12 de abril de 2009

O trânsito e a identidade coletiva do brasileiro

Em 2005 estava eu andando pelas ruas de Praga, num dia frio de outono. O vento quando soprava fazia qualquer agasalho parecer extremamente superficial. Cruzei o lindo bairro judaico Josevov, e marchei em direção ao rio Vltava. A grande maioria das ruas eram estreitas e não haviam sinais de trânsito. Chegando perto do rio, me deparei com uma grande avenida. O frio era cortante. Não havia carros passando e o sinal estava verde. Porém, ninguém atravessava. Todos ficavam parados, tremendo de frio. Pelo menos dois minutos se passaram e nenhum carro veio. Somente ao fechar o sinal, as pessoas atravessaram. Numa outra rua mais larga, o inverso. Não havia sinal. Fiquei hesitante. Muitos carros passavam. Porém, ao por os pés na rua, todos pararam e esperaram eu passar. Fiquei pensando o porque do Brasil não ser assim. Em 2007 morei em Portugal por 7 meses e foi a mesma coisa. Poucos sinais, preferência pelo pedestre, etc... Quando voltei ao Rio de Janeiro, no meu primeiro dia, me esqueci das leis que regem o trânsito aqui e atravesei sem olhar numa rua sem sinal. Quase fui atropelado e ainda por cima fui chamado de FDP pelo motorista.

O sinal de trânsito tem três conceitos, sendo dois objetivos e um subjetivo. Verde quer dizer passe, extremamente objetivo, mesmo caso para o vermelho, pare! E o amarelo? Totalmente subjetivo, pois você pode acelerar e passar antes dele ficar vermelho ou você pode reduzir e esperar o sinal fechar, ficar dois minutos parado e ao abrir, seguir em frente. A escolha está no indivíduo. Mas porque a grande maioria avança? ( Obviamente não falo de horários perigosos, etc...)

Outra: Por que quando não há sinal de trânsito a preferência é do motorista e não do pedestre?

São coisas que na minha opinião estão embutidas na identidade coletiva do nosso povo, ancorado por profundas raízes históricas!

Primeiramente, sempre existiu no nosso país a prática do favor ou da doação. Foi assim no início da nossa história enquanto Estado-nação, na época das capitanias hereditárias. Nossos lotes de terra foram doados em troca de favor. Se pensarmos em termos de escravidão, a liberdade era concedida por alforria, logo, através também do favor. Na prática do voto, idem. Coronelismo, apadrinhamento, cabresto, etc...Resumo, sempre usou-se o público através da apropriação privada. Chega-se a esfera pública através do favor e a utiliza como se fosse uma esfera privada. Essa confusão público e privado reflete-se explícitamente na corrupção generalizada da política nacional. Porém, no trânsito, ela é sutil mas não menos verdadeira.
Indivíduos escolhem seguir em frente no sinal amarelo justamente porque falta na nossa identidade a noção exata de esfera pública, de leis rígidas, de punição em caso de descumprimento. Na verdade o que realmente nos faltou foi a presença do Estado de direito, de cidadania! Logo, aonde a lei deixa margem para a interpretação, para a dúvida, o indivíduo opta quase sempre pela via da trangressão dessa "lei fluida" e não pelo enquadramento a ela. Toma-se o público como privado.

Outra questão: Nunca houve no Brasil uma verdadeira revolução que viesse de baixo, estilo Francesa ou Russa. Nossos "golpes" e "revoluções" sempre vieram de cima. Nossa independência foi proclamada por um português! Nossa breve história enquanto nação é marcada por sucessivos golpes e por pouquíssima democracia. Nunca houve uma mudança radical de ordem. Nunca houve Estado de direito, muito menos de bem-estar social. Nos faltou um Napoleão, ou até mesmo uma revolução burguesa de verdade! E olha que quem vos fala não é um entusiasta do Estado, muito menos burguês!Mas vamos em frente. O princípio básico do estado de direito é a intervenção, regulação, castração da liberdade total de indivíduos e do próprio capital em prol de uma convivência mais harmônica. Talvez o princípio das teorias contratualistas. Do Leviatã!No estado de bem estar social, o estado regula a relação capital-trabalho, evitando uma exploração desenfreada por parte do primeiro. No Brasil, como isso nunca existiu, o princípio que nos govena e que formou nossa identidade coletiva é a lei da selva, ou melhor, um Darwinismo social, ou seja, a lei do mais forte.

