioso caso de Benjamin Button"
"Milk - A voz da liberdade"
"The reader

Melhor diretor:

Danny Boyle - "Slumdog millionaire"
Ron Howard - "Frost/Nixon"
David Fincher - "O curioso caso de Benjamin Button"
Gus Van Sant - "Milk - A voz da liberdade"
Stephen Daldry - "The reader"

Um comentário:

Sacripanta disse...

Deixe-me ver se entendi seu argumento, pé-de-vento: os grandes estúdios de cinema se transformaram em distribuidoras, não mais em produtores de películas. Certo?

É um movimento interessante e que já ocorre há algum tempo. Por um lado, podemos pensar que é uma coisa boa, pois coloca novos atores (ou melhor, diretores) na jogada, diretores que, como foi dito, chegam a independer da Sony e Fox e etc. para levantar os fundos da produção do filme.

Por outro lado, podemos também pensar que o que está acontecendo é uma terceirização da produção cinematográfica: os grandes estúdios não investem capital na produção, mas ganham rios de dinheiro em cima da produção dos outros.

Sob uma ótica, podemos pensar que a monoblóquica indústria audiovisual está abrindo espaço para filmes mais decentes (confio no elogio de vocês à lista do Careca Dourado, pois eu mesmo não vi nenhum dos filmes).

Sob outra ótica, porém, podemos pensar que o poder tenha se concentrado na distribuição, somente, e enquanto novos métodos de distribuição não surgirem, ainda são essas empresas que dão as cartas, através da seleção de filmes.

Em nosso mundo, são os distribuidores que mandam, quer os de guarda-chuva nas esquinas do Rio, quer os supermecados, ou as editoras de livros e estúdios de Hollywood.