14 de janeiro de 2009

Música Chata, Atitude Blasé e Cultura do Vazio

" È preciso ser absolutamente moderno" (Baudelaire)

O mundo explodia em 1968. O agente laranja e as bombas de napalm caíam sobre o Vietnã enquanto soldados americanos, na sua maioria negros e pobres eram enviados para uma matança desenfreada e sem sentido aos olhos da humanidade, para combater camponeses que escolheram outra via de desenvolvimento. Paralelamente o resto do mundo também explodia, porém, ao som estridente da guitarra de Hendrix, da voz apaixonada de Joplin, através da poesia profunda de Morrison e Dylan e é claro, a psicodelia magistral de Paul, John, George e Ringo. No Brasil e na América Latina, a tropicália, o cinema novo de Glauber, Chico Buarque, Milton Nascimento e todo movimento latino americano lutavam contra a opressão e a tirania das irracionais ditaduras. Em paris, em praga, na cidade do México, o confronto pela emancipação subjetiva e pelo fim do modelo disciplinar estava nas ruas. A geração Beat nos EUA. Marcuse e os intelectuais orgânicos. Sartre, Simone de Beauvoir na França de De Gaulle. Godard e a nouvelle vague. Enfim, a modernidade estava em cheque. O progresso que vinte anos antes trouxera Hitler, Mussolini, Franco, Stalin e compania e gerou mais de 20 milhões de mortos, continuava sendo uma grande ameaça para os povos e a população se manifestou. Apesar de muitos trabalhadores, agora melhores financeiramente, terem deixado a questão da luta operária para trás refugiando-se no novo modo de consumo.

Passados quarenta anos o que restou? O moderno deu lugar ao pós-moderno, sem abolir, porém, a premissa básica do primeiro, ou seja, a busca incessante pelo progresso. O mercado global tomou à frente do Estado e com isso as formas de controle tornaram-se mais sofisticadas. A moral rígida, pesada e estritamente local do estado cedeu a flexibilidade e ao relativismo do mercado financeiro. E com isso, uma grande virada paradigmática nos cerca hoje, trazendo consigo uma crise de validação discursiva, onde nada está fora, todos estamos inseridos, e como o mercado consegue aceitar e cooptar para si a afirmação e a subversão, justamente por não ter moral. Ficamos diante de um ecletismo que não se choca, convive harmonicamente e pacificamente, sem propostas, sem história, enclausurados no presente perpétuo com infinitos meios e ausência de fins.



A música contemporânea hoje carece de muitas coisas. Mas uma em especial me toca mais. Quando tinha 15 anos e ouvi pela primeira vez The Doors, rapidamente uma percepção histórica tomou conta da atmosfera formada pela evolução sonora das 10 faixas executadas. Eu pirei. Mas o mais importante para mim foi que através de uma sonoridade única, sem cópias, eu tive ferramentas para outras buscas no campo da arte e da política. Foi através deles que busquei na literatura a ficção de Huxley, o universo fantástico de Poe chegando mais profundamente nos russos, Dostoievski e Gogol e o amor pela literatura se consolidou. Na música, fui a fundo nos experimentalismos, naquilo que os havia influenciado. Cheguei ao blues, ao jazz. Cheguei ao Beatles e ao punk. Cheguei em 2000 ao Vietnã e descobri todo lado irracional do sistema. Fui buscar no cinema os filmes noir que na minha opinião combinavam com a atmosfera daquela banda, cheguei ao cinema de autor e meu amor pelo bom cinema também se consolidou. Comecei a me interessar por política. Em resumo, o que o exemplo do Doors mostra é que o sentido histórico da arte abre caminho para uma multidimensionalidade que te leva a outras buscas e infinitas descobertas. E isso falta na música de hoje. Nada é histórico, pois a lógica frenética da circulação torna tudo obsoleto rapidamente e em um mês você não lembra quem te marcou. Além disso, falta originalidade. E nessa falta de chão para criar, nessa crise do modernismo, abre-se caminho para um saudosismo, uma nostalgia que na minha opinião é inútil. Um exemplo é a cultura indie. O indie acaba sendo um neófito. Você pensa que são inteligentes, mas quando vai trocar uma idéia com o cara, percebe que por trás do ar blasé, vem um monte de imbecilidade. A onda indie é navegar na contingência do novo sem intenção de encontrar terra firme. Colecionar por colecionar. Vai da música da Noruega para a nova onda da Islândia por uma simples necessidade de diferenciação. Não tem a interação como havia em outras épocas. Se por acaso você for apaixonado por Beatles e encontrar alguém numa festa tão fanático quanto, tenho certeza que durante toda madrugada vocês falarão de Beatles, de todos os álbuns, do que os quatro de Liverpool te influenciaram, de outras bandas legais, etc... Agora, se você fala com um indie de nariz empinado sobre qualquer banda, ele já vai querer mostrar sua superioridade e mostrar que tem uma banda melhor no nordeste da Groelândia. E a conversa passa a ser uma exposição de quem sabe mais. Porra que chatice!!E a moda retrô também é um porre. É tudo pastiche. Na boa, em pleno século XXI, as pessoas tomarem a Malu Magalhães como fonte de inspiração para alguma coisa é porque algo está errado. Na boa, nada contra, mas a menina não sabe falar. Não tem nada a acrescentar em suas entrevistas, a sua música é uma má copia, ou um pastiche do Bob Dylan e ela ainda fica com aquele ar blasé de quem está conhecendo os "subversivos". Porra então vá ouvir Bob Dylan, porque esse sim é bom pra caramba e tem algo a te dizer e não essa baboseira de tchubaruba!!!