Logo, entre um simples pedestre pesando seus 55 Kg e um carro, uma caminhonete ou um caminhão, quem obviamente tem a preferência é o mais forte!
Então, se por acaso você estiver distraído e atravessar sem olhar numa rua sem sinal o risco de ser atropelado é altíssimo. E nunca comece a atravessar quando sinal estiver amarelo, pois fatalmente vão optar por tentar passar!

27 comentários:

Joyce disse...

Será que o fato de no sul a forte influência européia-protestante além de um estado mais rico, uma educação melhor distribuída, não seriam responsáveis pelo fato de lá o trânsito ser regido com leis parecidas com a Europa, mais ligada ao estado de direito?

Saqueadores de Vento disse...

Querida Joyce, perfeito seu comentário! Concordo plenamente. Basta ver o caso de petrópolis, cidade serrana do estado do rio de janeiro. Pequena, forte influência alemã, teve durante décadas alto padrão de vida, educação, etc...tem faculdade tradicoinal...e o trãnsito também segue o modelo europeu!

desconstrução disse...

Sem contar que existe gradação de força entre os transportes. Carro perde pra taxi, que perde pra vã, que perde pra ônibus, que perde pra caminhão, todos se xingam, um joga sobre o outro e vamos embora e tome fechada!!!!

desconstrução disse...

* van (perdão)

Thiago Penna disse...

aõ aõ aõ queremos napoleão (quem rouba? )


Petropolis não tem quase carro meu caro.

Educação, estado de direito, respeito as leis e etc...é isso ai

Guilherme disse...

Cara,´por falar em van, isso é o símbolo do subdesenvolvimento...falência do público em atender demandas por transporte publico de qualidade. Basta ver quais países tem van. México, India, Paquistão, interior da China...porra é perigoso, sem conforto e marca a falência da porra do estado!

Fernanda Póvoa disse...

Acho que a questão é um pouquinho mais objetiva: nos países europeus, as grandes cidades têm a densidade demográfica de uma cidade brasileira de médio porte, além de que a população é extremamente bem dividida em cidades de pequeno porte por todo país. Tenho certeza que em Tokio, tamanha educação e consciência não se dariam!Até mesmo a grande Berlim, não chega aos pés dos nossos 45 milhões de habitantes da grande São Paulo ou 15 milhões de toda região metropolitana do Rio De Janeiro.
Claro que podemos fazer uma análise histórica, vislumbrando o fato de o brasileiro não possuir uma identidade nacional forte ou algo do tipo, o que obviamente faz com que o captalismo e toda a ideia de individualismo que vem acoplada a tal sistema consigam penetrar com maior facilidade na população, mas ainda acho muito subjetivo no que tange ao trânsito nacional.
Temos uma malha urbana absolutamente complexa, onde a engenharia de trânsito é pífia, o q gera revolta e pouca vontade por parte das pessoas de respeitar, visto que temos a constante sensação de estarmos sendo passados pra trás e que precisamos nos virar sozinhos. Outro ponto seria a pressa e a mentalidade do time is money presente em todos os grandes polos. O fato é que no Brasil Time isn't money, time is surviving. Especialmente os países subdesenvolvidos vivem na sociedade da pressa, pressa para trabalhar com medo da demissão, pressa para ir de um lugar ao outro pela pressão, pressa de fazer algo bom no curto tempo de lazer...Essa eterna sensação de a vida escorrendo como água pelos dedos e tendo que ser vivida pra ontem!Os Europeus e os Americanos estão longe trabalhar o número de horas de um brasileiro ( porque quem acredita que o brasileiro médio trabalha 8 horas, sem contar o tempo de ir e voltar do trabalho, também acredita em gnomo), quem faz isso são somentes os imigrantes.A qualidade de vida é muito melhor, não há pressa de viver!
No mais, não penso que o que nos falta seria o Estado Democrático de Direito, estado esse que abomino e que tenho para a vida lutar contra! Leis temos inflações delas, e vc realmente acha que o que precisamos é de meios coercitivos? Efetivar o estado de polícia? Cidadania é consciencia de coletividade, Estado democrtático de Direito é manutenção do status quo em favor de quem legislou, o que muito pelo contrário, é exatamente o que gera tal sentimento de estar sempre sendo enganado ou passado pra trás.
O Estado Democrático de Direito, existe sim, está aí! Com leis como a lei de drogas que só favorece o usuário e incrimina o preto pobre. Definitivamente não é o que tá faltando!Tal pensamento me soa quase que ditatorial, além de jogar para o Estado uma responsabilidadeque não é dele somente! Não somos macacos fugindo da jaula tendo que ser contidos desesperadamente. Nosso estado é reflexo do que somos! E brecha na lei é algo muitissimo relativo, visto que existem infinidades, infinidades delas e jurispruência para tudo! Não existe brecha na lei! E não, elas não se contradizem, existe hierarquia! Essa é uma opinião da Globo! O que existem são pessoas ricas pagando bons advogados cheios de especializações que realmente conhecem a lei e conhecem recursos, e pessoas mais pobres com maus advogados que se deixam perder por falta de conhecimento do nosso texto legislativo!Infelizmente o dinheiro manda e dá acesso à quase tudo! Nossa trsiet e dramática realidade!Além do mais: é de fato uma Revolução Francesa que se quer? Ou melhor? Uma Revolução Burguesa? Isso não seria uma revolução que vem de cima? Afinal, o capital manda, não? Querer mais leis, mais penalidade e maior participação estatal é um passo pra ir pra praia de Iapnema pedir basta à Violência!
Como vc Gui ( foi vc ou o Tiago que escreveu?) , tava doido pra alguém discordar de vc!
Discordo em tudo! Tudo mesmo! Se for escrever sobre cada ponto que fiquei tensa, escreveria o rascunho da Bíblia! Te respeito absurdamente como alguém com uma intelectualidade avançada e como amigo, mas na minha humilde e mediocre opinião acho que faltou embasamento no que tange à Eficácia do Estado Democrático de Direito e suas consequências.Me soou como um texto cheio de senso comum embelezado com conhecimentos históricos.
Por sinal, ainda prefiro ser atropelada do que viver nesse Estado de castração que vc exaltou.
beijocas e não leve a mal...Opiniões, opiniões, amizades à parte!

