Ontem dia sete de Abril, foi comemorado os 85 anos do que ficou conhecido como a "Resposta Histórica". Uma carta enviada pelo Vasco da Gama, ao presidente de AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos), liga recém-fundada pelos cinco clubes mais influentes do Rio de Janeiro na época (América, Bangu, Botafogo, Flamengo e Fluminense), informando que o Vasco não aceitaria as condições impostas ao clube como premissa da sua participação no campeonato de 1924. As condições eram variadas. Incluía a falta de um estádio próprio adequado até suspeita de atletas profissionais o que era proibido na época. Na época chamaram esses jogadores, de pessoas de "profissão duvidosa".
A criação da AMEA foi uma resposta ao triunfo do Vasco no campeonato do ano anterior até então organizado pela LMDT (Liga Metropolitana de Desportos Terrestres). Com medo do sucesso de um time da zona norte, que possuía jogadores das classes mais baixas, negros, mulatos e trabalhadores operários em contraposição os filhos da elite, os principais clubes do Rio de Janeiro usando o argumento da “profissão duvidosa” na verdade uma questão racista, pois estes eram exatamente os negros do time, tinham por objetivo excluir o Vasco da Gama do campeonato.
O Vasco deu uma resposta. Uma resposta que nos enche de orgulho e nos emociona a cada vez que é lida ou citada. A partir deste dia ser Vascaíno se tornou mais do que torcer por um clube de futebol. Tornou-se uma bandeira política, social. Uma postura ética para o resto da vida. Não foi coincidência que anos depois no estádio de São Januário, construído graças a uma cotização de seus torcedores e membros, em menos de um ano, que se tornou o maior e mais belo estádio do Brasil, o presidente Getulio Vargas assinou a CLT. Não foi por acaso, que neste mesmo período, as maiores manifestações e reuniões do Partido Comunista Brasileiro (PCB) ocorreram no estádio.
Como diz meu amigo, o Vasco é o verdadeiro clube popular e não populista como outros. Sua história nos enche de orgulho, a torcida infla o peito para cantar o quanto é feliz e o quanto nossa história é gloriosa. E poucos possuem uma história como esta. A Cruz que carregamos no peito, a cruz que é nosso batismo, essa cruz eles jamais terão!
A Carta Histórica:
Ofício nr. 261
Exmo. Sr. Dr. Arnaldo Guinle
M.D. Presidente da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos
As resoluções divulgadas hoje pela imprensa, tomadas em reunião de ontem pelos altos poderes da Associação a que V.Exa tão dignamente preside, colocam o Club de Regatas Vasco da Gama numa tal situação de inferioridade, que absolutamente não pode ser justificada nem pela deficiência do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa sede, nem pela condição modesta de grande número dos nossos associados.
Os privilégios concedidos aos cinco clubes fundadores da AMEA e a forma por que será exercido o direito de discussão e voto, e feitas as futuras classificações, obrigam-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.
Quanto à condição de eliminarmos doze (12) dos nossos jogadores das nossas equipes, resolve por unanimidade a diretoria do Club de Regatas Vasco da Gama não a dever aceitar, por não se conformar com o processo por que foi feita a investigação das posições sociais desses nossos consócios, investigações levadas a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.
Estamos certos que V.Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno da nossa parte sacrificar ao desejo de filiar-se à AMEA alguns dos que lutaram para que tivéssemos entre outras vitórias a do campeonato de futebol da cidade do Rio de Janeiro de 1923.
São esses doze jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de sua carreira e o ato público que os pode macular nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles, com tanta galhardia, cobriram de glórias.
Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V.Exa. que desistimos de fazer parte da AMEA.
Queira V.Exa. aceitar os protestos de consideração e estima de quem tem a honra de se subscrever, de V.Exa. At. Vnr. Obrigado
(a) Dr. José Augusto Prestes
Presidente
2 comentários:
Não sei o que escrever,e isso quer dizer muito.
Ser vascaíno é acima de tudo uma escolha mediada pela reflexão. Por que eu sou vascaíno? Por muitos fatores. Meu pai, o Bebeto e é claro, também a sua história!!!Hoje o vasco está se reerguendo, e está voltando a ser um clube simpático a todos. Nos últimos anos esteve parecendo a Romênia do final da era Ceausescu, fechada, intransigente, falida, ditadora, arcaica, personalista.
O VASCO É O TIME DA VIRADA, O VASCO É O TIME DO AMOR!
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