Motivado pelo ótimo e fértil debate suscitado na última postagem a respeito do cenário musical contemporâneo, resolvi escrever sobre o show de horrores apresentado pela eme te vê na apresentação de seu prêmio anual.
Disseram que foi uma premiação democrática, pois atenderam a todos os estilos musicais, passando até pelo melhor twitter, vencido pelo "formador de opinião" Marcos Mion, que não se conteve e caiu em lágrimas!
O que percebi, pelo contrário, foi uma enorme homogenização.
A música popular brasileira é na minha opinião a segunda mais importante do século XX, porém, muitos sustentam que é a maior. Primeiro ou segundo lugar, o importante é que sua marca sempre foi a criatividade, o improviso, o estilo livre e a diversidade.
Se os americanos tiveram Gershwin, nós tivemos Villa-Lobos, se eles inventaram o jazz, o blues e o rock n roll, nós inventamos o samba, o choro, o baião, a bossa nova, a tropicália o mangue beach. Cartola, Noel, Jacob do Bandolin, Pixinguinha, Tom, Vinícius, Chico, Caetano, Gil, Mutantes, Raul, Chico Science,etc...
O que tantos artistas tinham em comum? Tinham em comum a diferença. Inventividade, criatividade, fazer a arte girar e evoluir, apresentar a diversidade cultural e a sofisticação de uma sociedade pluri-étnica numa explosão de estilos refinados.
Predominava um forte apelo ao particular para poder se tornar universal. A boa e velha dialética. Ser particular para ser universal.
A literatura nos ensinou. Joyce é universal por ser particular, por falar da sua cidade, Dublin. Dostoiveski idem. Só estando na arcaica Russia, poderia-se escrever "Humilhados e Ofendidos". E os exemplos são infinitos. Machado de Assis, o cronista de seu país e de seu tempo.
Na Música idem. Em 1972 Caetano lança um album seminal. "Transa". Suas faixas misturam um inglês subvertido pela musicalidade e cadência elíptica do português e um português bem característico e embalado por uma poesia com forte apelo a emoção e a memória de um povo. " Eu vim lá da Bahia (...) meu pai dormia em cama e minha mãe no pisador", ou seja o particular e o universal. A musica americana e Santo Amaro.
Hoje, vendo o VMB, sinto-me entristecido por ter uma cultura tão rica e diversa transformada numa mesmice ao sabor da indústria do entretenimento. O que adianta varias premiações para varios estilos se no fundo tudo é uma porcaria?! Uma banda dos sonhos que toca em inglês!! Todos iguais, nos discursos, na vestimenta, na atitude.
Todos os nossos gênios sabiam de onde vinham. Sabiam do seu particular. E por isso tornaram-se universais. Compartilhavam uma memória sobre um povo. Nós, filhos de uma geração perdida, não sabemos de onde viemos e nem sabemos para onde vamos. NÃO SOMOS PARTICULARES E NEM SOMOS UNIVERSAIS. Vivemos na contingência, onde tudo não passa de uma grande bufonaria! Fazemos infinitas variações sobre o nada. Não inovamos. Repetimos.
Dedico esse texto a Mercedes Sosa, que cantou como ninguém o folclore de seu povo e denunciou a opressão das ditaduras na América do Sul. Uma particular que morreu sabendo quem era, ou seja, uma universal.
Mercedes Sosa - 9/07/1935 - + 4/10/2009 +
Disseram que foi uma premiação democrática, pois atenderam a todos os estilos musicais, passando até pelo melhor twitter, vencido pelo "formador de opinião" Marcos Mion, que não se conteve e caiu em lágrimas!
O que percebi, pelo contrário, foi uma enorme homogenização.
A música popular brasileira é na minha opinião a segunda mais importante do século XX, porém, muitos sustentam que é a maior. Primeiro ou segundo lugar, o importante é que sua marca sempre foi a criatividade, o improviso, o estilo livre e a diversidade.
Se os americanos tiveram Gershwin, nós tivemos Villa-Lobos, se eles inventaram o jazz, o blues e o rock n roll, nós inventamos o samba, o choro, o baião, a bossa nova, a tropicália o mangue beach. Cartola, Noel, Jacob do Bandolin, Pixinguinha, Tom, Vinícius, Chico, Caetano, Gil, Mutantes, Raul, Chico Science,etc...
O que tantos artistas tinham em comum? Tinham em comum a diferença. Inventividade, criatividade, fazer a arte girar e evoluir, apresentar a diversidade cultural e a sofisticação de uma sociedade pluri-étnica numa explosão de estilos refinados.