Guilherme disse...

Até que enfim....rs

mas existem alguns pontos obscuros:

Na europa, o imigrante trabalha mais, muito mais, contribui pra previdência social e não a utiliza porque geralmente vive menos que o eurpeu graças a sua super exploração. Isso, na minha opinião, não é estado de direito, é fascismo democrático. Até porque o estado de bem-estar social ruiu em 1973. Mas existem resquícios e consequências dele.

1-Em relação ao trânsito, a grande maioria usa o transporte público, pois não tem carro. Transporte barato e de qualidade. Ou seja, estado de direito! O que sobrou dele entra ainda nessas questões, como transporte público, sem aumento de preço e que abastece toda a cidade.

2- Pega o caso do nosso metrô. Antes da privatização circulavam diariamente 80 mil pessoas. Depois da privatização circulam 200 mil pessoas diariamente, graças a expansão via trem, ônibus e outras estações. Porém, quantos carros novos foram postos em circulação? Nenhum. Talvez você não esteja pegando o metrô de manhã para ver o inferno que está. Sai briga, pessoas passam mal, um verdadeiro inferno. Daí, podemos tirar duas conclusões, na minha opinião. No Brasil, foda-se o povo e viva os lucros e ninguém aqui se levanta pra porra nenhuma. Em portugal, bastou eles aumentarem a passagem, e todos pararam. A populaçao parou! Na minha opinião, resquícios do estdo de direito. Educação de qualidade pública durante décadas geraram um povo muito mais consciente dos seus direitos como cidadão.
Para lembrar: Portugal aprovou em 2007 a lei a favor do aborto. Quando aprovaremos em referendo popular essa questão? No congresso as pessoas rezam antes de abrir os trabalhos. Como aprovar questões de célula tronco num país que ainda conserva resquícios de pré-modernidade?


3- Veja a situação dos nossos ônibus: Sindicato controlado pelos patrões, nossa assembléia controlada por empresários de ônibus, logo, eles fazem o que querem. Transportes precários, demissões em massa dos trocadores, controle dos sindicatos, aumento da passagem acima da tabela dos preços, sobrecarga de funções sobre o motorista, controle sobre todos através de cameras de segurança e controle e pra finalizar, não limitação do número de passageiros em pé. Ou seja, pode entulhar, pois assim eu ganho mais.

