3 de julho de 2010

Escorpiana

Sentado em inteiro desanimo, observava o cronometrado avançar das estações na espera de que a próxima fosse a minha. Não percebi a sua entrada,somente quando se inclinou a frente para mexer em sua bolsa, somente quando seu formidável traseiro se pois bem em frente a minha cara , foi que a percebi. Sentou-se em seguida e meus olhos encontraram os seus por uma fração de segundos,não agüentei e logo desviei tamanha energia. Era uma escorpiana, só podia ser, com aqueles olhos azuis magnéticos.De relance percebi que ainda me olhava, seus lábios formavam um pequeno sorriso, cínico. Seu corpo abundante era coberto por uma mini saia preta e uma camisa vermelha escarlate,bem justa e apertada. Era uma escorpiana, só podia ser.
Tentava controlar o incomodo que tomava meu corpo, olhava para todos os lados,para o teto, para o chão, observava todos os sapatos contidos naquele vagão, mas não ousava encará-la.Não observava, mas sentia que era observado.O tempo passava, e o desconforto só aumentava. A próxima estação foi anunciada, finalmente era a minha e respirei aliviado.Coloquei-me bem em frente à porta, queria ser o primeiro a sair daquele ambiente claustrofóbico.Pouco antes de o trem parar senti alguém se aproximando lentamente, era você postada logo atrás, podia ver pelo reflexo na porta. E somente nesse momento te encarei, olhei dentro dos seus olhos, através do reflexo do vidro. Você não desviou, me olhou provocativa. O sinal da porta tocou, e você se projetou para frente, apertou minha bunda e sussurrou em meus ouvidos: “seu frouxo”. As portas do vagão se abriram, você saiu, eu estático permaneci, até que as portas novamente se fechassem.

Um comentário:

Anônimo disse...

essa sim é poderosa!
mulheres... sempre elas, né.