7 comentários:

Anônimo disse...

"Because something is happening here
But you don't know what it is
Do you, Mister Jones?"

a garota so tem 16 anos...não tem condição ainda de ser artista,muito mesnos fenomeno

o desespero das gravadoras provoca essa merda

Saqueadores de Vento disse...

tudo bem...mas bib dylan quando começou tinha não muito mais...só o cara criou algo novo e tinha algo a dizer..ela não passa de um pastiche seculo xxi!
não acho q a culpa seja dela..ela é uma pobre coitada! quem a ouve é que está mal!

Anônimo disse...

Realmente jabalu magalhães é muito chata e os indies são muito chatos!

Thiago Penna disse...

Jabalu magalhaes? ahahha..muito bom

Os indies megaultrapedantes são um porre...se acham alternativos mas tão mais dentro do que nunca..

Joyce, o que você ouve?

Cambaleando disse...

Eu gosto das musicas da Mallu Magalhaes e acho que vc tem séria implicância com ela. Ela tem 16 anos e enquanto as amigas dela ouvem nx zero, forfun e muitas outras bandas bostas, ela ouve música boa e faz músicas não de ótima qualidade, mas no mínimo boas. Por que encrencar tanto com ela? Ela tem idade mental de 10 anos, mas deixa ela em paz! hahahah

beijos :*

Anônimo disse...

Cambaleando: Ela está em paz..muito mais em paz do que nós! O problema em nenhum momento foi ela, o problema são jovens, mais ou menos da nossa idade que realmente acreditam que ela seja um exemplo, ou uma inspiração. Acho que talvez resida nisso, o fato de uma crise séria de legitimação pelo qual a estética artística vem passando. O século xxi chegou e as pessoas vão buscar inspirações em pessoas que ao invés de apontar para o futuro se refugiam no passado. Não seria isso um sintoma de que algo vai mal?

Maurício disse...

É impressionante cmo que nos dias atuais alguém passa a ser um fenômeno na música sem antes mesmo ter a aprovação pelo público. Até porque, muitos destes músicos atuais não fazem a menor questão de estarem perto daqueles que são realmente os responsáveis por manterem a sua chama eternamente acesa.
O meu consolo, é que estes artistas de youtube, de bandinha de comercial sempre passam, mas não passam aqueles artistas que fazem do palco a sua vida, os aplausos ou até mesmos algumas vaias a sua fonte de alimento para que possam continuar na estrada. Pois mesmo quando um dia essa estrada acabar,ficaram as mensagens atraves de acordes e versos de quem fez e assistiu um show de uma pequena ou futura grande banda de garagem.

Maurício, militante estudantil, músico e platéia de várias pequenas grndes bandas!!