4- Como você passa para uma fase superior ao capitalismo sem completar suas etapas de desenvolvimento? Quando falo brincando que aqui faltou um Napoleão, quero dizer que enquanto em 1830 na França, aniquilaram a aristocracia e a igreja, acabaram com o lafifúndio e com os privilégios, aqui, o nosso capitalismo é uma síntese de tudo que há de pior. Igreja forte e formadora de opinião. Agronegócio mandando no país. Latifúndios. Criminalização dos movimentos sociais. Esatdo dominado pela elite aristocrática. Ditadura militar encoberta pelos interesses. Dominação midiática, aliada aos setores mais retrógrados da política econômica.

Pra fechar por enquanto. O Brasil é um país que é ao mesmo tempo pré-moderno e pós-moderno. Ele é pré-moderno pois conserva diversas questões que foram solucionadas com a impantação revolucionária do Estado Burguês na Europa como o latifúndio, igreja, etc... Apesar de não ser um entusiasta do capitalismo, e ter a certeza de que hoje ele é o grande inimigo dos pobre e do mundo como um todo, sendo necessário ser urgentemente superado, não tem como negar que houveram conquistas dentro dese sistema, conquistas que não chegaram até aqui, seja pela contradição estrutural do sistema ou pela fraqueza dos nossos políticos ou pelos dois. Quando Jango começou a fazer as reformas de base, foi tirado do poder pela aristocracia, apoiada pela classe média conservadora e católica no golpe de 1964. O mesmo se deu no Chile. Por que no Chile então, Pinichet foi condenado e infelizmente morreu sem pagar por seus crimes, e aqui no Brasil, muita gente ainda diz sentir falta da ditadura pois naquele tempo havia ordem, moral, familia, etc... ?

guilherme disse...

Fernanda Póvoa disse...
"Acho que a questão é um pouquinho mais objetiva: nos países europeus, as grandes cidades têm a densidade demográfica de uma cidade brasileira de médio porte, além de que a população é extremamente bem dividida em cidades de pequeno porte por todo país. "

Só um comentário. Lá como houve estado de direito, uma intervenção pública nas questões referentes a terra, a concentração nos centros urbanos não se verifica, pois não é o latifúndio que predomina no campo e expulsa os camponeses para os centros.


"Tenho certeza que em Tokio, tamanha educação e consciência não se dariam!Até mesmo a grande Berlim, não chega aos pés dos nossos 45 milhões de habitantes da grande São Paulo ou 15 milhões de toda região metropolitana do Rio De Janeiro."

Por que 45 milhões de pessoas em São Paulo e tão pouco no interior do país?


"Outro ponto seria a pressa e a mentalidade do time is money presente em todos os grandes polos. O fato é que no Brasil Time isn't money, time is surviving."

Fernanda, quem apenas sobrevive no Brasil não anda de carro. Depende do transporte coletivo, privatizado e super explorador!
Falta uma castração do Esatdo, que deixa o capital agir livremente sobre a classe trabalhadora!

"Especialmente os países subdesenvolvidos vivem na sociedade da pressa, pressa para trabalhar com medo da demissão, pressa para ir de um lugar ao outro pela pressão, pressa de fazer algo bom no curto tempo de lazer...Essa eterna sensação de a vida escorrendo como água pelos dedos e tendo que ser vivida pra ontem!Os Europeus e os Americanos estão longe trabalhar o número de horas de um brasileiro ( porque quem acredita que o brasileiro médio trabalha 8 horas, sem contar o tempo de ir e voltar do trabalho, também acredita em gnomo), quem faz isso são somentes os imigrantes.A qualidade de vida é muito melhor, não há pressa de viver!"

O que quero dizer é que quem faz cagada no Trânsito anda na maioria das vezes engravatado, com carro esporte, etc...Você fez uma análise que tenta mostrar que da minha parte houve distinção de classe, mas foi exatamente o oposto. Todos se inserem na cultura do jeitinho.

Um exemplo: Estava saindo de um show de madrugada. Não havia trânsito, não havia pressa. Eramos 5 pessoas. Tentamos pegar um táxi, estilo Fiat Doblou, que tem licitação para levar 6 passageiros. O motorista nos disse que não levaria porque tinha licitação para somente 4, que seria punido em caso de ser pego pela polícia. Ok! Vamos tentar pegar taxi na rua e fora do ponto. Continuamos andando e o taxi grande se aproximou novamente e o motorista disse: OK! Por 90 reais eu levo vocês!!!!!!" (tem explicação funcional, como vc tentou mostrar?)


