Neste fim de semana, ocorreu o EMA(European Music Awards), na mitíca Liverpol, Inglaterra. Fiz questão de ver. Pelo seguinte motivo, eu faço parte da geração MTV oras. E infelizmente cheguei à mesma conclusão depois de ter visto o ultimo VMA (Americano) e o VMB (brasileiro). A MTV, sucumbiu de vez ao comercialismo barato. Obviamente não sou ingênuo, a MTV sempre foi comercial. Mas sempre tinha espaço para a boa música. Michel Jackson, U2, Nirvana, Guns n´ Roses, são exemplos de bandas que tiveram suas carreiras impulsionadas pelo esquema de videoclipes da MTV. Porem com a crescente segmentação da industria (tema de um próximo post), e o surgimento da revolucionária internet, vendo sua importância diminuir, a MTV fez a escolha mais fácil. Ficou com os gigantes da industria.. A MTV Brasil, não ficou atrás e apesar de claramente alguns de seus VJs terem preferências musicais diferentes, o jabá fala mais forte, e prevalecem as bandas juvenis de rock romântico e mal feito. Saudades do Edgard, Kid Vinil, Gastão, o grande Massari e até do louco Thunderbird. Com o domínio do HIP HOP, nos EUA, era de se esperar que o VMA fosse dominado por este estilo. No VMB , com o mesmo esquema de votação do publico, os prêmios recaíram sobre as bandas juvenis. Esperava que o EMA fosse diferente, como já disse, era na mítica Liverpol, e minha memória me remetia há um ano, onde o premio foi realizado em algum país nórdico, Dinamarca ou Noruega, e o Depeche Mode ficou com os principais prêmios. Apresentado pela engraçadinha (e gostosinha) Kate Perry, e pelo canastrão (as mulheres também acham ele gostosinho) Jared Leto, o EMA foi uma grande bosta.
As indicações eram todas de artistas comerciais, Hip Hop, e Pop vagabundo e de vagabunda (tipo Britney Spears). Lamentável, as únicas citações as boas canções produzidas na terra da rainha foram Coldplay e Amy Winehouse. Os shows com excesso de pirotecnia mostravam que a imagem deveria prevalecer sobre a música. Enfim, para mim a MTV, caminha a passos largos para sua destruição, não que vá acabar, mas vai cada vez mais se restringir a um gueto, passará de produtora de estilo, a mera reprodutora de tendências. A reprodutora das vontades das grandes gravadoras.
O único momento de clareza da noite foi de Bono Vox. Chamado a apresentar o prêmio especial da noite, o de Lenda da Música. Ele conseguiu ser sincero e humilde, o que não é de seu feitio. Disse que o homenageado tinha levado as ruas, praças e lugares de Liverpol para os sonhos de todo o mundo. Que ninguém naquela festa teria sua musica tocada daqui a 200 anos, somente o homenageado por aquele prêmio. Disse que era o nosso Beethoven, que o chamavam de Sir, mas que ele o chamava de lorde. Claro que ele se referia a Paul McCartney
Pelo menos o BRITS continua firme e forte.
10 comentários:
Eu não sei, eu fico aqui, na madrugada, pensando com os botões do meu pijama (de vez em quando eu uso pijamas), e me pergunto se atitudes como essa da eme-tê-vê não são de fato as mais condizentes com os ideais democráticos.
Se o povo gosta de música pop e balança-a-anca (hip-hop), qual o problema em premiar estes artistas?
Se vivemos numa democracia, qual o problema em, cada vez mais, dar espaço para o júri popular?
Por que o termo "massa" tem que ganhar aqui uma conotação pejorativa, como se fosse algo completamente manipulável e sujo, de forma bastante distinta de quando é usada quando defendemos teorias de mobilização popular contra as injustiças das classes dominantes etc. etc. etc.??
Power to the people! Inclusive no mundo musical.
Sim roberto, tb acho que essa conotação negativa de "massa" e meio exagerada. è que na música ficou como adjetivo para música comercial, sem apelo artístico, enfim, objeto de manipulação comercial. O que eu critico é essa postura, existem artistas melhores do que estes, com público igualmente numeroso. Porém a MTV optou pelo publico do HIP HOP, devido a sua propensão a consumir
abração
A parada é essa mesmo mano, HIP HOP é mulher , carrão e oro..jóias
O problema da MTV, assim como do Multishow é que, diferentemente da interet, existe uma seleção de informação, edição, etc... existe um agente da enunciação que seleciona aquilo que interessa. Então, a questão que fica no ar é o quanto democrático é abrir para o povo ou a massa votar se o material circulado é restrito, ou seja, selecionado. Aí entra outra questão, que é que tipo de material circula. Seria democrático? Ou seria os interesses financeiros da Sony, EMI, BMG, etc...? Porque se repararem bem, somente clipes de certas gravadoras passam nas paradas e concorrem aos grandes premios. Então, não é democrático, porque nesse caso a oferta é restrita e manipulada, consequentemente a demanda é condicionada a votar em A ou B, que seja interessante para indústria fonográfica!!! Isso se chama colonização do imaginário popular.