Predominava um forte apelo ao particular para poder se tornar universal. A boa e velha dialética. Ser particular para ser universal.
A literatura nos ensinou. Joyce é universal por ser particular, por falar da sua cidade, Dublin. Dostoiveski idem. Só estando na arcaica Russia, poderia-se escrever "Humilhados e Ofendidos". E os exemplos são infinitos. Machado de Assis, o cronista de seu país e de seu tempo.
Na Música idem. Em 1972 Caetano lança um album seminal. "Transa". Suas faixas misturam um inglês subvertido pela musicalidade e cadência elíptica do português e um português bem característico e embalado por uma poesia com forte apelo a emoção e a memória de um povo. " Eu vim lá da Bahia (...) meu pai dormia em cama e minha mãe no pisador", ou seja o particular e o universal. A musica americana e Santo Amaro.
Hoje, vendo o VMB, sinto-me entristecido por ter uma cultura tão rica e diversa transformada numa mesmice ao sabor da indústria do entretenimento. O que adianta varias premiações para varios estilos se no fundo tudo é uma porcaria?! Uma banda dos sonhos que toca em inglês!! Todos iguais, nos discursos, na vestimenta, na atitude.
Todos os nossos gênios sabiam de onde vinham. Sabiam do seu particular. E por isso tornaram-se universais. Compartilhavam uma memória sobre um povo. Nós, filhos de uma geração perdida, não sabemos de onde viemos e nem sabemos para onde vamos. NÃO SOMOS PARTICULARES E NEM SOMOS UNIVERSAIS. Vivemos na contingência, onde tudo não passa de uma grande bufonaria! Fazemos infinitas variações sobre o nada. Não inovamos. Repetimos.
Dedico esse texto a Mercedes Sosa, que cantou como ninguém o folclore de seu povo e denunciou a opressão das ditaduras na América do Sul. Uma particular que morreu sabendo quem era, ou seja, uma universal.
Mercedes Sosa - 9/07/1935 - + 4/10/2009 +
14 comentários:
Pois é...lá se foi a Mercedes Sosa. Este ano está trágico muitos gigantes das artes morrendo
VMB? Tinha pouco artista pra muita celebridade...isto pra mim já diz tudo.
o próximo deve ser o Niemayer!
Com certeza será o Niemayer!
Aposto 100 reais, alguém que entrar nessa?
HAHAHAHAHAHAH
hahaha...
Não disse que a nossa música é a melhor!
Quero ver fazer lista melhor que essa, com pessoas la de cima...
e ainda faltou gente..
eu discordo rost...a música americana é a mais importante do século XX. A nossa é a segunda. Eles foram os inventores dos ritmos mais bem sucedidos.
quer uma lista?
Miles Davis
Billie Holiday
Louis Armstrong
Aretha Franklin
Etta James
Bob Dylan
Stan Gertz
George Gershwin
Brian Wilson
Janis Joplin
BB King
J, Coltrane
James Brown
Ray Charles
Blues , Jazz e Rock são as grandes vertentes da música do século XX e todas foram criadas lá.
Ella Fitzgerald, Countie Basie, Jim Morrison e The Doors..sem falar na geração pop que querendo ou não tem duas figuras de peso que são Michael Jackson e Madonna!
Mas em ritmos e estilos nós temos mais variedades.
obs: no texto faltou Dorival Caymmi!
Acho que vcs esqueceream dois muito importantes: Sinatra e Hendrix. Além do jazz, do blues e do rock, eles inventaram inventaram uma forma de tocar guitarra! Hendrix foi do caralho...
Nunca o VMB e a industria Fonográfica estiveram tão alinhados, ambos falidos!!!!!!!!!!
Pitty, NXzero, Fresno, Malu Magalhães, Marcelo D2, Seu jorge, Cine, Strike...que time de luxo hein???
Quase tão eruditos quanto um noel rosa!!!!!!!!!!
"que vc me adora, que me acha foda..."
uma poetisa nata a Pitty!!!
faltou o cpm 22, os 9 mil anjos, a sandy, etc...
porra..isso esta uma confraria de macacos!!!
Prefiro a música de Guam.
hahahahaha
fdps!
cara, so merda mesmo...
sei la mais ainda acho que a nossa musica e mais rica.
Sem dúvidas o melhor post já escrito por aqui, não esqueçamos que hoje os jovens não tem pelo que lutar, ou ideais fixos, vivemos num mundo globalizado e interligado, aonde se jogam palavras tolas e vazias via twitter ou facebook, não mais em protestos de ruivas raivosos e verdadeiros.
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