"O Estado Democrático de Direito, existe sim, está aí! Com leis como a lei de drogas que só favorece o usuário e incrimina o preto pobre. Definitivamente não é o que tá faltando!Tal pensamento me soa quase que ditatorial, além de jogar para o Estado uma responsabilidadeque não é dele somente! Não somos macacos fugindo da jaula tendo que ser contidos desesperadamente. Nosso estado é reflexo do que somos"

Isso não é estado de direito! É justamente isso que quero mostrar! Estado de direito é a intervenção do público sobre a livre atuação dos poderes privados, do capital, da especulação, das tradições. Isso nunca houve no Brasil.


"Por sinal, ainda prefiro ser atropelada do que viver nesse Estado de castração que vc exaltou."

Isso é viver na barbárie. Pois em ambos os casos o axioma básico é a autovalorização do capital. Temos capitalismo aqui e capitalismo lá. Vc prefere então viver num capitalismo terceiro mundista, num país de educação pública precária, de interesses privados mandando na política, e consequentemente num país cuja a sociedade civil seja gelatinosa como a nossa?

Quantas pessoas foram as ruas pedir fim a guerra na palestina. Rio de janeiro = 5 mil
Paris = 100 000(ffrio de - 5 graus e num domingo)

Thiago Penna disse...

Fernanda, esse texto só poderia ter sido escrito pelo Guilherme. Eu nunca andei pelas ruas de Praga. Eu só ando pelos becos do Andaraí.

Com relação a essa discussão aí de vcs, não quero entrar muito não até pq tou com preguiça de ler esse artigo sociologico imenso escrito pelo nosso colega.

Só digo que fui eu que inventei essa história de precisar de um napoleão aqui em pindorama. E não tou brincando não, precisa mesmo. No plano ideal, o Estado de direito ou qualquer Estado que use a coerção é uma merda. MAs entre um Estado Republicano como o Francês e um Estamentário, burocrático e aristocrático como o Brasileiro eu prefiro o Francês. Entre Sarkozy e Alckmim eu prefiro o Sarko.

Pode me chamar de Reaça que não me importo.

Vc enumera questões importantes, como densidade populacional e etc...alias nãoi creio que SP tenha tanta gente assim...45 milhoes é muito. MAs concotdo com vc,a questão do trânsito no Brasil é uma questão "multidisciplinar". São muitas as variavéis e não só culpa da falta de Estado de DIreito.

Fernanda Póvoa disse...

Irei ler a noite, visto que estou no trabalho a resposta do Gui, mas Tiago, os dados de 45 milhões são verídicos, e constam no IBGE! E não, não é São Paulo capital somente e sim toda a grande são paulo, com suas cidades em volta ( região metropolitana). Só perde pra cidade do México que são 60 se não me engano..Beijoca

Fernanda Póvoa disse...

corrigindo..não sei se tem alguma cidade entre Cidade do Mexico e São Paulo, logo nãop sei se só perde pra essa...beijos

Guilherme disse...

só pra provocar os dois:

o trânsito de nova York é caótico, o bicho pega legal, milhões de pessoas na rua, carro pra cacete, mas, no entanto, walk é walk e don`t walk é don`t walk! neguinho respeita trânsito, ônibus para em ponto, não deixa passageiro que nem otário esperando e ruas sem sinal, prioridade é do passageiro. O que estou falando não são questões subjetivas, são objetivas pra cacete.

Se o cidadão morrer no rio de janeiro atropelado numa rua que não tem sinal, ele vai estar errado, pois a prioridade é do carro!!!!!

desconstrução disse...

Vou colocar uma questão:

Lixo no chão!
porque nos EUA, na europa em geral as ruas são limpas e aqui todo mundo joga lixo pela janela do carro ou do ônibus ou andando na rua jogam as vezes lixo no chão estando do lado de uma lixeira?

Thiago Penna disse...

Fernanda, realmente não imaginava que era tanta gente, eu entendi que era grande SP, mas não sabia que passava de 30 milhões.

como já disse são várias questões que perpassam esta discussão.

Publico X Privado
Falta de Autoridade das autoridades
Sistema repressivo que só coage o fudido
Falta de Educação
e etc etc etc

Thiago Penna disse...

Finalmente li esse post...concordo com muitas coisas, e é claro que não dá conta de tudo.