Sr. Anônimo, a questão é que sempre haverá seleção e edição, não importa se estamos falando de internet ou de mídias televisivas.
Da mesma forma, sempre haverá uma interpretação, por parte do receptor, desta mensagem editada e selecionada, ainda que, sem dúvida, esta interpretação seja limitada devido ao tipo de informação disponibilizado.
Todavia, não é sintomático que, a depeito da internet e de outros tipos de mídia, as pessoas continuem a ver MTV e afins? A informação que ela disponibiliza não atende em algum grau às expectativas e gostos deste público?
Ademais, não me lembro de ter lido que a democracia prega oferta irrestrita e não manipulada. Ela propõe, isso sim, a possibilidade da opinião da maioria prevalecer. A preferência pela música pop e balança-a-bundinha e seu maior tempo na televisão e rádios me parecem, então, reflexos do gosto popular.
Quanto aos interesses econômicos, sim, é óbvio que eles existem e têm influência sobre premiações e vendagem de disco. Mas minha questão é: e daí?
Ou: como poderia ser diferente? Cada um grava seus próprios discos compactos e coloca à venda na banca de jornal, à la Lobão? Em pouco tempo teríamos discos demais para prateleiras de menos nas pequenas bancas.
Tanto o mercado musical (repara bem: mercado) quanto o literário e fílmico (acho que inventei a palavra; cinema) dependem de disribuição. o lance não é fazer um bom filme, é investir três, cinco, dez vezes o gasto com o filme em distribuição; um bom livro, bem escrito e tal, não é garantia de boas vendas porque ele precisa gastar cinco, dez vezes seu custo em divulgação e distribuição. Não se trata de dizer que o Cinemark seja um porco malvado que só exibe filmes da Universal. O lance é que a Universal, e a Sony e as outras poucas empresas grandes, têm uma esrutura inigualável de distribuição.
E o interessante, e paradoral, e triste, é que para se ter algo democrático, é indispensável a distribuição, é preciso que a informação chegue a todos.
Quanto à "colonização do imaginário popular", eu estou perto de afirmar que as pessoas querem mesmo ser colonizadas. Construir dá trabalho, cansa. É mais fácil deixar-se dominar.
[não levem muito a sério o último parágrafo]
Essa questão é complicada ,não tem fim. A questão é que sempre teve música de merda, e sempre foram populares. Grandes cçassicos não foram lidos em suas épocas, e os que foram lidos, hj são esquecidos. A questão para mim é a angustia que é em saber que temos música, literatura e arte de qualidade, ao alcançe de todos, porem não chega a todos.
A democracia como dizia Wilde é uma merda porque vulgariza tudo. Se perde a noção do bom e do ruim. Mas tb isso sempre sera relativo não? Enfim foda-se...mozart só acabará quando acabar a humanidade, já o 50 cent...
Mas o que me faz tremer, Thiago, é pensar que o Cinqüenta Centavos é o Mozart de amanhã...
Eu gostei da discussão, e achei pena ninguém ter respondido mais nada.
Eu tenho então dois pontos para reafirmar:
1) distribuição e democracia são conceitos que não podem ser desvinculados. A internet, por mais que se a exalte como um ambiente democrático e aberto, não é. Ela oferece de tudo, mas a maior parte disso se perde em ruelas escuras e estreitas e em becos virtuais.
Além disso, não basta estar ao alcance para ser democrático; se o fosse, bastaria você mudar de canal, da eme-tê-vê para a tê-vê-é, que é um excelente canal ao alcance de todos mas muitíssimo pouco visto.
2) essa questão da "qualidade" musical, é muito relativa, Thiago. Acho, seriamente, que o Cinqüenta Centavos ou alguém do naipe dele pode vir a ser um nome musical de peso, daqui a uns anos. Ou você acha que o Los Hermanos, ou o Cabeça de Rádio ocuparão esse posto?
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