Me parece que a questão principal seria a nossa defesa do Estado Democratico de Direito. Também conhecido como Estado Burgês. Também conhecido como Dominio da Elite sobre o Povo. Também conhecido como limitação pela coletividade (sempre repressora) das "liberdades" do individuo. Também conhecido com aquela coisa que se estuda em Ciência politica e nunca se chega á um concenso.

Sobre isso a posição do Gui foi clara:
"O princípio básico do estado de direito é a intervenção, regulação, castração da liberdade total de indivíduos e do próprio capital em prol de uma convivência mais harmônica."

Isso é o que se acredita que o Estado faça. Regule, castre, mate e estupre em favor da "coletividade".

A intenção pelo que entendi, foi atraves de uma banalidade como o trânsito, demonstrar que no Brasil esse modelo de Estado, não foi totalmente implantado (ainda?) devido a nossa sociedade Hierarquica, aristocratica e canalha.È por isso que se pergunta é isso quem começou foi o maior sociologo brasileiro (Que não era burgês ou facista) Florestan Fernandes se no Brasil faltou e continuaria faltando uma "revolução francesa" uma "revolução burguesa". Revolução esta que outro grande pensador e jurista Raymundo Faoro que tb era socialista e não facista acreditava que ia acabar com o Estamento Burocrático que dominava e dirigia o País.

PAra mim essa era a intenção da postagem. Discutir sobre a relação entre público e privado, entre consiencia coletiva e consciencia individual. O por que aqui no Brasil apesar da putaria que rola no congresso ninguem vai pra rua. Enquanto na França, milhões vão.

Thiago Penna disse...

Sobre Napoleão e o nosso Fascismo :

Isso deveria ser o titulo do nosso próximo post, mas ja tou de saco cheio de puxar o saco da frança e principalmente desse assunto.

Um belo dia eu disse pro meu Amigo Guilherme. O que falta neste país é de um Napoleão. Ele me olhou assustado e riu.

Porra óbvio que não quero ditadura, óbvio que o Napoleão era um puto assassino. òbvio que eu não quero um ditador .

A questão é que Napoleao deu inicio a uma série de reformas que eram as promessas da Revoluçao ocorrida anos antes. A principal ao meu ver era a instituição de um ensino público e Laico, è neste ponto que precisamos de um "napoleão" . Mas pode ser o Cristovam Burque tb tá certo.




Quanto a defesa do Estado de Direito(a)ou qualquer tipo de Estado. Para mim isto é uma questão ideologica de dificil solução, não creio ser possivel um grande contigente de pessoas ser organizado sem um organismo que represente a todos. Não acredito em autogestão para um contigente tão grande de pessoas. Minha humilde opinião.

Se isso me faz um facista?

Não creio.Simples questão de opinião. Mas me chamem do que quiser,eu sempre prefiro palhaço

O conteudo do blog pode contribuir para o senso comum idiota que escreve para o globo?

Não creio, a intenção é ao contrário, discordar. Inclusive pelo nivel dos comentários acredito que atingimos nosso objetivo.


Falta um pouco de bom humor e senso de ironia?

Será? Talvez...da minha parte jamais.

Vamos parar de escrever sobre politica?

Nunca...quero mais é ver o circo pegar fogo, apesar de considerar este tema cada vez mais chato.

Lembrem- se meus queridos é preciso respeitar a opinião diversa. A não ser é claro que seja algo escabroso, nojento e criminoso. Não creio que este seja o caso.

Jorge Ribeiro disse...

Cara, é a primeira vez que comento nesse blog, mas vou tentar colocar minhas opiniões!

em relação ao que a Fernanda falou sobre a malha rodoviária ser precária, pífia, é preciso lembrar que foi o governo Gaspar Dutra que incentivou a integração nacional via estradas, seguindo uma pressão do governo americano.

o fato do brasileiro trabalhar mais não entra, ao meu ver, nessa questão pois quem tem carro no Brasil é classe média e alta, na sua grande maioria e quem é exigido no trabalho mais de 8 horas é comprovadamente os setores mais precarizados da economia, que segundo estatísticas do IBGE representam 12% dos usuários de carro!

Talvez tenha ocorrido um desencontro de opiniões sobre estado de direito. Na minha opinião, em concordância com o texto do Blog, no Brasil falta claramente estado de direito, pois a liberdade que o cidadão perde para o soberano não é recompensado sob a forma de bem-estar. Exemplo: paga-se IPVA, Cide e não se tem em troca estradas descentes, segurança no trânsito, somos obrigados a pagar pedágios caros, etc...
Não existe Estado de no Brasil pois o político não frequenta os seus próprios hospitais, pois não confia no seu sistema púplico de saúde. Eu já operei num hospital público e já estive em hospitais privados como visitante e você nota realmente o predomínio da lei do mais forte. No público filas demoradas, e somente pobres e na grande maioria negros. Minha filha nasceu num hospital privado e parecia mais um hotel na europa. Só brancos com carrões, atendimento personalizado.
Falta estado de direito porque rico nunca fica muito tempo preso e as cadeias precárias ficam entulhadas de "pretos, pobres, branco quase pretos,brancos, tratatos como pretos, só pra mostrar aos outros quase pretos,etc"

Pela lógica do Direito, Estado de Direito no Brasil existe. Só que toda moral é particular. Assim como todo estado. O fato de ser dito que aqui há estado de direito não quer dizer que ele realmente exista!
Assim como dizer que a pós-modernidade representa o fim dahistória, não é suficiente para encerrar a questão.

O que é preciso mudar são as lógicas que regem nosso dito estado de direito. Se bem entendi esse texto, ele tem uma forte influência de um dos clássicos do pensamento social brasileiro, que é a Revolução Burguesa do falecido Florestan Fernandes. Apesar de ter sido muito criticado (é uma tese polêmica) ainda mais sobre os auspícios das novas teorias pós modernas, uma coisa que concordo com Florestan e com o texto é o fato de termos resquícios oligárquicos na nossa constituição, na nossa cultura. Educação universal é um conceito burguês mas muito revolucionário. Será que na França eles privatizariam o país, com apoio significativo da população, como foi feito por FHC?
Nós somos pré e pós modernos. Nossas prisões parecem a Bastilha antes da revolução francesa. Percorremos ipanema e vemos a globalização, a moda fashion e meninos negros catando comida no lixo. Se existe um contrato social no Brasil ele falhou. Se exsitiu um estado de direito ele está morto. Talvez para a Globo ainda exista esse estado, mas para o cidadão comum, trabalhador, esse estado acabou, ou nunca exsistiu.
O processo de modernização capitalista se completou com a globalização. Quem entrou, entrou! Não nos permitiram entrar. E nós não entramos. Nós apoiamos o golpe militar. Nós tivemos medo do perigo vermelho. Nós não condenamos os culpados da ditadura. Nós, nos século XXI temos latifúndio!

O caráter de um povo se constrói num diálogo constante com as instituições. Quantos anos de democracia nós temos?

Deixo para a Fernanda e para os outros a pergunta no ar:
Acreditam instituições no Brasil sejam sólidas?
Logo, não haverá consequências, em caso de haver consenso sobre não se ter instituições sólidas, em todos os âmbitos da vida cultural do brasileiro?

Machado de Assis disse num lindo conto que a identidade coletiva do brasileiro era maravilhosa para a cultura mas péssima para a esfera pública.

Se o grande mal do neoliberalismo é a falta de estado, como defender menos estado ainda? Acho que devemos pedir mais estado! Educação, saúde, cultura distribuídas universalmente e não nos fecharmos em tribos e achar que nos entenderemos numa simples troca de olhar!

obrigado

O que fazer?

Thiago Penna disse...

Jorge Ribeiro, não te conheço, não lembro de vc aqui no ECOS, mas se for comentar brilhantemente assim sempre seja muito bem vindo, volte mais vezes.

Machado era um puta dum Gênio,essa eu não conhecia mas disse tudo , bom para a cultura ruim para a politica.

O que fazer? Bem, aperfeiçoar o Estado o máximo possivel, para que de suporte a população como um todo e não somente as elites.

Uma mudança no sistema de produção capitalista tb caia bem não acha? Tipo assim, quem sabe, acabar com ele!

Saqueadores de Vento disse...

Pedir mais estado não quer dizer ser fascista, nazista ou ser a favor de ditaduras. Creio que a dialética se caracteriza por tese + antítese = sintese. Como bom dialético que sou, acredito que a educação cidadã é meio passo para a superação dialética do estado. Sem educação, vive-se para o agora, aceita-se muito mais facilmente o status quo! Num mundo em que o mercado dita as regras, em que o pré moderno convive harmoicamente com o pós moderno, eu talvez abra mão da minha tendência pós-modernista para pedir justamente a etapa que nos falta. A modernidade, o estado! Mas isso, como o meu alter-ego Jorge Ribeiro colocou, fica difícil no Brasil, midiáticamente pós moderno e politicamente oligárquico!

e o trânsito?
se no Brasil, para tudo tem seu jeito, se político rouba a torto e a direito, se a lei beneficia o mais forte, se rico não vai preso, se eu abandonei a escola pra trabalhar com 7 anos de idade, se eu não sei um parágrafo da constituição, se o Estado não chega até mim, se eu tenho MBA em alguma porra qualquer e sei que posso dar uma subornada no policial, se eu sou policial e não tenho grana pra merda nenhuma e sei que posso tomar uma grana de um playboyzinho, bom...acho que contrato social, estado de direito educação cidadã ficaram no plano abstrato das conversas de bar e de blog de universitários que sabem mais ou menos teoria do estado, filosofia política e pensamento social brasileiro!!

Valeu pelos comentários!!
Debate está rendendo bem, que continuemos assim...


estas são as benécies da mídia "parcialmente livre"

saqueador disse...

O comentário do Thiago, após ler o post é o mais elucidador possível, não tenho mais o que colocar!!!

Fernanda Póvoa disse...

PEOPLE,
Ambos concordam que o estado de direito não é plenamente estabelecido no brasil, visto que a lei é para poucos.
O Guilherme defensde que atraves do estado de direito a cidadania pode ser garantida, enquanto eu penso que esse estado é uma grande falácia e que já é auto excludente, sendo sempre seletivo, independente do tipo de ideal. Deivergimos, e aí?
No mais, não entendo pq me bombardeam com coisas que eu disse, como se eu não tivesse dito, e usando contra minhas próprias opiniões. Se vcs tivessem dado algum crédito a mim, ao invés de tentarem borbardear por si só, veriam que em muitas coisas convergimos... Na boa, não entendi! Se tão tentando me convencer do que eu já acho, conseguiram! Do que eu não acho, não conseguiram... Não tenho porque mais escrever se o que digo não é nem lido e interpretado, é bombardeado por coisas semelhantes às que eu mesmo disse!
Nunca disse que o povo não se apropria do público, só achei viajante o exemplo em si, é minha HUMILDEEEEEEEEEEEEEEEEE opinião!
beijos e vamos marcar o chopp


obs: cabe ressaltar que o Estado Democrático de Direito que me refiro é o estado positivista, caso não estejamos falando a mesma língua!

Anônimo disse...

obs 2: O estado que me refiro e que existe é o Estado Democrático de direito positivo! lei já tem, ta ai, pra todo mundo! 3 por 5, quem dá mais!

Fernanda Povoa disse...

E so pra me corrigir, não discordo de tudo, mas de grande parte! Coloquei esse tudo por força de expressão pq fiquei meio chocada com o Napoleão e com os burgueses no poder =P

Mas digo e repito, opinioes, opiniões, amizades à parte! No mais, acho que me equivoquei em expor de tal forma minhas opiniões, visto que este é seu blog e seu espaço.
beijoca

Gui disse...

Cara, eu realmente interpretei errado. No fim, concordamos em muita coisa, só que como vc disse no seu primeiro comentário que discordava de tudo, tudo mesmo, achei que era TUDO, TUDO MESMO!!! Só que eu li várias vezes o que você escreveu e aquele final parecia, a meu ver, que vc não concordava em nada. Mas enfim, foi bom, bombou e nos próximos as discussões continuam...

gui disse...

o blog é público e em prol da cidadania!!!
hauhauhauahuahauhua

Thiago Penna disse...

Porra...então afinal concordamos em tudo? Que tédio!!!

Fernanda, o que pegou foi que parecia que vc não tinha entendido que o gui tb é um crítico do Estado de Direito..

Depois acho que ele expos a ideia dele sobre o Estado, nada mais precisa ser dito.

Não ache q foi bombardeada..é que vc levantou uma polemica..e tivemos q responder...não é nada pessoal..eu inclusive so me meti nessa discusão por que meu colega me ligou pedindo minha opinião, e me disse que eu estava sendo chamado de fascista e pelego do globo...ai eu me emputeço mesmo.



fique a vontade de comentar, criticar e nos mandar a merda...

Oh gui, esse blog não é publico, porque na internet não tem essa divisão, ´´e territorio livre...e não é em prol de cidadania nenhuma..coisa burguesa isso...ele prega é a dissonância!!!